Fabricantes já demitiram 340 em Santa Catarina

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A indústria plástica em Santa Catarina começou a fazer ajustes na sua produção diante do recuo das encomendas de clientes por conta da crise financeira mundial. Nos últimos 30 dias, 340 trabalhadores foram demitidos em um setor que durante os últimos anos vinha a plena carga e aumentando o volume de contratações. Empresas como Dânica, Víqua e Tecnofibras, do grupo Busscar, são alguns exemplos das empresas que realizaram demissões nos últimos dias. 

 

"Algumas empresas já verificam um volume de demanda menor do que o esperado e outras estão fazendo ajustes porque já prevêem que isso ocorrerá nos próximos meses", explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico, Albano Schmidt. 

 

Segundo Schmidt, além da queda de demanda, estão comprometendo o bom desempenho das empresas a escassez de crédito e o aumento do preço da matéria-prima cotada em dólar, sem que essas indústrias consigam repasse dos custos para os preços, diante da conjuntura tumultuada. Dentre os insumos que subiram de forma significativa, ele exemplifica o poliestireno, que nos últimos dois meses teria aumentado 33%. 

 

Diretor da Víqua, empresa que atende o setor da construção civil, Daniel Cardozo Jr diz que existem postergações de pedidos, diminuição do volume das encomendas que antes haviam sido feitas e alguns cancelamentos. "O lojista está com muita cautela. Ninguém está fazendo estoques", explica. 

 

Segundo Cardozo, o aperto no crédito continua forte. As linhas de capital de giro que custavam 1,2% ao mês já chegam a 2,3% e o prazo, que antes girava em torno de 24 meses, baixou para 12. "Hoje, o principal objetivo de qualquer empresário é preservar o caixa por conta dos prazos menores e pelo aumento dos juros." 

 

As indústrias do setor - são cerca de 500 em todo o Estado, incluindo as de grande porte como Tigre e Amanco - também já revisam as estimativas de crescimento. O sindicato informa que a estimativa do setor era crescer entre 7% e 10% no faturamento de 2008 em relação a 2007, mas agora esse número está entre 5% e 7%. Para 2009, Schmidt diz que está difícil de fazer projeções, com orçamentos de algumas indústrias, que geralmente eram feitos entre outubro e novembro, sendo adiados à espera de um cenário "normalizado". 

 

Schmidt, que também preside a indústria Termotécnica, considera 340 pessoas um volume pequeno perto do contingente de 20 mil trabalhadores que o setor emprega, mas, apesar disso, diz que não dá para afirmar que o movimento de cortes irá parar nos próximos meses. "É um período de muita incerteza para o fim do ano e 2009 é ainda uma incógnita. Há muitos anos, o setor vinha crescendo e essa crise assustou", diz. 

 

Presidente do sindicato laboral, Reinaldo Schroeder, destaca que em momentos normais, em média, o setor demitia 15 pessoas por mês, e que foi surpreendido com os cortes na casa dos 300. "Estamos pedindo para que as empresas esgotem todas as alternativas antes da demissão, como férias vencidas e férias proporcionais para aqueles trabalhadores que ainda não tenham férias vencidas", diz. 

 

Cardozo afirma que por enquanto a empresa, com 350 funcionários, demitiu somente trabalhadores temporários, que são contratados no início do segundo semestre, mas não descarta cortes futuros e diz que analisa dar férias coletivas para alguns setores. "Esta época, em anos anteriores, seria uma fase em que estaríamos trabalhando a mil." Ele estima que a empresa cumprirá 85% da meta da receita prevista para o ano. 

 

A expectativa é que outras empresas do setor, em especial as que fornecem peças plásticas para montadoras de veículos, acabem dando férias coletivas, acompanhando a medida já anunciada pelos seus principais clientes. 

 

Veículo: Valor Econômico


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