Beleza na farmácia é tendência em alta

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As redes de farmácias podem ampliar sua atuação como canal de venda de produtos de higiene, perfumaria e beleza (os HPCs), aproveitando a onda favorável do mercado interno e observando soluções já experimentadas fora do País.

 

O tema foi discutido em painel do Fórum Nacional para o Desenvolvimento do Setor Farmacêutico e Cosmético (PharManager), aberto ontem na Capital paulista e realizado pela consultoria DpvNice.

 

Segundo a coordenadora de atendimento ao varejo da Nielsen, Samanta Puglia, nos últimos cinco anos houve um crescimento maior das vendas de HPC no canal farmácia, na comparação com os supermercados. A expansão no porta a porta é maior, ressalvou, porque ele já detinha boa penetração junto à classe C, apontada como grande impulsora do consumo de produtos HPCs. As farmácias, justificou, são mais visitadas pela população de nível econômico mais alto.

 

Samanta mostrou que no acumulado de janeiro a abril de 2011, ante igual período de 2010, as cestas auditadas pela Nielsen nos autosserviços e farmácias (com 170 categorias) cresceram, em média, 9% (valor nominal). Com higiene e beleza, o salto, na mesma base de comparação, foi de 9,5%, com destaque para o desempenho das farmácias.

 

Entre janeiro e abril deste ano, as redes de farmácias acumularam alta de 21,3% em vendas de HPC. As unidades independentes venderam, em termos nominais, mais 3,8%. E as redes, embora com menor número de lojas, respondem por participação no faturamento igual à de todas as demais farmácias, comparou.

 

A favor da expansão dos HPC no canal farmácia pesam, segundo Samanta, fatores como a importância que o brasileiro dá à beleza, ampliação da classe C e crescimento econômico do País com a abertura de oportunidades também em cidades de menor porte.

 

Entre os desafios apontados pela coordenadora da Nielsen para se ampliar os ganhos com produtos de higiene e beleza estão questões como conhecimento do público consumidor e escolha do mix de produtos mais adequado a ele. " Não pode haver ruptura (falta de itens) e é importante oferecer um produto diferenciado", afirmou Samanta. Não se pode esquecer, acrescentou, que as farmácias ainda podem crescer nas classes A e B.

 

Expansão – A diretora do Barclays Capital, Ana Cabral Gardner, lembrou, no entanto, que até 2015 a classe C consumirá mais que a B e chegará muito próximo ao volume da A. "Esse consumidor vai determinar as tendências de consumo, de lançamentos e de marketing. As farmácias têm entre 2011 e 2015 para se preparar para isso e se posicionar." Aproveitar a experiência do serviço personalizado utilizado na venda direta e a abertura do consumidor brasileiro à mudança de canais de venda foram dois dos alertas feitos por ela para o segmento.

 

Recuperação de terreno

 

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basilio avalia que, para o seu setor, o momento é de recuperação de terreno junto às farmácias. Nos anos 1960, ele lembra, elas eram "fortíssimas" no ramo, especialmente pelo atendimento personalizado que ofereciam. "As farmácias e drogarias eram líderes na venda de tintura para cabelo", comenta o executivo.

 

O período de inflação alta que se seguiu, no entanto, dificultou a manutenção de estoques dos produtos do gênero pelas farmácias. Além disso, acrescenta Basilio, esses itens ganharam espaço nos supermercados e hipermercados, nas operações de vendas diretas e nas redes de franquias. As farmácias buscaram outras alternativas, como sorvetes, refrigerantes, chocolates.

 

"Depois que a Anvisa permitiu só a venda de medicamentos, higiene pessoal, perfumaria e cosméticos, observamos a farmácia estrategicamente empenhada em melhorar a exposição desses produtos", comenta o presidente da Abihpec. Na Drogasil, por exemplo, há ilhas específicas para destacar os itens.

 

Segundo Basilio, a indústria fornecedora também está muito interessada nesse canal de venda. As expectativas da Abihpec sobre as vendas do setor (em todos os canais) apontam para um crescimento de faturamento anual de 18% a 20% em 2011, batendo na casa dos US$ 45 bilhões.

 

Veículo: Diário do Comércio - SP


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