O Brasil torna-se alvo dos chineses em supermercados

Leia em 4min

Depois de dominar o mercado brasileiro com as concessionárias JAC, Chana e Effa , o próximo passo dos chineses será disputar o segmento supermercadista para concorrer com nomes como Grupo Pão de Açúcar , Carrefour e Walmart, que hoje detém a liderança do setor. Prova disso, é que os asiáticos estão comprando terras brasileiras, segundo o professor de MBA Empresarial da Fundação Álvares Penteado (Faap) Mário Pascarelli Filho.

 

Ao invés de chegar no mercado nacional com a estratégia de investir em uma rede já consolidada na China, e apenas sair abrindo unidades por aqui, ainda que com o cuidado de adotar maneiras de atender ao perfil do consumidor brasileiro, parece que a ideia de empresários e executivos asiáticos é criar sinergias com o perfil do varejo local, ou seja, criar no Brasil redes novas, ainda que lideradas por investimento vindo de várias regiões da China.

Para o professor da Faap, há o cuidado entre os interessados em investir no mercado brasileiro, inclusive, de procurar regiões que não estejam ainda canibalizadas, diferentes das grandes metrópoles, que já têm a disputa pelo espaço geográfico das redes estabelecidas bastante afunilado.

 

"Eles já começaram a comprar nos lugares mais remotos do País, inclusive em cidades pequenas como Três Rios, em Minas Gerais", disse. Ele ainda afirma que, os empresários de olhos puxados chegaram recentemente na América Latina pelos países menores. "Na Argentina, por exemplo, os chineses estão comprando pequenas mercearias para montar cooperativas, e com isso, estão conseguindo enfrentar marcas como o Carrefour", como explicou o professor.

 

O especialista da Faap explica que a China quer dominar não apenas o mercado supermercadista, mas sim, o setor varejista como um todo. "Cerca de dois milhões de chineses saem do seu país para buscar novos mercados pelo mundo afora e ganhar cada vez mais poder de escala nas negociações comerciais", enfatiza o professor Pascarelli. Quem concorda com ele é o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda. "A entrada destes players no mercado é uma porta para acirrar a concorrência no mercado e impulsionar as guerras de preços", afirma Honda.

 

Parceria

 

No varejo, os chineses já entram no Brasil por meio de parceria. Um exemplo que aconteceu na semana passada, a Máquina de Vendas, gigante do varejo formada a partir da união das marcas Ricardo Eletro, Insinuante e City Lar fechar um acordo com a maior fabricante chinesa de motocicletas, a CR ZongShen. No Brasil, a montadora é dona das marcas Kasinski, CRZ E-Power e Ecomax. A partir do segundo semestre deste ano, a Máquina de Vendas vai vender motocicletas em suas lojas.

 

A empresa CR ZongShen mantém parceria também com o Magazine Luiza e oferece na rede o consórcio de motos da bandeira Kasinski. De acordo com o presidente da montadora chinesa no Brasil, Cláudio Rosa Junior, a empresa não pode fechar outra negociação com nenhuma outra varejista no País, pelo menos nos próximos dez anos. O acordo celebrado entre as duas companhias tem validade de dez anos, podendo ser renovado. O faturamento estimado com o negócio no primeiro ano será de R$ 90 milhões.

 

No ano passado o segmento supermercadista estima ter faturado cerca de R$ 201,6 bilhões, 5,5% mais do que em 2009. O número de lojas chegou a 81,1 mil (3,6% a mais que em 2009) e a área de vendas compôs 19,74 milhões de metros quadrados (2,8% a mais). As três maiores redes supermercadistas do Brasil, Pão de Açúcar, Carrefour e Walmart, responderam por 43% do faturamento do setor.

 

Idioma

 

A relação comercial entre China e Brasil vem em crescimento há mais de uma década, e as exportações brasileiras para a China, inclusive, começaram a crescer em volume significativo ano após ano, a partir de 2000. Por conta do aumento do interesse asiático no mercado brasileiro, e também o contrário, muitas pessoas têm percebido a necessidade de aumentar a capacidade de comunicação com o povo chinês, e a busca por escolas de idiomas especializadas aumenta. Em São Paulo, a novidade vem com a criação do Instituto Confúcio na Unesp, cujo site é www.institutoconfúcio.unesp.br.

 

Presente em 96 países, o Instituto Confúcio chega a São Paulo como resultado de um convênio entre a Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) e o governo da República Popular da China, em parceria com a Universidade de Hubei. A missão do Instituto Confúcio na Unesp é ensinar a língua chinesa, divulgar a cultura e a história da China e fortalecer o intercâmbio cultural e acadêmico entre o Brasil e a China.

 

Veículo: DCI


Veja também

Fibria coloca à venda Projeto Losango, com 100 mil hectares

A Fibria, empresa resultante da fusão entre Votorantim Celulose e Papel (VCP) e Aracruz e maior produtora mundial...

Veja mais
Fruticultura é tema de feira

Brasil é o terceiro maior produtor, atrás da China e Índia.   A estimativa de produç&...

Veja mais
Mudas para os africanos

Produtores de Dona Euzébia e Astolfo Dutra vão abrir empresa de exportação com foco em Angol...

Veja mais
Venda no Dia das Mães será 30% maior

Para atrair os consumidores às lojas durante a segunda melhor data em vendas do ano, o Dia das Mães, n&ati...

Veja mais
Depois da Argentina, Atacadão vai à Indonésia

Comércio: Rede deve estrear no mercado asiático no ano que vem   Loja da Argentina: país &e...

Veja mais
Bunge amplia produção

A Bunge Alimentos quer intensificar sua atuação na produção de açúcar e &aacut...

Veja mais
Preço baixo pode reduzir plantio nacional de trigo

Desanimados com os preços baixos do trigo, os produtores devem, mais uma vez, reduzir a área plantada com ...

Veja mais
Leite de caixinha vai a R$ 2,18 em supermercados de Ribeirão

Valor médio do longa vida deve subir ainda mais nos próximos meses, segundo estudo da Scot O leite est&aa...

Veja mais
Com aumento da procura, pequenas redes de supermercados expandem filiais no Vale

Estratégia dos pequenos é atender clientes com atenção diferenciada   Estar pró...

Veja mais