Para a iniciativa privada, a competitividade das empresas nacionais é prejudicada, principalmente, pela precariedade da infraestrutura logística para o escoamento da produção interna, conforme apontou pesquisa da Câmara Americana de Comércio (Amcham) realizada junto a empresários representantes de pequenos, médios e grandes negócios com atuação em todo o país.
O levantamento, que escutou representantes da indústria, comércio, serviços, tecnologia, finanças e logística, entre outros, também indicou gargalos para uma maior participação da iniciativa privada nos projetos de infraestrutura, o que poderia, conforme os entrevistados, ser uma forma de agilizar e melhorar a eficiência das rodovias, aeroportos, portos e ferrovias nacionais.
O grau de insatisfação com as rodovias públicas federais ficou em 95% e com a malha estadual em 84%, Em compensação, apenas 18% dos entrevistados estão insatisfeitos com rodovias administradas pela iniciativa privada. Em relação aos aeroportos, ferrovias e portos, 75%, 55% e 36% dos empresários, respectivamente, estão insatisfeitos com os serviços.
A pesquisa também apontou uma forte dependência da malha rodoviária, tendo em vista que mais da metade dos entrevistados (53%) considera os investimentos em melhorias das rodovias como prioritários. Em seguida, aparecem os aportes em ferrovias, com 25%, e, finalmente, os aeroportos, com 22%.
De acordo com o estudo, 80% dos empresários consideram os planos de aportes em infraestrutura de alto impacto para os próximos anos. Levando-se em consideração que grande parte dos projetos da Copa do Mundo de 2014 incluem inversões em mobilidade urbana e infraestrutura, outros 83% consideram as inversões de grande impacto na economia nacional.
Dos entrevistados, a maioria apontou problemas nas questões envolvidas nos projetos de infraestrutura para os próximos anos. O ranking de insatisfação foi liderado pela burocracia, com 65%, seguido de problemas com divulgação e clareza do edital, ambos com 53%, e processo licitatório, com 48% dos empresários insatisfeitos.
Na visão dos empresários ouvidos na pesquisa da Amcham, o principal entrave para a ampliação da participação da iniciativa privada nos projetos de infraestruturaé a burocracia do processo licitatório, com 75%. Depois aparece a falta de transparência da licitação (48%), insegurança jurídica relacionada a liminares e meio ambiente (45%) e 43% apontam problemas na divulgação dos planos para o empresariado.
Conforme a pesquisa, 43% dos empresários sugeriram a clareza dos objetivos e dos planos como forma primordial para aumentar a participação da iniciativa privada nos projetos de infraestrutura. Outros 18% indicaram a diminuição da burocracia e 18% maior divulgação.
Mão de obra - Outro ponto que prejudica a competitividade das empresas brasileiras é a carência de recursos humanos capacitados. Em todos os níves, ou seja, mão de obra especializada, geral, superior e técnica, 38%, 45%, 55% e 58%, respectivamente, dos empresários apontaram escassez.
O levantamento também provou que a iniciativa privada continua considerando a carga tributária prejudicial à competitividade. Dentre uma lista de ações governamentais que os empresários consideram prioritárias, a redução dos impostos ficou em primeiro lugar,com 65%, e a reforma tributária em seguida, com 58%. Em terceiro no ranking ficou a reforma trabalhista e depois a dminuição do custeio da máquina pública, com 18%.
O presidente do Conselho Regional da Amcham em Belo Horizonte, Marcos Sant’Anna, considera que todos estes fatores negativos impedem o país de ampliar a competitividade no cenário mundial. "Todos os atores, incluindo, governo e iniciativa privada, debem agir juntos para sanar estes gargalos, principalmente em relação à infraestrutura e mão de obra", afirma.
Veículo: Diário do Comércio - MG