Má gestão do frete pode transformar lucro em prejuízo

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A logística está entre os maiores desafios para a empresa que pretende atuar no mercado internacional. Entregar produtos em outro país exige uma gestão eficiente e a contratação de empresas capazes de garantir que a mercadoria chegue no prazo e em perfeitas condições ao cliente. As ofertas devem incluir seguro, rastreabilidade da carga e serviços de despachante para que o pedido não se perca em alguma alfândega. "A primeira tarefa é a de orçar, simular custos e conversar com as prestadoras de serviços para entender como a logística funciona. O importador quer comprar de quem sabe o que está fazendo", avisa Nelson Ludovico, professor da Fundação Getúlio Vargas e da Fundação Instituto de Administração (FIA). 

 

De tão importante no mercado internacional, o frete transformou-se em commodity e é uma constante nos orçamentos. Ele pode estar embutido no preço do produto, ser cobrado do cliente antecipadamente, na entrega e até dividido de acordo com o fechamento do pedido. Por isso, "a gestão dos custos com logística deve ser apurada para que o "serviço não se transforme em margem de prejuízo", diz Ludovico. 

 

Segundo Fabrício Paulella, diretor Executivo da Indaiá Logística Internacional, o modal marítimo ainda é o mais utilizado nas remessas internacionais, com mais de 90% do volume. O principal atrativo é o custo, bem mais baixo do que o das opções aéreas. "Para produtos muito pesados ou de baixo valor agregado, essa é a solução mais viável", complementa, lembrando que há contêineres com capacidade para transportar até 30 toneladas ou 67 metros cúbicos. Ele afirma que o custo para utilizar um contêiner básico, de 20 toneladas ou 33 metros cúbicos, é de cerca de U$ 2 mil em uma viagem entre Brasil e Estados Unidos. Entre Brasil e China, pode chegar a U$ 4 mil. "Esse valor se refere ao transporte entre os portos", avisa Paulella. Há ainda os custos internos no país de origem e de destino e as despesas com despachante e alfandegárias. 

 

Para quem não tem tanta mercadoria para enviar, vale negociar o frete com os chamados consolidadores de carga, que alugam o contêiner e recebem mercadorias de diversas empresas, levando todas quando a carga for suficiente para preencher a unidade. "O problema é a extensão do prazo e o baixo poder de barganha com o prestador do serviço. Muitas vezes vale a pena levar o contêiner com pouca carga e arcar com a despesa sozinho", salienta. 

 

Na área de transportes aéreos, a concorrência chega com soluções expressas e de fácil utilização. A contratação de empresas como Correios, DHL Express, FedEx e UPS permite a "terceirização" da área de logística. O catálogo reúne serviços com consultoria logística, de despachante, auxílio para preenchimento de guias simples de exportação e acompanhamento do pedido até a entrega para o cliente, nas modalidades chamadas porta-a-porta. Pela internet é possível rastrear a remessa a qualquer momento. 

 

"São serviços indicados para cargas delicadas ou de alto valor agregado. Outra vantagem é a rapidez no prazo de entrega", garante Juliana Vasconcelos, diretora de marketing da DHL Express. 

 

Para conquistar o pequeno exportador, estas empresas apostam em condições especiais, atendimento diferenciado e descontos bastante atrativos. "Temos um programa para micro e pequenas empresas em toda a América Latina e Caribe e os descontos variam de 25% a 40% sobre o preço da tabela", comenta Carlos Ienne, diretor da FedEx para o Mercosul. Entre as vantagens defendidas pela empresa está a sua equipe especializada na indicação de embalagens especiais, que define junto com o cliente a melhor forma de embarcar cada tipo de produto. 

 

Já a DHL Express põe mais foco na assessoria que oferece ao cliente de menor porte. "Explicamos todo o processo logístico para exportação, desde os documentos necessários para o envio de produtos até informações sobre o país para o qual está exportando", afirma Juliana. 

 

Na UPS, onde 79% da carteira de clientes é composta por empresas de pequeno porte, há uma central dedicada ao segmento. "Nos primeiros três meses, o cliente é acompanhado constantemente por uma equipe de televendas, que está disponível para esclarecer dúvidas e assessorá-lo no processo de exportação", explica Kátia Tavares, gerente da UPS para o Mercosul. 

 

Já os Correios investiram bastante na família Exporta Fácil, que registrou até o terceiro trimestre deste ano 8.116 remessas comerciais. Para atender as expectativas de custos de empresas de pequeno porte, a companhia possui desde serviços simples - com prazos alongados de entrega e obrigatoriedade de retirada pelo comprador na alfândega - até o Sedex Mundi, serviço Premium, que tem como principal vantagem o rastreamento on-line da remessa. "A modalidade mais utilizada é a EMS, com prazo de até cinco dias úteis, dependendo da localidade", explica José Ademar Alexandre de Souza, gerente corporativo de negócios internacionais dos Correios. Para quem quer fazer antes uma simulação, UPS, FedEx e Correios oferecem acesso a simuladores em seus sites. 

 

Veículo: Valor Econômico


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