As caipirinhas e limonadas pesarão mais no bolso do consumidor. A inflação do limão em agosto foi a maior em nove anos. O custo médio da fruta subiu 104,8% entre o último dia de julho e quarta-feira. Colocando na ponta do lápis, o consumidor que pagou R$ 4 por um quilo do limão, no fim de julho, atualmente vai desembolsar, em média, R$ 8,19 pela mesma quantidade.
O resultado foi divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, por meio do IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) da quarta quadrissemana, que representa a inflação nacional.
O professor do Ibre/FGV responsável pela pesquisa, Paulo Picchetti, disse que o pico de inflação do limão ocorreu, justamente, no mês de agosto, mas há dois anos. "A alta foi de 143% em 2009." O terceiro maior resultado da série histórica está bem abaixo do resultado divulgado ontem. Em setembro de 2010, o preço médio do limão expandiu 36%.
OFERTA - O preço da fruta se enquadra no perfil dos valores dos produtos agrícolas, que normalmente apresentam grandes oscilações no curto prazo, afirmou Picchetti.
Exemplo disso foi o caminho inverso que o limão percorreu em janeiro de 2005. Naquele mês, houve a maior deflação em nove anos, ou seja, o preço médio recuou 44%. "Isso acontece por causa das variações de oferta de curtíssimo prazo, comum dos produtos agrícolas", explicou Picchetti.
"A oferta neste ano está menor do que nos outros anos", explicou a analista de mercado do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo Fernanda Geraldini. Ela acrescentou que o período entre julho e janeiro é considerado de entressafra da fruta.
Neste mês, as maiores influências negativas para segurar a inflação, segundo o Ibre/FGV, complementam os argumentos de Picchetti. A batata inglesa, líder da lista, apresentou deflação de 21,3%.
Completando o ranking de decréscimos de preços em agosto, os agrícolas figuram nas outras duas posições de maiores forças para segurar o IPC-S, que variou 0,40% no mês. O custo médio do alho teve decréscimo de 10,38%.
E a cebola apresentou retração de 10%.
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal de agosto registrou 0,40% no mês e 4,17% no ano. Porém o perigo está no indicador acumulado em 12 meses, 7,10%, superior ao teto da meta de inflação do Conselho Monetário Nacional, que é de 4,5%.
A meta, e margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo, é o limite para o avanço médio dos preços que o governo considera aceitável para a economia caminhar bem. No entanto, o professor responsável pelo indicador do Ibre/FGV, Paulo Picchetti, expressou sua preocupação. "O resultado está muito acima do centro da meta e provavelmente não encerrará o ano em 4,5%." Ele não acredita em superação do teto da meta.
SELIC - Picchetti disse que a redução da Selic de 0,5 ponto percentual, que surpreendeu o mercado por sair da gradualização e ir contra as expectativas de manutenção ou leve alta, não terá tanta influência nos preços até o fim do ano. "O que ocorre na economia fora do País terá mais influência."
Veículo: Diário do Grande ABC