O Magazine Luiza iniciou ontem a negociação de suas ações no Novo Mercado da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F Bovespa). No primeiro dia, os papéis sob o código MGLU3 encerraram com valorização de 2,81%, negociadas a R$ 16,45. O preço por ação saiu no piso pretendido pela companhia, que era entre R$ 16,00 e R$ 21,00.
Em relação ao baixo volume financeiro nas ofertas iniciais de ações (IPO, na sigla em inglês) conquistado em 2011, Edemir Pinto, diretor presidente da BM&F Bovespa, afirmou mais uma vez que este começo de ano está sendo frustrante. "O volume está saindo muito abaixo do que esperávamos, mas ainda mantenho a expectativa para este ano que é de encerrar próximos dos R$ 55 bilhões, entre IPO e follow on", disse o presidente da Bolsa.
"Hoje, o Magazine Luiza tem a mesma importância que o Mappin tinha para os brasileiros. Para a Bolsa, tem a mesma importância que a Natura na época de seu IPO, em 2005, quando ingressou diretamente no Novo Mercado. A Magazine Luiza listou suas ações apenas no Brasil, mostrando o respeito que tem pelo nosso mercado", acrescentou Edemir.
O evento contou com a participação de Pedro Moreira Salles, presidente do conselho de administração do Itaú Unibanco. "O Magazine Luiza é uma empresa que nasceu no interior de São Paulo (Franca) e está aqui hoje para mostrar a sua grandeza e o sucesso na forma de administrar os negócios", disse Salles, que esteve presente porque o Itaú Unibanco é sócio da LuizaCred, financeira do Magazine Luiza.
O principal executivo da Bolsa voltou a falar sobre o papel das empresas do setor de consumo para o mercado brasileiro de o de capitais. "Sempre digo que este setor é a mola propulsora da economia brasileira. É a menina dos olhos para nós. Acontecimentos como a elevação da renda da população tem ajudado para o crescimento setorial", disse Edemir.
Salles também se mostrou muito otimista com o consumo brasileiro. "Este é um setor que deve crescer muito em 2011, por isso temos visto uma elevação muito grande na demanda por crédito", disse o presidente do conselho do Itaú Unibanco, afirmando ainda que a entrada do Magazine Luiza na Bolsa mostra bem o potencial do setor.
Em seu IPO, o Magazine Luiza captou R$ 925,785 milhões. Ao contrário da maior parte das aberturas de capital realizadas neste ano, a empresa não teve dificuldades para viabilizar a oferta, que contou com uma demanda pelo menos 50% maior que a oferta. Os recursos captados serão utilizados para investir em abertura e reforma de lojas e aquisições de empresas do setor de varejo e de comércio eletrônico.
O Magazine Luiza chega à Bolsa, elevando para 175 o número de empresas presentes nos níveis diferenciados de governança corporativa, dos quais 119 no Novo Mercado, 17 no Nível 2 e 39 no Nível 1.
Novos índices
A partir de ontem, a BM&F Bovespa iniciou o cálculo e a divulgação de quatro novos índices: Índice Brasil Amplo (IBrA), Índice Dividendos (IDIV), Índice Materiais Básicos (IMAT) e Índice Utilidade Pública (UTIL). Os novos indicadores contribuem para que os investidores diversifiquem suas estratégias de investimento, além de possibilitar a criação de fundos de índices (ETFs).
O Índice Brasil Amplo estreia com 153 ações e permitirá uma visualização mais abrangente do mercado acionário no Brasil. Engloba todas as ações das empresas listadas na Bolsa que atendam aos critérios mínimos de liquidez, como a inclusão numa lista cujos índices de negociabilidade somados representem 99% dos totais de negócios e de volume financeiro registrados e participação em pregão igual ou superior a 95% no período de doze meses anterior ao cálculo do indicador.
No dia em que foi feito o primeiro anúncio da criação dos novos índices, Júlio Ziegelmann, diretor de Renda Variável da BM&F Bovespa, havia dito que Índice Brasil Amplo seria um retrato fiel do que é o mercado acionário brasileiro. "Será o indicador que melhor vai representar o que é a bolsa brasileira", afirmou o executivo da Bolsa. O novo indicador terá 160 ações em sua composição, enquanto o Ibovespa, principal índice da BM&F Bovespa tem hoje 69 papéis.
O Índice Dividendos mede o comportamento das ações das empresas que apresentaram os maiores retornos aos seus acionistas em termos de dividendos e juros sobre o capital (dividend yields) nos últimos 24 meses anteriores à seleção da carteira.
O Índice Materiais Básicos é composto pelas ações mais representativas dos setores de embalagens, madeira e papel, materiais diversos, mineração, químicos, siderurgia e metalurgia. Já o Índice Utilidade Pública reflete o comportamento das ações das empresas mais representativas do setor de utilidade pública, que inclui energia elétrica, água e saneamento e gás.
Os quatro novos indicadores terão suas carteiras teóricas reavaliadas a cada quatro meses, da mesma forma que os demais índices da BM&F Bovespa.
Veículo: DCI