Renovar cardápio e ir ao Nordeste são os planos de redes de refeição

Leia em 5min 10s

Pesquisa divulgada ontem pela Associação Brasileira de Franquias (ABF) mostra que o ganho de 46 companhias do segmento da alimentação aumentou 16,8% no ano passado. Os responsáveis pelo estudo apontam duas tendências do mercado: atuação no nordeste brasileiro, que tem potencial pouco explorado, e investimento na variedade de ofertas comestíveis.

 

Duas tendências dominarão os próximos passos no ramo de franquias de alimentação: explorar a abertura de lojas na Região Nordeste, que é a próxima fronteira a ser explorada pelo sistema de franquias, além de cada vez mais adotar cardápios diferenciados, em menos espaço de tempo. Pelo menos esse é o plano de 46 redes do segmento afiliadas à Associação Brasileira de Franchising (ABF) e que lucraram R$ 9,2 bilhões no ano passado.

 

Pesquisa divulgada ontem pela entidade, em parceria da consultoria ECD, projeta este ano aumento de 18,6% do faturamento do segmento, sendo que as receitas de 2010 já representam crescimento de 16,8%. "Temos muito mercado para explorar no Brasil", afirmou o coordenador de Redes de Alimentação da ABF, João Batista Jr., que também é dono da cadeia Rei do Mate. "Não há mais espaço para amadorismo."

 

Quanto à participação no mercado nordestino, esta deve crescer 7,8% em 2011, ultrapassando o nível de penetração constatado na Região Sul - atualmente, o segundo lugar onde as lojas das redes estão mais presentes. "O Nordeste é a nova fronteira", observou o diretor da ECD, Enzo Donna, "16% das despesas com alimentação fora de casa estão lá, mas somente 10% das franquias atendem a região".

 

Os 10% equivalem a cerca de 480 unidades, que pertencem às redes pesquisadas pela consultoria de Donna e pela ABF. Nessa amostra, a Região Sudeste é líder na concentração de companhias, com 65,5% das lojas contempladas. No entanto, há uma tendência de redistribuição das unidades: a projeção é de que caiam ao nível de 56,9% este ano, enquanto crescem no Nordeste.

 

Outra tendência do segmento é a necessidade crescente de lidar com as novas demandas do consumo. "Como o consumidor está mudando, ele se dá ao luxo de provar coisas novas", analisou Batista Jr.: "Isso leva a uma maior variedade nos restaurantes". Segundo Donna, 70% das redes pesquisadas transformam seu cardápio periodicamente, entre períodos que variam de seis meses a um ano. "Uma mensagem que damos aos franqueados é 'vamos aumentar a variedade, que é um bom momento!'", contou.

 

Especialistas concordam em que a alimentação fora de casa é decidida a partir de dois aspectos: o prazer proporcionado pela comida e, em segundo lugar, o grau de saúde que vem agregado à comida. "Há consenso entre os singles [consumidores solteiros] de que as refeições fora de casa devem ser saudáveis", diz a pesquisadora Maria Aparecida Toledo.

 

Localização

 

O estabelecimento de franquias em shopping centers é uma tradição que segue evoluindo. A considerar as 46 redes avaliadas pela pesquisa da ABF e ECD, entre 2009 e 2010, a presença de lojas em centros de compras foi de 62,7% para 64,7%. Para este ano, espera-se que o percentual suba para 69,7%, e assim por diante.

 

"O shopping ainda é a grande referência do setor. É o local preferido dos empresários, e o mais adequado, porque tem geração de tráfego garantida", analisou Donna. Em seguida, Batista Jr. apontou uma nova tendência: os centros empresariais. "As empresas de hoje já nascem com praça de alimentação. Os prédios comerciais são lançados assim", afirmou ele. Mas o estudo revela que apenas 1,4% das lojas estão em edifícios corporativos. O segundo tipo de local mais cotado para a penetração de franquias de alimentação é a rua. Das 4.793 unidades consideradas, 24,2% ocupavam o espaço público em 2010, com projeção de aumento para 25,6% este ano. "Só vamos crescer de fato nas ruas quando houver endereços vocacionados, com serviços públicos, estacionamentos etc.", avaliou Batista Jr.

