Aproximação do início da colheita do grão no Sul do país afeta preços.
O início da colheita de trigo e os leilões realizados pelo governo impactaram negativamente os preços em Minas Gerais. Nos últimos 30 dias foi registrada queda de 15% nos valores pagos pela tonelada do grão. Devido às incertezas da economia mundial e à aproximação do início da colheita do grão no Sul do país, os triticultores do Estado estão receosos com os rumos do mercado.
A expectativa é que o governo mantenha o valor mínimo estipulado para a cultura, que em Minas é de R$ 350 por tonelada. O valor é suficiente para cobrir os gastos com a produção e gerar rentabilidade.
Para o vice-presidente da Associação dos Triticultores do Estado de Minas Gerais (Atriemg), Eduardo Elias Abrahim, dois fatores contribuíram para a queda nos preços. O primeiro é a valorização do real, que reduz a competitividade do setor e torna vantajosas as importações de trigo. Além disso, os leilões realizados pelo governo têm contribuído para equilibrar a oferta do produto no mercado interno, suprindo parte da demanda e, conseqüentemente, derrubando os preços.
De acordo com dados da Atriemg, há um mês os valores pagos pela tonelada de trigo giravam em torno de R$ 650, e agora os preços estão em torno de R$ 550. A tendência é que voltem a apresentar queda, devido à aproximação do período de colheita no Sul, principal região produtora do país.
Qualidade - "O que esperamos em relação à comercialização do produto é que o governo, pelo menos, nos garanta o valor mínimo do grão no mercado, que é de R$ 350. Não temos como fazer estimativas futuras devido às incertezas do cenário externo, mas a situação exige cautela, uma vez que a colheita do trigo do Sul do país deve ser iniciada no próximo mês, o que elevará a oferta do produto no mercado, podendo interferir ainda mais nos valores de comercialização", avalia Abrahim.
Segundo ele, a colheita do trigo em Minas Gerais foi iniciada neste mês e deve se estender até outubro. A produção estimada é de 80 mil a 90 mil toneladas do produto. Essa estimativa deverá sofrer alterações positivas no volume, já que há vários produtores desenvolvendo a cultura de sequeiro. Grande parte do trigo cultivado em Minas Gerais é irrigado, o que, aliado à qualidade das cultivares e ao clima, faz com que o Estado produza um dos melhores trigos do país.
A cultura tem espaço para crescer, já que a produção local é suficiente para abastecer apenas 10% da demanda pelo cereal no Estado. Segundo Abrahim, para estimular a produção também seria necessária a instalação de novos moinhos em Minas, que hoje conta com apenas quatro unidades.
Ainda segundo o vice-presidente da Atriemg, outro fator que irá alavancar o cultivo de trigo no Estado é a implantação de uma unidade do Polo de Produção de Trigo Tropical do Brasil Central, em Uberaba (Triângulo Mineiro). O objetivo é desenvolver novas tecnologias e sementes de alta qualidade baseadas nas condições climáticas e geográficas da região.
O polo abrange os estados de Minas Gerais, Bahia, Goiás e Mato Grosso. Através desse projeto, o governo federal pretende que a produção de trigo nessas regiões passe das atuais 200 mil toneladas para 6 milhões de toneladas em 10 anos.
A primeira unidade do projeto que será instalada em Minas será na fazenda da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que atualmente é utilizada pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). Os dois órgãos devem trabalhar em conjunto com os produtores e entidades ligadas à cadeia do setor, como a Atriemg, Sindicato da Indústria do Trigo de Minas Gerais (Sinditrigo-MG), cooperativas e outros sindicatos.
Veículo: Diário do Comércio - MG