Grande parte de produtores de leite não recebeu treinamento adequado .
O Ministério da Agricultura decidiu adiar em seis meses a cobrança de novos padrões para a contagem da presença de células somáticas e de bactérias no leite, estabelecidos pela Instrução Normativa 51 (IN 51). As regras mais restritivas começariam a vigorar hoje. O Ministério, porém, editará uma nova IN a ser publicada no "Diário Oficial da União" de hoje dando mais prazo a toda a cadeia produtiva do leite para que, durante o segundo semestre, discuta e estabeleça os padrões de qualidade do produto que passarão a vigorar em 2012.
Essa decisão envolve apenas a produção de leite do Sul, Sudeste e Centro-Oeste. "Haverá um adiamento dos parâmetros atuais até 31 de dezembro", disse o diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), Luiz Carlos de Oliveira.
Segundo o diretor, permanecerá valendo a exigência de presença máxima de 750 mil unidades de células somáticas por m/l e também de 750 mil unidades na contagem bacteriana total, sem mudança alguma em relação ao que está em vigor hoje. Se não houvesse o adiamento, a partir de hoje, seria exigida uma contagem, no máximo, de 400 mil unidades de células somáticas por m/l e 100 mil unidades na contagem bacteriana, ou seja, uma regra bem mais restritiva.
Oliveira explica que o adiamento foi definido pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, e levou em consideração que integrantes de vários elos da cadeia leiteira não conseguiriam atender às exigências nesse prazo que começaria hoje. Ele lembrou que parte de produtores de leite não recebeu treinamento adequado e também não tem ainda acesso à estrutura apropriada de refrigeração do leite.
"Também ainda não há pagamento adicional pela indústria por essa qualidade", comentou. Além disso, Oliveira ressaltou que é preciso ampliar a rede brasileira de laboratórios (hoje com oito unidades) e harmonizar parâmetros técnicos. Essa rede é formada por laboratórios privados e já há novos laboratórios interessados em integrar o sistema.
Nesses seis meses adicionais, um grupo de trabalho com representantes do setor privado e público, incluindo organismos de pesquisa, como a Embrapa, discutirá os parâmetros que serão exigidos a partir do ano que vem. "Os novos parâmetros vão refletir a realidade", disse o diretor.
Ele esclareceu que a IN 51, que trata da qualidade do leite, continua valendo e que a única alteração é a mudança dos prazos para a vigência das regras relacionadas à contagem das células somáticas e de bactérias no leite. (Mais informações na pág. 17)
Veículo: Diário do Comércio - MG