Líder do Carrefour deve seguir roteiro do Casino no Brasil

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Para reverter a queda-de-braço dos concorrentes do grupo também francês Casino com a possível união de sua marca ao Grupo Pão de Açúcar (GPA), o presidente mundial do Carrefour, Lars Olofsson, prepara-se para vir ao Brasil esta semana, para se reunir com representantes do governo, como o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), Luciano Coutinho, e o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, e reforçar a informação de que não há oferta hostil no plano de fusão. A visita de Olofsson repete a do presidente do Casino, Jean-Charles Naouri, que esteve no País na segunda-feira (5) e se encontrou com autoridades, fomentando uma reviravolta no caso da tentativa de fusão que tem sido promovida pelo empresário Abílio Diniz, com quem ainda divide o comando do GPA.

 

Para se blindar à fusão o Casino pretende antecipar-se no comando da holdingWilkes, que controla o GPA. O grupo assumiria o poder em 2012, conforme contrato, mas alega dificuldades de convivência com o sócio Diniz, depois de o empresário brasileiro ter - segundo a rede - traído a confiança dos franceses. "O acordo não prevê essa condição. Somente em junho de 2012 o Casino poderá assumir", afirmou o advogado Daniel Alves Ferreira.

 

De acordo com ele, nesta data o grupo francês terá direito a 50% mais uma das ações da Wilkes, como previsto em contrato. O Novo Pão de Açúcar, proposto por Diniz, daria 34,4% de participação ao Casino, enquanto o empresário ficaria com 16,9% da empresa, fundamentada na fusão entre o GPA e o Carrefour. O Casino participaria, inclusive, do capital de seu maior concorrente na França. Ainda assim, a companhia prefere controlar as operações brasileiras do Pão de Açúcar. Por conta disso, o presidente global do Carrefour virá ao Brasil, provavelmente para defender as vantagens econômicas que a fusão com o Pão de Açúcar traria ao País. Esta é a opinião de especialistas em varejo que têm acompanhado o caso, como o coordenador-geral do Programa de Administração do Varejo, Claudio Felisoni. "A visita transcende os limites da relação comercial e se coloca num cenário internacional, no qual o governo brasileiro está bastante envolvido", analisou.

 

"O Carrefour deve tentar sensibilizar o governo para as oportunidades que o Brasil teria com o estabelecimento do Pão de Açúcar no mercado europeu", concluiu. Procurada, a assessoria do grupo Carrefour não confirmou a vinda de Olofsson, mas também não a negou. Nesta semana, a assembleia de acionistas da companhia aprovou a união entre as operações da rede francesa e do GPA.

 

Intransigência

 

Em recente reunião com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o líder do Casino, Jean-Charles Naouri, pediu ao governo para voltar atrás do empréstimo e defendeu o direito do grupo francês de assumir o controle do GPA em 2012. Naouri também afirmou a Coutinho que o Casino é o melhor sócio que o GPA pode ter. Contra a ideia tida em defesa do empréstimo de R$ 4,5 bilhões, que seria feito pelo BNDES para viabilizar a fusão proposta por Diniz, Naouri disse que o negócio não cria um "campeão nacional" porque o controle estará nas mãos de empresas francesas.

 

Abílio, o herói

 

Filho de dono de padaria, o empresário Abílio dos Santos Diniz é considerado um herói pelo consumidor brasileiro, de acordo com o site britânico Financial Times. Apesar disso, no meio empresarial, Diniz divide opiniões ao tentar transformar o Pão de Açúcar e o Carrefour numa coisa só. A obsessão do empresário pelo poder é comentada pelo portal estrangeiro, bem como comportamentos excêntricos: Diniz montou uma academia de ginástica na sede do Pão de Açúcar, em São Paulo, e declarou que executivos acima do peso não eram bem-vindos. "Ele realmente acredita que um executivo tem de estar em forma, mental e fisicamente, para ser bom em seu trabalho", disse ao Financial Times Claudio Galeazzi, ex-executivo-chefe do Pão de Açúcar. Atualmente, Galeazzi trabalha para o BTG Pactual, fundo de investimentos que participa do projeto do Novo Pão de Açúcar, do qual teria 3,2% das ações. Outros traços de Diniz foram expostos pelo veículo britânico, com base na declaração de pessoas próximas ao empresário: "Provavelmente, [ele tem] o maior ego do mundo empresarial brasileiro".

 

Veríssimo, o relator

 

Nos departamentos do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o relator Marcos Veríssimo é quem lida com casos de fusão e aquisição que envolvem o Pão de Açúcar. Veríssimo cuida do casório da rede de supermercados com o Ponto Frio e com as Casas Bahia, cuja discussão prosseguiu ontem. Um dia depois que o GPA confirmou o interesse em fechar negócio com o Carrefour, o relator do Cade adiou o julgamento sobre o aumento da participação acionária do grupo no capital social da distribuidora Sendas, no qual cresceria de 50% para 100%.

 

Veículo: DCI


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