Embalagem: Para atender as encomendas de Natal, fabricante de frascos de vidro compra a Plastclean
"A aquisição foi necessária. Nos surpreendemos com a demanda", afirmou Renato Massara, diretor da Wheaton.Para garantir o abastecimento do mercado de cosméticos, já com foco nas vendas do Natal, a fabricante de frascos de vidro Wheaton Brasil adquiriu as operações da Plastclean, especializada na pintura final das embalagens. A compra, motivada pelo persistente crescimento do setor de beleza, faz parte de um investimento de R$ 25 milhões, todo de caixa próprio.
"A aquisição foi necessária. Senão, não conseguiríamos entregar para a indústria. Nos surpreendemos com a demanda", afirmou Renato Massara Júnior, diretor-comercial da Wheaton. O grupo - que fornece embalagens para os segmentos de farmácia, cosméticos e perfumaria e utilidades domésticas, além de fabricar tampas de borracha - verificou crescimento de 25% no faturamento dos negócios de cosméticos no primeiro semestre, frente ao mesmo período do ano passado. Em 2010, a empresa faturou R$ 430 milhões, sendo que 60% desses resultados vieram da área de beleza.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o faturamento do setor cresceu 12,6% em 2010, alcançando R$ 27,5 bilhões. E continua crescendo em 2011. "Esse crescimento (no primeiro semestre) foi um susto", contou o executivo.
A companhia já vinha investindo para atender o pico de demanda, que ocorre em agosto e setembro: há oito meses comprou maquinário alemão, cuja instalação deve começar agora. A empresa não poderia correr o risco de perder o prazo de início da instalação e isso levou a optar pela compra da Plastclean. Para colocar seus produtos nas lojas no período de festas do fim de ano, os fabricantes de cosméticos antecipam os pedidos ao setor de embalagens.
Com quatro fornos para a produção dos frascos de vidro, a empresa tem capacidade anual de 800 a 900 milhões de peças. Um desses fornos fica parado ao longo do ano, operando apenas nos picos da indústria de cosméticos.
Mas o gargalo estava na decoração desses vidros, quando a embalagem recebe o acabamento específico de cada cliente. Com a aquisição, a capacidade de pintura da Wheaton vai dobrar, passando para 6 milhões de aplicações por mês. Com o novo maquinário em operação, essa capacidade deve aumentar ainda em 20%.
A Plastclean estava operando a 30% de sua capacidade, segundo Massara. A ideia do grupo é fazer com que a recém-comprada passe a operara em três turnos. A Plastclean fornecia a decoração para a Wheaton, mas o modelo de terceirização não atende mais às necessidades do grupo. "Com essa demanda, precisamos de mais agilidade, controle de desenvolvimento de tintas e operações em três turnos, que nem toda empresa consegue fazer", explicou Massara.
O desafio da Wheaton, no entanto, está agora na logística. A Plastclean fica em Barueri (SP), enquanto a principal fábrica da Wheaton fica em São Bernardo do Campo (SP). "Estamos repensando nossa localização", contou o executivo. Mas as opções de expansão inorgânica do grupo não eram muitas. No Brasil, são poucas as empresas especializadas em decoração de vidros.
O setor de atuação da Wheaton também não é composto por muitos concorrentes. No país, a companhia compete principalmente com a SGD e a Vidraria Anchieta em produção de vidros para cosméticos e perfumaria. No mundo, segundo Massara, não passam de dez os fornecedores desse tipo. "O setor vidreiro é composto por indústrias de capital intensivo e, portanto, é sempre pequeno o número de concorrentes nesse setor. Muitos países não têm sequer uma indústria nesse segmento", explica Fábio Mestriner, professor coordenador do Núcleo de Estudos da Embalagem da ESPM.
Mas a concorrência forte para a Wheaton é a externa. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias Automáticas de Vidro (Abividro) a maioria das importações de frascos de vidro do país vêm da China. Na área de cosméticos, por sua vez, os concorrentes mexicanos também têm ganhado com o câmbio. Hoje, 15% do faturamento da Wheaton vem da exportação para 55 países, negócios que estão encolhendo com o real forte.
Apesar desse contexto, com a sofisticação do consumo do brasileiro, que tem absorvido os avanços técnicos no segmento de decoração de embalagens, Massara está otimista. "É uma moda de pintura de vidro, de cores. É um boom de inovação nessa indústria", afirmou o executivo. Para este ano, a companhia prevê um crescimento de 20% na demanda por parte do setor de cosméticos, já considerando uma acomodação do consumo. Assim, o faturamento esperado pelo grupo é de R$ 500 milhões.
Veículo: Valor Econômico