 

Gargalos

 

Uma das características do segmento é a falta de gestão profissional, segundo Donna. "Essa é uma característica de todo o setor de alimentação, não só de franquias", afirmou o consultor. Mesmo Batista Jr., que representa a ABF, havia dito que não sobra mais espaço no mercado para empresários amadores.

 

"Quem entra hoje tem de ter dinheiro para investir, capacitação profissional e parcerias estratégicas na área de logística", afirmou o proprietário da rede Rei do Mate. Para exemplificar a urgência da logística, ele citou o caso de uma franquia que foi aberta no Ceará, e por falta de infraestrutura pública hoje não tem como receber as matérias primas.

 

Outro problema, nas palavras de Donna: "A inflação dos alimentos, incidente nos últimos dois anos, não é repassada pelas franquias ao consumidor final. O segmento precisa de alimentos pré-preparados - com especificações técnicas -, e a indústria tem de perceber que as franquias são parceiros a longo prazo". Ou seja, há necessidade de aliança entre franqueados e industriais.

 

As 46 redes de alimentação consultadas pela pesquisa da Associação Brasileira de Franchising (ABF) têm diminuído a própria exportação de lojas, conforme se vê nos dados do estudo. Em 2009, considerando-se as unidades internacionais, 73% estavam no México; 14%, no Paraguai; 9%, na Espanha, e 5% nos Estados Unidos. Já em 2010, o México concentrou 81% das lojas e restaram à Espanha os outros 19%. "A crise internacional e o bom momento da economia brasileira tiraram o foco da exportação de franquias", afirmou Enzo Donna, diretor da consultoria especializada ECD, que apoiou a ABF na elaboração da pesquisa.

 

É importante realçar que a comparação anual sofre interferência, já que variam as companhias consultadas. Mesmo assim o indicador é válido, pois mostra uma queda, ainda que imprecisa, da exportação de marcas. A tendência é uma só: em 2013, estima-se, 100% das unidades estarão no México; 0% em outros países.

 

Veículo: DCI


Veja também

Genéricos já respondem por 25% da produção de remédios

O segmento de medicamentos genéricos atingiu em julho a participação de mercado esperada até...

Veja mais
Vendas devem crescer em agosto.

O segmento de eletroeletrônicos foi um dos que registraram o melhor desempenho no mês passado   Pesqu...

Veja mais
Faturamento real pode crescer 6,9%

O faturamento real, descontada a inflação, das principais redes varejistas brasileiras em agosto deve subi...

Veja mais
Droga Raia lança programa de descarte em MG

A Droga Raia, segunda maior rede de farmácias e drogarias do país em número de lojas, está e...

Veja mais
Papel do RH é desconhecido nas empresas

Que a área de recursos humanos subiu no conceito corporativo não é novidade. Que nos últimos...

Veja mais
Múltis de alimentos ficam mais locais em emergentes

De manhã cedo, no limiar da selva indonésia, logo depois da primeira prece da manhã, camponeses com...

Veja mais
Bic amplia presença no pequeno varejo para faturar R$ 600 milhões em 2011

Companhia reforça linhas de produtos para fechar o ano com crescimento acima de 10%   As canetas e isqueir...

Veja mais
Produto de limpeza é arma no combate ao desperdício

O Royal Palm Hotels & Resorts, de Campinas (SP), passou a economizar cerca de 30 mil litros de água por m&eci...

Veja mais
Paraná reduz previsão para safra de trigo

A colheita de trigo atingiu 4% da área plantada no Paraná e há indicativos de que a quebra da safra...

Veja mais