Governo vê fracasso em fusão no varejo

Leia em 2min 30s

Entendimento é que, sem acordo entre sócios, dificilmente vai prosperar proposta de união Pão de Açúcar-Carrefour

 

Casino entra com novo pedido de arbitragem; Abilio marca reunião com franceses para o dia 2 de agosto

 

O governo considera que dificilmente vai prosperar a proposta de fusão entre o Pão de Açúcar e as operações brasileiras do Carrefour. O motivo é que o Casino, sócio francês de Abilio Diniz no comando da rede, não abre mão de exercer o controle pelo qual pagou caro seis anos atrás.

 

Pela primeira vez desde o início da crise, o presidente do conselho do Casino, Jean-Charles Naouri, veio ao Brasil falar com autoridades do governo Dilma Rousseff.
Ao presidente do BNDES, Luciano Coutinho, Naouri deixou claro que não aceita negociar a fusão com Abilio. Naouri insistiu em que o governo brasileiro não pode apoiar um ato que considera ilegal, vai contra o Estado de Direito e fere os princípios da ética comercial.

 

Coutinho repetiu a Naouri que só aprovará a participação do BNDES se houver "entendimento" entre os sócios. Diante da repercussão negativa da ajuda do BNDES à fusão, o Planalto havia orientado Coutinho a não assumir nem "protagonismo" nem "papel de intermediador" entre Abilio e Naouri.

 

Para impedir o negócio, o Casino montou uma ofensiva para pressionar o BNDES a retirar o apoio à fusão. A estratégia era "terceirizar" para o governo o "não" que deixaria o Casino em situação desconfortável com o mercado de capitais, que vê uma oportunidade única e é favorável à fusão.

 

Naouri pode ser questionado por acionistas minoritários por ter agido contra o interesse empresarial do Casino. Coutinho considera a fusão um "bom negócio" e ainda vê espaço para negociação devido ao apoio do mercado.

 

Com trânsito entre socialistas franceses (Naouri foi do governo Mitterrand), o presidente do Casino partilha visões comuns sobre a regulação dos mercados de capitais com Coutinho e outros integrantes do governo.
A reunião com Coutinho foi considerada amistosa por interlocutores do Casino.

 

WILKES

 

Após a reunião, Abilio informou que convocou para 2 de agosto o conselho da Wilkes -holding que representa a parceria entre ele e o Casino- para discutir a fusão. Havia uma semana que o Casino pedia a reunião.

 

Ontem, o Casino deu entrada a segundo pedido de arbitragem, procedimento privado de resolução de conflitos e controvérsia fora da Justiça. O processo é contra a empresa Pão de Açúcar (o primeiro é contra Abilio por descumprir acordo de acionista) e visa impedir que os executivos se "engajem" na fusão e cedam dados sigilosos ao Carrefour sem aprovação.

 

O varejista alertou o concorrente Carrefour, cujo conselho de administração aprovou no domingo a fusão, para o fato de que a proposta decorre de ambiente controverso e sem segurança jurídica.

 

Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Cosan Alimentos planeja diversificar sua atuação

Empresa quer reduzir de 100% para 40%, num período de quatro anos, a participação do aç&uacu...

Veja mais
Hypermarcas mais longe das origens

A fabricante de bens de consumo Hypermarcas, presidida por Cláudio Bergamo, anunciou que estuda se desfazer das u...

Veja mais
Selo de certificação

Desde 1º de julho, cerca de 90 tipos de eletrodomésticos – incluindo aspiradores de pó, ferros ...

Veja mais
A corrida das marcas

Maratonas e circuitos de rua movimentam R$ 3 bilhões por ano no Brasil e se transformam em palco de competi&ccedi...

Veja mais
A batalha mais difícil de Abilio

O dono do Pão de Açúcar nunca perdeu uma grande briga. Agora, luta contra o sócio franc&ecir...

Veja mais
Embrapa recomenda duas novas opções de citros

O limão meyer e o pomelo flame já são desenvolvidos no exterior e serão introduzidos no Rio ...

Veja mais
Pequeno varejista tem dificuldade de acesso a banco de fomento

Supermercados de menor porte também preveem mais dificuldade para negociar preços com fornecedores  ...

Veja mais
Brasil Foods propõe agora vender cadeias completas

Objetivo da empresa é evitar o veto do Cade à fusão entre Sadia e Perdigão   Congelad...

Veja mais
Walmart será um mero coadjuvante nessa peça?

Se o Walmart for coadjuvante, o resultado tende a não ser bom para consumo e consumidores. Caso contrário,...

Veja mais