Vai longe o tempo em que levar cargas pelas rodovias Brasil afora resumia-se ao trabalho isolado de um motorista guiando um velho caminhão. A Transportadora Americana (TA), sediada na cidade homônima do interior de São Paulo, teve receita de R$ 210 milhões em 2010 (20% superior à de 2009) e espera faturar neste ano R$ 250 milhões (mais 20%). A estratégia é usar ao máximo a tecnologia moderna para expandir-se, aliada a uma administração focada em eficiência e redução de custos. Foi o que a levou a ser, no ano passado, a primeira empresa do Brasil a emitir um Conhecimento de Transporte Eletrônico (CT-e) - o qual foi lançado pelo Ministério da Fazenda para substituir a papelada até aqui usada sempre que uma carga é expedida via caminhão.
A economia da TA ao aderir à novidade bate em R$ 50 mil ao mês. Atualmente, 95% das operações da empresa já se dão com o uso deste documento digital. A TA é a maior emissora de CT-es do País. Outros R$ 800 mil foram poupados até abril deste ano com uma ação inédita da empresa: a terceirização da gestão dos pneus de sua frota, entregue pela Transportadora Americana à DPaschoal - a qual se responsabiliza pelas trocas, calibragens, alinhamentos e tudo o mais que os caminhões da companhia exigem. Resultado: queda de 26% nas despesas com a compra de pneus novos e de 2% no consumo de combustível, além da elevação de 14% na quantidade de pneus reaproveitados.
Holding
Fundada em 1941, a Holding TA é controlada em partes iguais pelos Luchiari e pelos Panzan, duas famílias tradicionais da cidade de Americana. A companhia conta com infraestrutura própria nas regiões Sul e Sudeste do País. Desde 2002, a holding mantém um acordo comercial com a FedEx que lhe dá acesso à rede mundial de transportes da empresa dos EUA. Integram a organização a TALog (operadora de logística), a TAExpress (envio de encomendas expressas pelo ar, terra ou mar), a Wind Express (serviço especializado no transporte de encomendas emergenciais, como perecíveis), a TABens (voltada ao setor imobiliário) e a Universidade do Transporte, a primeira universidade corporativa do setor, segundo a empresa.
Seu foco são fregueses com necessidades específicas. "Hoje, o cliente não quer saber só se a mercadoria foi entregue; quer saber como e quando isto aconteceu, em quais condições, quem assinou o recibo... e quer saber disto tudo imediatamente", observa Celso Luchiari, diretor presidente da companhia. "Nosso diferencial é fornecer tais dados melhor que qualquer outra empresa."
Só se consegue disponibilizar tudo isto, e ainda fazer dinheiro, optando por sofisticação tecnológica e gestão arrojada. "Em 2011, investimos muito na frota, em equipamentos e melhorias nos armazéns, e em sistemas de informação ao cliente, como a rastreabilidade de mercadorias", detalha Luchiari. E investiram, também, na abertura de novas unidades.
Do final de 2009 até o início deste ano, a holding afirma já ter inaugurado 7 filiais: duas no Rio Grande do Sul (Caxias do Sul e Lajeado), três em Santa Catarina (Blumenau, Criciúma e Itajaí) e duas em São Paulo (São Carlos e Sorocaba). Hoje, a TA possui 28 filiais, distribuídas no Sul e Sudeste, e está analisando a abertura de outras 7 nos Estados do Paraná, Espírito Santo, Rio de Janeiro e Minas Gerais até o final deste ano.
Concentração
Luchiari crê que o transporte de cargas no Brasil é e será, cada vez mais, um jogo de gente grande. "A tendência do setor é a concentração. As pequenas transportadoras, se não fecharem, acabarão como prestadoras de serviços para as maiores." Embora o modal rodoviário ainda detenha a maior parcela da atividade no País - cerca de 60% -, sua participação vem caindo, enquanto trens e navios ampliam sua fatia deste bolo.
Como se trata de um modal mais poluente e dispendioso que a maioria (se não a totalidade) dos demais, ou as companhias de transporte rodoviário se modernizam ou não terão mais como competir. "Mas temos de lembrar que a tradição rodoviária no Brasil é antiga e bem estabelecida. E, em função da topografia acidentada de várias regiões do País, em muitos casos o transporte de cargas via caminhões sempre será o mais indicado", pondera Richard Freire Barros, mestre em Engenharia de Produção e Logística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
Uma das últimas ações da TA foi a abertura de um Centro de Distribuição em Recife (PE), ao custo de R$ 2,5 milhões. Criado pela TALog, o CD opera em um espaço de quase 12 mil m² ao lado do aeroporto de Guararapes. Armazena e distribui produtos químicos, eletroeletrônicos e alimentos. "A inauguração de mais este CD reforçou nossa aposta no setor e é uma garantia da oferta de serviços cada vez mais qualificados ao mercado", finaliza Maurício Gomes, diretor da TALog.
Veículo: DCI