Mesmo com cenário adverso, Buddemeyer prevê crescer até 6,5%

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Apesar das dificuldades criadas pela alta do algodão e pela concorrência acirrada no mercado interno, a fabricante de itens de cama, mesa e banho Buddemeyer, de São Bento do Sul, pretende encerrar o ano com até 6,5% de crescimento sobre 2010. No ano passado, a companhia que mantém o foco em produtos com alto valor agregado para as classes A e B registrou R$ 166 milhões em vendas.

 

O desempenho representou um crescimento de 12,73% nas vendas líquidas nominais, mas ficou abaixo da expectativa inicial, de aproximadamente R$ 175 milhões. A competição no mercado interno, que teve de absorver a produção que deixou de ser exportada, e a pressão dos preços do algodão, que reduziu margens, contribuíram para os números menores.

 

Segundo Rolf Buddemeyer, vice-presidente da companhia, a expectativa é que o segundo semestre do ano ajude a incrementar os resultados. Nos primeiros seis meses, a empresa sentiu o impacto da diminuição no ritmo de consumo no país. Apesar do segmento de cama, mesa e banho não necessitar de crédito para a venda, o nível de endividamento e o comprometimento da renda familiar com outros itens, como carros e tecnologia, acabam influenciando nos resultados, avalia Buddemeyer.

 

A estratégia foi conceder férias intercaladas para os cerca de 1,1 mil funcionários que trabalham nas duas unidades da Buddemeyer em São Bento do Sul, cidade do Planalto Norte catarinense. Hoje, dos 61 teares, 22 estão ociosos, segundo Claus Buddemeyer, presidente da companhia.

 

Fundada em 1951 pelo engenheiro têxtil Friederich Buddemeyer, imigrante alemão que começou o negócio como fabricante de teares em Itajaí e, mais tarde, passou a produzir toalhas e outros artigos têxteis, a empresa é administrada hoje pela terceira geração da família. Conhecido como "seu Fritz" na região, o engenheiro deu início à empresa têxtil quando já tinha 60 anos. "Ele não tinha uma grande visão de vendas, mas era um engenheiro obstinado pela qualidade e deixou esse legado para a empresa", diz Rolf

 

A Buddemeyer estima que detenha uma participação de 6% do mercado nacional de cama, mesa e banho. Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), de janeiro a maio, a produção na indústria de vestuário e confecção recuou 0,35%, enquanto o segmento têxtil apresentou perda de 11,9% na produção.

 

O foco nos produtos de alto valor agregado ajuda a companhia a perseguir o crescimento das vendas em 2011. Em São Bento do Sul, a empresa mantém uma fiação para garantir a qualidade das toalhas, lençóis e colchas fabricados. No setor de costura, é possível acompanhar o trabalho artesanal de acabamento das peças com aplicação de detalhes como rendas e outros bordados. As toalhas e felpudos representam 65% das vendas da empresa, apesar de no ponto de venda os conjuntos de lençóis terem um peso maior para o varejo. A empresa também complementa o mix com mantas de lã importadas do Peru e uma linha de jogos de cama com fios extrafinos produzidos em parceria com uma fabricante do Paraguai, em Pilar.

 

Em 2010, a empresa investiu cerca de R$ 8 milhões para instalar seis novos teares na fábrica. Este ano, a previsão é mais modesta - de R$ 2,5 milhões. O objetivo é garantir o funcionamento dos equipamentos sem arriscar-se em um cenário ainda incerto.

 

No exterior, a empresa mantém o foco no trabalho com a marca própria. Alemanha, Suíça, Rússia, Argentina e Venezuela são os principais mercados. "A preservação da marca é muito importante, assim como manter os canais de venda lá fora, o que será importante em um momento de retomada do cenário", diz Rolf Buddemeyer. As exportações representam 8% do faturamento. A importância da Argentina leva a companhia a cogitar a produção no país, apesar das restrições à importação do país vizinho.

 

A Buddemeyer também controla a rede de lojas Casa Almeida, hoje com cinco pontos de venda em São Paulo.

 

Veículo: Valor Econômico


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