Termômetro do desempenho da economia, por sua presença nas mais diferentes atividades (desde a indústria alimentícia, de cosméticos, farmacêutica, de autopeças e muitas outras), o setor de embalagens desacelerou no segundo trimestre. Depois de registrar crescimento de 5,01% na produção no primeiro trimestre frente a igual período do ano passado, entre abril e junho, o segmento teve alta de apenas 0,98%, de acordo estudo divulgado ontem pela Associação Brasileira de Embalagem.
No semestre, a expansão foi de 2,98%, ritmo bem mais modesto que os 15,57% dos seis primeiros meses de 2010. No entanto, a diretora executiva da Abre, Luciana Pellegrino, faz questão de ressaltar que o ano passado não serve de comparação, já que os números expressivos se devem à recuperação, após a crise de crédito global que atingiu as empresas brasileiras ao longo de 2009.
Apesar da ressalva, a dirigente assinala que o cenário aponta crescimento tímido. "Esperávamos crescer 2% em volume (de produção), mas estamos revendo para 1%", afirma. Em faturamento, será um pouco mais, 6,8% - o segmento deve fechar o ano com R$ 45,6 bilhões de vendas.
Para ela, o resultado modesto reflete, além das medidas do governo para retrair o consumo, o aumento dos importados. A entrada de bens de consumo do Exterior registra expansão de 25% neste ano e, como esses itens já vêm embalados de outros países, isso representa perda de encomendas.
COMPETITIVIDADE - As empresas do segmento têm procurado se modernizar, para reduzirem custos e elevarem a produtividade. É o caso da Poliembalagem, fabricante de sacos plásticos situada em Mauá. O gerente comercial, Alessandro Lino Guardalben, cita que o consumo vem em queda. "Isso nos levou a focar em produtos em que temos mais competitividade e na aquisição de equipamentos", afirmou. O gerente observa que se a empresa não se mexesse, estaria com resultados menores. Com essas estratégias, ele cita que será possível crescer em faturamento 10% neste ano.
A Mazurky, de São Bernardo, projeta expansão de 15% a 20%, mas o gerente comercial, José Augusto Pinheiro, também se queixa que o mercado está mais cauteloso. Ele cita que a companhia havia se preparado em 2010, investindo em maquinários para ampliar a produção e as vendas estão menores do que o esperado. Para ganhar impulso, Pinheiro afirma que a empresa (que faz caixas de papelão) procura ter atuação mais agressiva na captação de clientes.
Indústrias de vidro têm expansão acima da média do mercado
Se, de forma geral, o setor registrou crescimento modesto, de 2,98% no semestre, os subsegmentos dessa atividade apresentam ritmos diferentes: enquanto a produção de embalagens de plástico cresceu apenas 0,46%, a de vidros subiu 11,69%.
Segundo a diretora executiva da Abre, Luciana Pellegrino, isso se deve ao fato de que essa última área, nos últimos anos não teve crescimento tão expressivo, mas recentemente recuperou mercado, com investimentos em inovação. Ela lembra também que muitas empresas do ramo fornecem para companhias de perfumes de alto valor agregado.
Na região, a Wheaton, de São Bernardo, que fabrica embalagens para grandes empresas de cosméticos, registrou no primeiro semestre 25% de crescimento nas vendas. A companhia, que produz de 800 milhões a 900 milhões de unidades de frascos por ano, tem expectativa de fechar 2011 com expansão de 20%. Chegará a faturamento bruto de R$ 500 milhões. "Esse é um setor (o de cosméticos) que cresce até na crise", destaca o diretor comercial, Renato Massara.
Veículo: Diário do Grande ABC