Kraft Foods abre fábrica no Nordeste e amplia investimentos no Brasil

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Empresa vai investir US$ 200 milhões no País até o ano que vem - o maior valor em mais de uma década; valor inclui os US$ 80 milhões aportados na fábrica em Vitória de Santo Antão (PE), a primeira unidade do grupo no Nordeste

 

A Kraft Foods, multinacional americana de alimentos e bebidas, anunciou ontem um plano de investimentos de US$ 200 milhões (cerca de R$ 315 milhões) para o mercado brasileiro nos próximos dois anos. O valor inclui os US$ 80 milhões aplicados na nova fábrica de Vitória de Santo Antão (PE), que o grupo inaugura hoje. A empresa informou que o plano bianual representa o maior volume investido no País em mais de dez anos.

 

A alta dos investimentos reflete a aposta da companhia no crescimento do consumo nas regiões Norte e Nordeste. A unidade de Vitória de Santo Antão será a primeira da empresa fora do eixo Paraná-São Paulo - hoje, a companhia tem três fábricas em Curitiba e mais duas nas cidades paulistas de Piracicaba e Bauru. A nova unidade, que vai produzir chocolates da Lacta - incluindo o Bis - e os sucos em pó Fresh e Tang já nasce com a promessa de expansão para abrir uma linha de biscoitos a partir de 2012.

 

Atualmente, a gigante americana atua no Brasil com 35 marcas e contabiliza faturamento de US$ 2 bilhões ao ano. O número de empregados chega a 10 mil - a nova unidade em Pernambuco vai empregar mais 600 pessoas; outros 200 deverão ser contratados no ano que vem, para a operação de biscoitos. "O Brasil é um dos dez mercados que mais crescem no mundo, onde fazemos grandes apostas", disse, em comunicado, o presidente da unidade de países em desenvolvimento da Kraft, Sanjay Khosla.

 

Atraso. Apesar de a companhia destacar os mercados do Nordeste e do Norte do País como prioritários em seus planos, os investimentos da Kraft com foco nessas regiões estão atrasados em relação à concorrência. Uma de suas principais rivais, a suíça Nestlé, criou um projeto de regionalização em 2003. No ano seguinte, abriu uma diretoria específica para o Nordeste - hoje, todas as iniciativas de marketing e vendas para a região são desenvolvidas no escritório de Feira de Santana (BA), onde a empresa também tem uma fábrica.

 

A unidade produtiva na Bahia, que consumiu investimentos de R$ 150 milhões e foi inaugurada há quatro anos, reflete a estratégia da Nestlé de encontrar soluções regionais: além de reformular embalagens e adicionar vitaminas às fórmulas do produto, a companhia desenvolveu o sistema de vendas porta a porta e passou a comercializar seus produtos nos supermercados flutuantes da Amazônia. "É uma estratégia completa, que descarta tudo o que a empresa aplicava em sua operação no Sudeste", diz Renato Meirelles, sócio-diretor do Instituto Data Popular.

 

Para Meirelles, a Kraft terá de fazer mais do que abrir fábricas para realmente ganhar relevância no Nordeste. "É preciso pensar em cadeia de distribuição e no desenvolvimento do produto. A mudança da embalagem do (bombom) Sonho de Valsa, que veda o produto, é uma sinal de preocupação com as regiões mais quentes", exemplifica o especialista.

 

O sócio-diretor do Data Popular afirma que as possibilidades de expansão para o setor de bens de consumo no Norte e no Nordeste são amplas: ele lembra que o processo de ascensão da população da classe D para a classe C ainda está em marcha. "No Sul, 56% da população já estão na classe C. No Nordeste, o índice ainda é de 38%", compara.

 

Meirelles lembra que, mesmo ancorado por um consumidor de renda mais baixa, o mercado nordestino hoje representa mais do que as vendas de toda a Argentina para muitas multinacionais. Entretanto, o consumidor ainda está na fase de testar certos produtos. "No Nordeste, o consumidor precisa experimentar por um preço mais baixo para entender melhor a relação custo-benefício", explica.

 

PARA LEMBRAR

 

Kraft reforçou linha com a Cadbury

 

Com a compra da tradicional fabricante britânica Cadbury, uma companhia independente com quase 200 anos de história, a Kraft Foods reforçou sua linha no segmento de doces ao redor do mundo - e também no Brasil. A aquisição mundial, que saiu por quase US$ 20 bilhões em janeiro do ano passado, trouxe para o portfólio da gigante americana produtos como Halls, Chiclets, Trident e Buballoo, entre outros. A empresa ainda ficou com a carta na manga para vender no País os chocolates da marca Cadbury. O acordo, fruto de uma longa negociação, só saiu depois que a Kraft ganhou a disputa de ofertas com a também americana Hershey"s.



Veículo: O Estado de São Paulo


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