Fora o setor supermercadista, que tem ampliado o portfólio da área de vestuário para abocanhar uma fatia dos cerca de R$ 14,02 bilhões que deverão ser gastos este ano pela classe emergente no segmento, redes como Pernambucanas, Renner, Riachuelo, C&A e Marisa, entre outras, também se armam para fidelizar o consumidor com produtos de maior valor agregado, seguindo tendências de moda. Algumas dessas empresas lançaram ontem novas coleções para a primavera-verão de 2012, de olho no gosto e no bolso desse público.
Conforme estimativa de pesquisa realizada pelo instituto Data Popular, que se refere ao consumo apenas no ramo de vestuário, no ano passado a classe C respondeu pelo gasto de R$ 12,8 bilhões no segmento de vestuário - fora calçados e acessórios -, sendo que a projeção para este ano é ainda maior. Em entrevista ao DCI, o publicitário Renato Meirelles, sócio-diretor do instituto, explicou que a perspectiva é de um incremento de no mínimo 10% no volume comercializado para o público C, passando de R$ 14 bilhões este ano.
"O aumento do investimento no vestuário tem a ver com a ascensão das mulheres ao mercado de trabalho, situação com impacto direto na autoestima. Elas saem das fronteiras de seu bairro e precisam se mostrar cada vez mais bonitas. O mercado vê isso, e as empresas têm investido mais em modelagem e maior qualidade dos produtos", disse ele.
Em análise mais ampla, para o consultor o vestuário está atrasado nesse aspecto de atender melhor aos consumidores das classes C, D e E. "Empresas das áreas de higiene, beleza e maquiagem têm crescido além do Produto Interno Bruto (PIB) há mais de 10 anos, pois já tinham percebido esse maior poder de compra das mulheres. Agora parece que o ramo de vestuário começa a perceber isso também", estimou.
Entre as empresas do ramo, parece que os departamentos de moda estão em polvorosa para atrair a atenção do poderio feminino, cada vez mais exigente com o que pretende vestir, e que já não se contenta com qualquer simples peça de pano. No caso das lojas Marisa, a empresa afirma que a ideia é aprofundar a conversa com a mulher da classe C, e esse é o mote da campanha criada pela Fischer&Friends. "O nosso objetivo com esta nova comunicação é então continuar a conversar com a mulher, sendo cúmplice, evoluindo e acompanhando seus anseios", afirma Andrea Beatrix, gerente-geral de Marketing da Marisa. De acordo com ela, a crescente ascensão econômica da mulher da nova classe média brasileira alçou a cliente a um novo patamar de consumo de moda. "Estamos falando de uma moda de rua, uma moda da mulher de verdade, que é cúmplice e que só a Marisa pode vender, por ter conquistado um espaço privilegiado na relação com esta cliente", diz Andrea.
Centenária moderna
No caso da rede Pernambucanas não é diferente, empresa que começou vendendo tecidos e há 103 anos sempre foi avessa a divulgar informações sobre seus negócios. A rede, dona de mais de 274 lojas localizadas em sete estados brasileiros (São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina e Paraná), conta hoje com 15 mil colaboradores, e garante seguir piamente as principais tendências do circuito fashion.
Além disso, mantém um grande otimismo com relação às vendas do departamento de roupas e acessórios, ao lançar uma nova coleção Primavera-Verão mais contemporânea, moderna totalmente voltada para os consumidores classe C.
Com um departamento atendo às tendências internacionais, a rede contará com uma coleção que desponta com influências românticas, campestres e também voltadas aos anos 50, com enfoque em ilustrações no cinema. Há forte projeção para o branco total, além de planos de aumentar a venda de jeans nas lojas da empresa, que também comercializa itens para o lar e eletrodomésticos e eletroeletrônicos. "Mantemos pesquisas constantes no núcleo de moda, e estamos bastante otimistas com a economia e o desempenho das vendas para esse público que está cada vez mais exigente e informado", disse Renato Shibukawa, gerente do núcleo de moda da Pernambucanas, durante o evento de lançamento da coleção de primavera-verão de 2012 da rede, ontem no Bar des Arts, capital paulista.
Moda infantil
As redes de vestuário têm analisado o comportamento feminino mais exigente, mas um nicho de mercado que também está forte é o de produtos infantis. Tanto que a brasileira Nicoboco, voltada ao segmento de surf, street e sportswear, acaba de lançar a coleção de verão de 2011/2012, com a linha feminina voltada aos decotes e os modelos que deixam as costas à mostra, com tecidos leves e transparentes, mas garante que a peça-chave do verão será na verdade a concepção da linha completa para o público mirim.
Veículo: DCI