O segmento de medicamentos genéricos atingiu em julho a participação de mercado esperada até o final de 2011, chegando a 25% da produção e 20% do faturamento de todo o setor farmacêutico nacional, conforme informou o coordenador técnico Administrativo da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró-Genéricos), Luciano Lobo, durante a CPhI South América, evento de insumos farmacêuticos.
Dados da Pró-Genéricos indicam um crescimento do mercado de 32,5% em volume no primeiro semestre de 2011, se comparado ao mesmo período do ano anterior, quando foram comercializados 264 milhões de unidades, com vendas que movimentaram R$ 3,8 bilhões nos seis primeiros meses do ano, expansão de 39,2% do faturamento.
Segundo Lobo, existem muitas patentes de moléculas por vencer nos próximos três anos, como medicamentos contra hipertensão, colesterol, para transplante e anti-inflamatórios.
Os fabricantes de genéricos adquirem direito a explorar as moléculas, princípio ativo do medicamento, dois anos antes da queda da patente e, nesse período, as empresas compradoras investem pesado em testes destes novos ativos para que eles possam chegar ao mercado com as especificações exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) plenamente atendidas.
Tributos
Em relação à questão da incidência de substituição tributária relativa ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) pelo governo de São Paulo em todo o mercado farmacêutico, o executivo da Pró-Genéricos relatou que ainda é cedo para um parecer, pois a Secretaria da fazenda paulista prorrogou para o primeiro dia de outubro a entrada em vigor da normatização que mudaria a base de cálculo do imposto.
Hoje o ICMS dos medicamentos é calculado sobre os preços praticados pelas farmácias e, com a mudança, a base de cálculo seria com base na tabela de preços máximos da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed).
"É preciso chegar a um denominador comum que atenda os anseios do segmento farmacêutico e do governo, e manter as margens atuais dos preços de medicamentos", diz Luciano Lobo.
Insumos
Hoje, 90% dos insumos do mercado brasileiro farmacêutico são importados, principalmente da Ásia e do Oriente Médio, segundo dados da Anvisa. "Para os fabricantes de genéricos e similares a maioria dos componentes vem de fabricantes chineses ou indianos", complementou Lobo.
O coordenador da Pró-Genéricos afirma que, ao contrário do que a maioria do mercado pensa, a matéria prima vinda do exterior passa por rigorosos testes elaborados pela Anvisa, com bases em normas de segurança e qualidade empregadas no mercado dos EUA e da Europa. A partir do momento em que uma determinada indústria ou laboratório realiza esses procedimentos e aprova os componentes, ela passa a responder integralmente por eventuais problemas que venham a ser causados pelo medicamento.
A multinacional holandesa DSM atua na produção destes insumos para a indústria farmacêutica, nutrição humana e nutrição animal e confirma os testes. Segundo o gerente de Mercado para Fármacos e Suplementos do grupo, Daniel Borges, atualmente a empresa tem adquirido outras que atuam no setor, como a norte-americana Martek que fábrica Omega 3, componente importante para saúde cardiovascular.
"Nossos insumos vem do exterior, de nossas plantas espalhadas pelo mundo, ou através de empresas parceiras e cumprem regras de qualidades", diz Borges.
A brasileira MCassab, outra companhia do setor, atua com insumos para os farmacêutico, alimentícios, animal e de cosméticos, com destaque para os produtos de maior valor agregado.
Segundo sua gerente de Vendas nacional, Cynthia Barrera, o grande diferencial da empresa é que ela trabalha com moléculas que têm uma mesma função de outras, com patente, mas que contam com inovações.
Isso permite à MCassab utilizar a molécula ao mesmo tempo que o detentor da patente, sem infringir qualquer legislação.
Veículo: DCI