Morango orgânico em clima quente

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A experiência de produtores do município de Três Marias, na região Central do Estado, no cultivo de morango orgânico foi tema do dia de campo "Produção de Morango Orgânico para a Agricultura Familiar" promovido esta semana pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). O evento, realizado em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG), faz parte do projeto "Produção de Morango Orgânico para Agricultores Familiares para Diversificação da Produção e como Nova Alternativa de Renda na Região Central de Minas Gerais", coordenado pela pesquisadora da Epamig Juliana Carvalho Simões e financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

 

Implantado em 2009, o projeto ofereceu a agricultores familiares da comunidade do Bonfim apoio tecnológico e técnico para o início do cultivo. No primeiro ano, 14 produtores da Associação Comunitária do Bonfim (Asbon) cultivaram, em uma área de 500 m2, 2,5 mil mudas, o necessário para produzir mil quilos de morango (o equivalente a 3.330 caixas). "No princípio, ficamos em dúvida sobre a possibilidade de produzirmos morango em uma região de clima quente, mas já na primeira colheita tivemos resultados positivos. Hoje, produzimos em três unidades familiares e só vendemos por encomenda, pois nossa produção é pequena para a demanda que temos", afirma a presidente da Asbon, Ana Lúcia Fernandes Pereira.

 

O extensionista da Emater-MG Magno Gomes da Rocha apresentou planilhas de custo e produção no primeiro ano do projeto. Segundo ele, para cada quilo de morango produzido foram gastos R$ 6,52. Na região, o quilo de morango é comercializado por R$ 9,99, o que permitiu um lucro de R$3,47 por quilo produzido/comercializado. "Verificamos que o cultivo de morango é mais uma oportunidade de negócio para o agricultor familiar e pretendemos expandir essa ideia para os outros produtores da região", diz.

 

A pesquisadora Juliana Simões lembra que o projeto termina no final de 2011, mas a parceria com os produtores daquela comunidade vai continuar. "O papel da Epamig é transferir os resultados de suas pesquisas para extensionistas e produtores e propor alternativas para aumentar a qualidade e a produtividade", afirma.

 

Praga - A pesquisadora da Epamig Centro-Oeste Wânia dos Santos Neves alerta os produtores para o combate aos nematoides (tipo de verme que retira os nutrientes da planta). Segundo Wânia, não há registros da praga em Três Marias, mas já há incidências em morangueiros na região Centro-Oeste. A pesquisadora afirma que o combate deve começar com a prevenção. " preciso fazer a análise do solo, adotar mudas certificadas, verificar a procedência da água e desinfetar os implementos agrícolas. Afinal, todos esses meios podem propagar o nematoide", diz.

 

O pesquisador da Epamig Sul de Minas Mário Sérgio Carvalho Dias falou sobre o cultivo do morangueiro desde a preparação do solo até os cuidados pós-colheita. Mário Sérgio destacou as pesquisas para implantar a cultura do morango em regiões consideradas inaptas. "Comecei o plantio de morango irrigado em Janaúba, Norte de Minas, no ano de 2001, e algumas cultivares apresentaram resultados bastante favoráveis. Hoje, além do Sul de Minas (maior região produtora do Estado), o fruto já é cultivado com qualidade no Vale do Jequitinhonha, no Triângulo e no Centro-Oeste", diz.

 

Mário Sérgio apresentou as cultivares de morango mais produzidas no mundo e destacou que é importante verificar as condições de clima e solo antes de ser escolhida a variedade que vai ser plantada. "Às vezes, uma cultivar lançada no Sul de Minas não é eficaz para o Norte. Para a região Central, por exemplo, recomendamos a Oso Grande, que é mais cultivada no Brasil", afirma.

 

O pesquisador destaca o potencial de crescimento da cultura no país. "O Brasil produz cerca de 100 mil toneladas de morango por ano e não figura entre os maiores produtores mundiais. Minas é o maior produtor do país. Investindo na produção agroecológica/orgânica, podemos agregar mais valor ao produto, que também é rico em nutrientes como vitamina C e flavonoides (substâncias que previnem o câncer e o envelhecimento precoce)", acrescenta.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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