Lactalis na berlinda após a compra de fatia da Parmalat

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Disputa: Francesa contra-ataca e crítica mudança de regras no meio do jogo

 

A fabricante francesa de laticínios Lactalis vem buscando defender-se das críticas políticas e populistas depois de adquirir uma participação de 29% no capital do grupo italiano Parmalat.

 

Antonio Sala, presidente do conselho da Lactalis na Itália e vice-gerente-geral do grupo Lactalis, disse que a Itália não pode "mudar as regras no meio do jogo", acrescentando temer o impacto nos investimentos externos decorrentes das medidas do governo italiano para proteger empresas consideradas estratégicas. "Tenho orgulho de ser italiano, mas é constrangedor o efeito que isso terá nos investidores estrangeiros", disse Sala.

 

Sala, que fala em nome da família Besnier, dona da Lactalis, fez os comentários depois que a Parmalat convocou reunião do conselho de administração para 1º de abril para discutir se adia a assembleia de acionistas até o fim de junho.

 

O governo apresentou a possibilidade de adiamento na semana passada, como parte de uma série de reformas voltadas para proteger empresas italianas de aquisições indesejadas.

 

A lei pretende copiar as regras francesas, formuladas em 2005 - quando a Danone virou alvo de interesse da PepsiCo - para definir certos setores, como os de alimentos, militar, telecomunicações e energia, como "estratégicos".

 

O adiamento da assembleia da Parmalat, que estava marcada para 12 de abril, para até o fim de junho daria aos investidores italianos mais tempo para apresentar uma contraoferta pela Parmalat.

 

O Intesa Sanpaolo, maior banco de varejo italiano, tem dito que apoiaria uma "solução italiana" para a maior empresa de laticínios do país. A fabricante de chocolates Ferrero afirma que consideraria uma aliança com a Parmalat, sob certas condições. Representantes da Lactalis e da Ferrero se reuniram brevemente na semana passada, mas não houve avanço nas discussões, segundo duas fontes a par das conversas.

 

Sala considerava, antes de a data da reunião do conselho ser marcada, improvável que Parmalat adiasse a assembleia de acionistas até junho em meio ao receio de alguns de seus diretores com o impacto na imagem Itália para os investidores estrangeiros. A Itália tem um dos menores volumes de investimentos externos diretos na Europa. Estudos independentes frequentemente mostram que o receio de ausência de regras iguais para todos é um dos motivos pelos quais os estrangeiros decidem investir em outros países.

 

Sala, que administra as operações italianas da Lactalis - inclui a fabricante de queijos Galbani, dona da marca Bel Paese - também disse que duvidava do surgimento de investidores italianos com uma contraoferta, tendo em vista que não conseguiram apresentar nenhuma proposta pela Parmalat nos últimos cinco anos.

 

Qualquer oferta de compra da Parmalat, cujo valor de mercado gira em torno a € 4,2 bilhões, teria de ser superior a € 5 bilhões, valor considerado alto por analistas e um obstáculo a qualquer acordo.

 

Uma das acusações contra a Lactalis na Itália é que não estaria entrando com o "prêmio" pago normalmente em aquisições, mesmo ganhando o controle do conselho com sua participação de 29%. Sala disse que a alta superior a 10% nas ações da Parmalat, impulsionada pelas expectativas de uma disputa pelo controle da empresa já é um benefício aos minoritários.

 

O executivo negou que a Lactalis pretenda "atacar" o caixa de € 1,4 bilhão da Parmalat, obtido a partir dos processos que Enrico Bondi, executivo-chefe do grupo italiano, ganhou contra bancos de investimento como parte da reestruturação da empresa, após a fraude de € 14 bilhões que quase quebrou a empresa em 2003.

 

Sala disse que o caixa seria "usado apenas para o desenvolvimento" da Parmalat. A Lactalis pretende manter a sede da Parmalat na Itália e expandir sua distribuição em mais países, dentro da mesma estratégia da empresa francesa para a Galbani

 


Veículo: Valor Econômico


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