Brasileiro aumenta idas ao supermercado

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Se antes do Plano Real os consumidores costumavam ir duas vezes por mês ao supermercado, devido à forte oscilação nos preços, essa realidade mudou bastante com o passar dos anos. Pesquisa da consultoria Nielsen mostra que essa frequência aumentou para dez vezes em 2010. Com a inflação estável, os itens não sobem mais como ocorria na década de 1990.

 

Era difícil administrar o sistema de precificação naquela época, tanto que as máquinas de etiquetar os valores dos produtos tinham conotação de revólver para os clientes, lembra o diretor de comunicação da Associação Paulista de Supermercados, Orlando Morando. "Os preços mudavam até duas vezes por semana."

 

O executivo explica que as alterações eram necessárias, pois o estoque do produto comprado por determinado valor subia 50% até o próximo pedido para os fornecedores. O reajuste era necessário para cobrir os custos extras e pagar pelo estoque. "A remarcação garantia capital de giro para a empresa", afirma Orlando.

 

COMPRA DO MÊS - Naquela época, as famílias compravam por compulsão na tentativa de reduzir o peso da inflação no bolso. Assim que recebiam os salários, as pessoas corriam para as lojas a fim de encher o carrinho. O hábito causava desabastecimentos constantes. "Os produtos com menor giro criavam uma espécie de crosta, tamanha a quantidade de etiquetas que recebiam", diz o presidente da Coop, Antonio José Monte.

 

O empresário pondera que a chegada do real mudou a cabeça dos brasileiros. Depois de planos econômicos fracassados, com inflações que chegavam a 80% no mês, finalmente pequenos e médios varejos começaram a lucrar. Outro efeito é que o poder aquisitivo das pessoas cresceu. A frequência dos cooperados nas unidades dobrou em 17 anos. A média atual é de dez vezes, ao mês.

 

Estudo da Nielsen identificou que os consumidores estão indo mais às compras e elegendo mais canais de distribuição. Em 2008, foram necessárias 106 idas aos estabelecimentos para se abastecer, enquanto no ano passado foram 123. O varejo tradicional ainda é o preferido de 86% dos consumidores.

 

Para o diretor da Apas, o novo cenário econômico - a partir de 1994 - proporcionou ao varejo aumentar a presença de itens importados nas prateleiras. Agora a oferta desses produtos nos estabelecimentos do País não fica a desejar quando comparada a outros países.

 

Gasto médio por compra no estabelecimento avança

 

Nos últimos quatro anos o consumidor brasileiro, além de intensificar o número de visitas aos supermercados, elevou o gasto médio e o número de itens adquiridos por compra. Levantamento da consultoria Kantar Worldpanel mostra que depois de se manter praticamente estável por três anos em R$ 27, o valor desembolsado subiu para R$ 31,50.

 

Outro fator que tem acontecido ao longo dos últimos anos é a diversificação dos canais de venda utilizados pelo consumidor, considerado pelos empresários do comércio varejista mais infiéis. A mesma pesquisa realizada no passado também identificou que 80% das famílias utilizam mais de três canais para se abastecer como atacados, varejo tradicional, drogaria, perfumaria e venda porta a porta.

 

Em 2001, a média de consumidores que faziam compras em todos esses canais chegava a 61%. Mesmo assim, no ano passado, foi notada redução de 1 ponto percentual em relação a 2011.

 

Junto com este fenômeno, o setor supermercadista assiste ao crescimento das vendas nas lojas de vizinhança e atacarejos, enquanto os formatos de hipermercado vêm sentindo leve redução na participação do varejo.

 


Veículo: Diário do Grande ABC


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