Nove entre dez mulheres sofrem de algum tipo de celulite, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Estética. De olho nesse público ávido para exterminar o mal que leva a pele ter uma aparência de 'casca de laranja', a Invel - fabricante de bermudas e produtos que prometem reduzir a celulite e ativar a circulação sanguínea - começa no próximo ano a licenciar sua marca para outras empresas. Também planeja investimentos da ordem de R$ 7 milhões em pesquisas clínicas e desenvolvimento de novos produtos.
A maior parte do investimento virá de um parceiro do Japão, que distribui os produtos da Invel naquele país. "Atualmente, o Japão representa cerca de 40% das nossas vendas", disse Mario Hirata, presidente e fundador da empresa brasileira criada há dez anos com uma rede de clínicas de estética. Os produtos também são exportados para os Estados Unidos, Europa e América Latina.
No licenciamento, outras empresas de produtos de consumo poderão usar a tecnologia da Invel. "Vamos criar em 2009 um instituto que será responsável pelas parcerias que já estão em fase de negociação, mas que não podemos revelar agora", afirma Carla Taba, sócia e diretora da Invel. Um exemplo, diz ela, está na aplicação da tecnologia da Invel na fabricação de tênis.
O interesse do mercado por esse segmento está longe de ser um modismo e tem razões econômicas bem palpáveis. A Invel vende 250 mil bermudas por ano no Brasil e cada uma dessas peças é comercializada por R$ 300. Além das bermudas, há outros 40 itens entre roupas, cosméticos e equipamentos para emagrecimento. Porém, são as bermudas que ainda representam a maior fatia, cerca de 70%, da receita da Invel no país, que não revela o valor.
As expectativas da Invel para o próximo ano são ainda mais otimistas, com previsão de crescimento de até 40% nas vendas, principalmente por conta das parcerias. Além das empresas parceiras, a americana Invista também está de olho nesse nicho. A dona da marca Lycra vem certificando as bermudas e outras peças de roupa da Invel, que agora passa a estampar a etiqueta Lycra. A Invel já usava o fio de elastano, mas não tinha a certificação da Invista. "Essa homologação marca a nossa entrada aqui no Brasil no segmento de produtos voltados para saúde", diz Carolina Sister, diretora de marketing da marca Lycra.
Além da americana Invista e da brasileira Invel, a francesa Rhodia também colocou seu pé nesse negócio tão cobiçado pelo universo feminino. Há três meses, anunciou o desenvolvimento de um fio semelhante, cujas pesquisas levaram três anos de estudos e demandaram investimentos de ? 2 milhões. A Rhodia fechou parceria com a Track & Field, Scalina (dona das marcas de lingerie Scala e Trifil), além das tecelagens Affinity Berlan, Santaconstancia e Rosset. A expectativa é que os produtos com o novo fio, batizado de Emana, cheguem ao mercado nas próximas semanas.
A "fórmula mágica" inserida nas bermudas é conhecida como biocerâmica. Trata-se de uma composição química formada por sílica, alumínia, magnésio, platina e titânio. "A biocerâmica aquece a temperatura do corpo para algo em torno de 42º C. Ao tentar regular essa região do corpo para a temperatura normal, o organismo queima gordura", explica Roberto Rodolfo Júnior, diretor da Sociedade Brasileira de Medicina Estética, ressaltando que só a bermuda ou cosméticos não fazem milagres. "É um chavão, mas para acabar com a celulite é preciso antes de tudo ter uma alimentação saudável e praticar exercícios físicos regularmente", lembra.
Veículo: Valor Econômico