A chuva e a ventania que transtornaram a cidade de São Paulo na terça-feira são episódios da crescente relação de problemas que caracterizam a logística de distribuição de produtos paulistana e que está levando transportadoras, indústrias e redes varejistas a sofisticarem seus métodos de trabalho. A Magazine Luiza, por exemplo, passará a ter, nos próximos dias, um novo centro de distribuição de 15 mil m² em Guarulhos para poder aperfeiçoar o processo de 2,5 mil a 3 mil entregas diárias que faz em São Paulo, sem contar o e-commerce.
"Precisamos de mais visibilidade do que acontece na rua" disse o diretor de logística da rede, Fernando Gasparini. "Não importa se foi a chuva ou se foi a ponte que ficou interditada, eu preciso saber em tempo real que entregas não chegaram no horário previsto – 2% ou 3% dos casos."
Menos pelo tamanho e mais pelos programas e softwares de acompanhamento de entrega, o novo centro logístico da empresa é um alto investimento, cujas cifras o diretor não revela pelas restrições do período de IPO (lançamento inicial de ações) da empresa. O remanejamento de distribuição dos produtos do Magazine Luiza para lojas e para clientes finais inclui sistemas complexos de separação de mercadorias. A empresa se encarregará inclusive da indicação de roteiros para as transportadoras contratadas, um item que sempre fica a cargo de quem opera a entrega. A meta é reduzir o tempo de entrega ao cliente para o máximo de 24 horas.
"Estamos estudando ter mais opções de centros de distribuição avançados em São Paulo" afirmou diretor de Operações Logísticas do Grupo Pão de Açúcar, Sergio Biagioli, abordando o tema "Desafios da Distribuição Urbana" na 15ª Conferência Nacional Logística, que terminou ontem em São Paulo. É uma medida que a empresa quer adotar para minimizar seus problemas de distribuição na cidade.
Essas dificuldades, segundo Biagioli, crescem com as restrições de trânsito, os obstáculos da entrega noturna, as intempéries e o aumento na dispersão geográfica das entregas. Outra solução anunciada pelo executivo foi a utilização de parte das áreas de hipermercados das diversas marcas do grupo, algumas com até 18 mil m², como pátio de manobras. "Em qualquer lugar que o caminhão para hoje, ele incomoda. Falta área para operação logística nos grandes centros. Temos que achar opções fora das zonas centrais, mas perto dos limites da cidade."
Os custos da entrega de mercadorias são crescentes em São Paulo e outros centros como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e Porto Alegre, avaliou o gerente de projetos do Expresso Jundiai, José Fernando Daruíche, lembrando que aumentam as restrições para caminhões em todas as grandes cidades.
A empresa, que já tem uma filial em São Paulo, está abrindo mais uma, de 17 mil m², na Vila Jaguaré, na zona oeste. Entre os novos custos estão o investimento em frotas de vans, cada vez maiores. "O custo crescente vai ter que ser dividido com embarcadores, transportadoras e clientes", disse.
Veículo: Diário do Comércio - SP