Comportamento: Pesquisa revela que consumidores de roupas íntimas buscam conforto e compram no porta a porta
Quando vai comprar lingerie, a consumidora brasileira, ou o consumidor, não está preocupada com tendências de moda, mas busca praticidade, conforto e está atento a marcas. Lojas de departamento e vendedoras porta a porta são canais importantes de venda.
Essas são algumas das conclusões do estudo sobre o comportamento do consumidor de moda íntima realizado pelo Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI). A pesquisa revelada foi realizada com 1,1 mil consumidores de ambos os sexos, com mais de 15 anos, em quase todos os Estados brasileiros.
A pesquisa mostra diferenças entre o consumo no setor de roupas íntimas e o do vestuário em geral. "Nós percebemos com a pesquisa que existem diferenças significativas entre o modo com o qual as pessoas tomam decisões para comprar roupas em geral e íntimas", afirmou o diretor do IEMI, Marcelo Villin Prado.
A primeira dessas diferenças é a força da marca: no segmento de roupas íntimas, a decisão pela marca é mais forte do que no vestuário em geral.
O estudo mostrou que os consumidores conseguem citar 366 marcas diferentes de roupas íntimas, sendo 188 femininas e 229 masculinas.
As 30 marcas mais lembradas somaram 85% das citações, o que revela que, mesmo pulverizado, o mercado deixa espaço para que as marcas melhor trabalhadas consigam se firmar na lembrança da maioria dos consumidores.
Os canais de distribuição nos quais as roupas íntimas conseguem ter sucesso também servem de guia para os modelos de negócios do setor. Um canal fortemente explorado pelas empresas do setor é o porta a porta.
Segundo a pesquisa, 78,4% dos consumidores de roupa íntima feminina fazem suas compras em lojas físicas, enquanto a compra de revendedoras representa 19,7% entre as mulheres.
A internet, no entanto, não faz muito sucesso nessa área: apenas 1,9% dos entrevistados afirmaram comprar roupa íntima via web.
Diferentemente de outros produtos de vestuário como calças e casacos, por exemplo, as lingeries pesam pouco, o que torna fácil o transporte pelas vendedoras. "Além disso, têm alto valor agregado por peça", explicou Prado.
Para a fabricante DeMillus, por exemplo, as vendas porta a porta representam 80% do faturamento total da companhia, que em 2010 totalizou R$ 407 milhões. Avon, Hermes, Marcyn, Pierre Alexander são outras empresas que aproveitam esse canal para a venda de roupas íntimas.
As lingeries e cuecas se destacam também nos canais de autosserviço. Cerca de 33% do público em geral gosta de frequentar lojas de departamento, enquanto 4,4% afirmam comprar em hipermercados.
"É justamente a maior fidelidade do cliente à marca que reforça as oportunidades de nesses canais de distribuição. Quando você já conhece a fabricante, há mais segurança na modelagem, o que facilita quando não se experimenta o produto, por exemplo", afirmou Eva Goldman, a vice-presidente da fabricante de lingerie Demillus.
O estudo mostra ainda que os consumidores de roupas íntimas femininas e masculinas são, em sua maioria, jovens dos 25 a 34 anos. A maior concentração dos compradores está nas classes B2/C, cuja renda familiar varia de R$ 2,041 mil a R$ 7,650 mil.
Quando questionados sobre a imagem que a roupa íntima feminina deve transmitir para atrair as atenções, os consumidores destacaram primeiramente o conforto e a praticidade, mas ao mesmo tempo enfatizaram as características sexy/provocante e romântica.
"O consumidor fala que quer conforto, os tecidos são cada vez mais importantes. Mas as pessoas adoram comprar o enfeitado, o que tem apelo. É uma dicotomia", explicou Goldman.
O aspecto confortável foi apontado por 38,3% do total de entrevistados. Já o da sensualidade foi apontado por 22,2% dos homens e 13,2% das mulheres. O romantismo também traz diferenças: enquanto apenas 5,9% do público feminino apontou este item como importante, 17,3% dos homens ressaltaram esse aspecto.
Veículo: Valor Econômico