Empresa de BH optou por expandir a rede para fora de MG e hoje possui apenas uma loja na Capital.
A Pão & Companhia, padaria tradicional da capital mineira, perdeu expressividade no mercado mineiro. A empresa, que já gerenciou cinco lojas em Belo Horizonte, uma própria e as demais franqueadas, hoje resume as operações no Estado em uma unidade no bairro Anchieta, na região Centro-Sul. Somente esse ponto fatura, por ano, mais de R$ 1 milhão e cresce, em média, 30% a cada 12 meses.
Mas se por aqui os negócios "diminuíram", fora de Minas Gerais andam aquecidos. Atualmente, são 25 lojas em 10 estados brasileiros. Uma conta fácil: se a loja de Belo Horizonte, própria, vende mais de R$ 1 milhão por ano e as demais, tão rentáveis quanto ela, faturam perto desse valor, a rede tem movimentado cerca de R$ 25 milhões a cada 12 meses.
De acordo com o sócio e gerente da Pão & Companhia, Heitor Valadão, fatores diversos fizeram com que a maioria das filiais de Belo Horizonte, onde o negócio nasceu, fechasse as portas. Segundo ele, a primeira loja, no São Pedro, região Centro-Sul da Capital, acabou por problemas de estacionamento. Outros exemplos citados foram os pontos do Diamond Mall (Centro-Sul) e do Mercado Central (centro), gerenciados pelo mesmo franqueado.
Valadão disse que o supermercado Verdemar exigiu exclusividade ao se instalar no Diamond Mall, o que acarretou no fim das operações da Pão & Companhia no shopping. "Com isso, o franqueado preferiu acabar também com a loja do Mercado Central e abrir novas unidades no Rio de Janeiro", explicou.
Contudo, o interesse da Pão & Companhia em alçar voos para novos mercados começou muito antes, quando foi delineado o sistema de franquias da rede no início dos anos 90. O modelo de negócios permitiu à empresa chegar a capitais como Manaus (Amazonas), Goiânia (Goiás) e Natal (Rio Grande do Norte). Municípios do interior também foram atingidos. o caso de Crato (Ceará), Dourados (Mato Grosso do Sul) e Vila Velha (Espírito Santo).
Expansão - Atualmente, são 25 lojas da marca em 10 estados brasileiros, sendo que apenas o ponto de Belo Horizonte é próprio. Conforme o sócio e gerente, que é filho do fundador da rede, Hélio Valadão, falecido em 2007, um plano delineado por seu pai antes de morrer, de certa forma, exclui Belo Horizonte da estratégia de expansão. "Foi resolvido que seria melhor não arriscarmos a operação com novos franqueados. A ideia, desde então, é abrir lojas com quem já é parceiro."
E assim foi feito. Somente em Manaus são seis lojas, todas do mesmo dono. A única abertura de filial prevista para 2011, inclusive, pertencerá ao mesmo empresário amazonense.
Para o herdeiro da rede, concentrar os pontos de venda nas mãos de pessoas que conhecem a fundo o negócio é uma maneira de manter o equilíbrio. Além disso, mais lojas sendo administradas pelo mesmo gestor possibilita a criação de centrais de produção, que concentram a fabricação e distribuição de produtos.
Embora o rumo adotado pela empresa a tenha afastado de sua cidade de origem, Valadão ainda estuda propostas de possíveis franqueados do Estado, porém, com excesso de cautela.
Estratégia - A mudança de postura da Pão & Companhia, que deixou de priorizar o mercado de Minas Gerais para explorar novos lugares, não foi a única transformação da empresa. Valadão lembra que o surgimento do Plano Real em 1994 fez o negócio familiar redesenhar suas estratégias de crescimento.
Na época, as lojas funcionavam como padaria e mercearia. A ideia era atrair com os produtos terceirizados consumidores aterrorizados com a inflação. Porém, a nova moeda trouxe estabilidade para os valores praticados e os gestores da Pão & Companhia viram que a verdadeira margem de lucro se encontrava na produção própria.
Com isso, a mercearia deu lugar à cafeteria que hoje é parte das operações da companhia. A independência dos supermercados hoje é tamanha que, de acordo com Valadão, a empresa opta por instalar suas lojas perto de estabelecimentos desse ramo.
Resultados - Atualmente, somente a loja de Belo Horizonte consome cerca de 6 toneladas/mês de farinha de trigo para a fabricação de um mix de 250 itens. A produção pode variar de acordo com cada região. Todas as franquias mantêm os carros-chefe da casa, mas podem alterar o cardápio devido a particularidades locais. Independente disso, todas as filiais seguem receitas e processos padronizados pela rede.
Trabalhando na empresa fundada pelo pai desde 1995, Valadão acredita que a Pão & Companhia vive hoje seu melhor momento. Além da estabilidade da economia, o negócio alcançou operações consolidadas devido ao relacionamento longo com os franqueados que, em alguns casos, ultrapassa duas décadas.
Para 2011, ele espera que os resultados da rede sejam 10% superiores ao alcançado no ano passado. A previsão de faturamento não foi revelada.
No caso da unidade de Belo Horizonte, o executivo disse que a loja já trabalha no limite da capacidade, o que impede uma margem considerável de crescimento. Desde 2004, quando passou por uma reforma, o estabelecimento apresenta expansão média de 30% ao ano. Valadão disse que a filial foi pensada para vender cerca de R$ 80 mil/mês e, há muito, superou esse valor. Ele não revelou a receita do ponto de venda.
Veículo: Diário do Comércio (MG)