Frio ajuda a aumentar vendas neste ano

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Inverno: Preço médio de aquecedor a óleo caiu 10% e Mondial faturou 53% mais nos últimos dois meses

 

Valquírio Cabral Jr, diretor comercial da Lupo: "Se tivesse mercadoria, venderíamos 40% mais do que em 2010"Os paulistanos estão sentindo muito frio neste inverno. Na terça-feira da semana passada, a temperatura chegou a 6,1°C na cidade, a mais baixa em oito anos. Mais ao Sul, em Florianópolis, os termômetros registraram 2,7°C naquela madrugada, recorde de baixa de dez anos. Ontem, o frio voltou a castigar as duas capitais e a previsão para os próximos dias continua a indicar baixas temperaturas. O ar gelado tem empurrado o consumidor para as compras. Varejo e indústria registram aumentos expressivos de vendas, entre 20% e 65% em relação ao inverno de 2010.

 

Além de itens pessoais como cobertores, roupas e calçados, aquecedores portáteis estão atraindo mais compradores neste ano. A fabricante Mondial vendeu 53% mais aquecedores a óleo nos últimos dois meses sobre o mesmo intervalo de 2010. O modelo a ar cresceu 40%. No Walmart, a procura por aquecedores começou a acelerar na segunda quinzena de maio. O plano de aumento de 30% foi atingido em junho, e a empresa espera mantê-lo este mês.

 

Nos hipermercados Extra, do Grupo Pão de Açúcar, o crescimento é de 50%. "A previsão é fechar o inverno com até 60% a mais do que no ano passado", diz Alexandre Lopes, gerente comercial da rede. O aquecedor a óleo é o que tem mais saída no supermercado.

 

O diretor comercial da Mondial, Giovanni Cardoso, explica que os aparelhos a óleo demoram mais para aquecer (cerca de 20 minutos), portanto são ideais para uso durante longos períodos, para dormir, ler um livro ou ver TV. O preço, de R$ 199 em média, caiu 10% neste ano em relação a 2010.

 

Segundo Cardoso, os brasileiros estão comprando mais aquecedores não só por causa do frio intenso. "Hoje há mais ofertas, existem mais modelos, os lojistas aprenderam a trabalhar com o produto e também é grande a venda em sites", afirma.

 

Para a fabricante de meias Lupo, as vendas no inverno de 2010 foram tão boas que faltou mercadoria. Este ano, os lojistas se anteciparam e compraram todo o volume disponível: 25% a mais do que no ano passado.

 

Mesmo assim, algumas lojas já estão com falta de estoque, principalmente meia-calça, de acordo com Valquírio Cabral Júnior, diretor comercial da Lupo. "Se tivesse mercadoria, venderíamos 40% mais do que em 2010", diz. Para 2012, o plano é aumentar a produção em 30%.

 

A concorrente Trifil vendeu 40% mais para os lojistas neste ano, mas o varejo não acompanhou esse ritmo, segundo André Duarte, superintendente de vendas da empresa. "Espero que o frio continue para o varejo desovar esse estoque".

 

Na unidade de Campinas da loja de artigos esportivos Decathlon, as vendas no setor de montanhismo, que inclui vestuário de frio, cresceram 65% no mês passado, em relação ao mesmo período de 2010. Os campeões de vendas na loja são a camiseta do tipo "segunda pele" e a camiseta longa de malha para clima polar, que ajuda a cortar o frio.

 

Na rede de cama, mesa e banho Zelo, os consumidores compraram 35% mais cobertores nos últimos dois meses na comparação com o mesmo período do ano passado. Em 2010, o crescimento foi da ordem de 10%.

 

"Em 2010 a Copa do Mundo prejudicou o comércio, por isso o crescimento deste ano é mais sentido", diz Bárbara Valente, gerente de marketing da Zelo, que também menciona o frio mais intenso como motor de vendas. Novidade nas lojas, as mantas de microfibras ganharam o gosto do consumidor e dividem com os edredons a posição de produtos mais procurados.

 

No varejo virtual, a venda casada ajuda a impulsionar a saída de produtos de inverno. "O cliente entra no site para comprar edredom e aproveita para levar cafeteira, aparelho de fondue, aquecedor e outros produtos de inverno", afirma Roberto Rangel, diretor geral da Leader.com.br, onde as vendas cresceram 30% nesta estação.

 

No Comprafacil. com, a expansão das vendas também está em torno de 30%. Os pedidos vêm principalmente do Sul do país. Esse crescimento é verificado para aquecedores, edredons e adegas. "Observamos um aumento de pedidos de adegas pequenas, de 8 a 10 garrafas", diz o diretor de marketing do site, Leandro Siqueira.

 

Na varejista on-line de utilidades domésticas Portcasa, os cobertores mais pedidos neste inverno também são as mantas de microfibra, cujos preços variam de R$ 45 a R$ 119. De acordo com Natan Sztamfater, diretor do site, durante o inverno, o ticket médio de compras sobe de R$ 175 para R$ 200.

 

Na rede de lojas de departamento Havan, com 26 unidades em Santa Catarina e no Paraná, as vendas de artigos de frio em junho dobraram em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo Luciano Hang, presidente da empresa. As lojas, que contam com 100 mil itens no mix, tiveram destaque de vendas de edredons, cobertores e aquecedores.

 

Liquidações chegaram mais cedo

 

Neste ano, o varejo de moda iniciou as promoções de inverno mais cedo. No dia 20, a marca de calçados femininos Arezzo já oferecia descontos de até 50%. Há duas semanas alguns lojistas do shopping Ibirapuera, em São Paulo, já apresentavam algum tipo de promoção e na semana passada 20% do shopping já havia aderido.

 

"Os lojistas aproveitam as baixas temperaturas para liquidar, pois não sabem quanto o frio vai durar", diz Ricardo Portela, gerente de marketing do shopping. A expectativa do Ibirapuera é aumentar as vendas em 16% neste inverno.

 

Para a Associação Brasileira do Varejo Têxtil (ABVTEX), algumas lojas entraram com promoções não para liquidar estoques, mas como estratégia de crescimento de vendas.

 

Alexandre Sá, diretor da varejista de calçados Via Uno, diz que o mercado está cada vez mais antecipando liquidações e lançamentos de novas coleções. A rede, que registra crescimento de 20% nas vendas neste ano com a chegada do frio, já está praticando descontos de até 50%. "Várias das nossas lojas já estão com 'preview' primavera-verão em paralelo com a liquidação", diz Sá.

 

Robson Amorim, diretor comercial da indústria de confecções Lunender, de Guaramirim (SC), diz que a chegada tardia do frio dificulta as vendas da coleção de verão, que já estão em curso. Segundo Amorim, o frio mantém as vendas dos estoques dos lojistas e retarda a preocupação em abastecer os pontos de venda para a próxima estação. A Lunender tem cerca de 4 mil trabalhadores e duas fábricas em Guaramirim, no norte de Santa Catarina, com produção média de 1,9 milhão de peças por mês. (AM e JP)

 

Veículo: Valor Econômico


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