Dicico desacelera em lojas próprias e abre franquias

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Enquanto reduz o plano de abertura de lojas próprias, a rede de materiais de construção Dicico persegue a meta de chegar a cem franquias até 2015. A primeira foi inaugurada na semana passada em Vinhedo (SP). O freio na expansão própria reflete a desaceleração nas vendas. No primeiro bimestre, houve crescimento de 25% em relação a igual período de 2010. A partir de junho, o ritmo de expansão passou a ser de 6%.

 

A expectativa da Dicico é fechar o ano com crescimento de 11%, em relação a 2010 - bem menos do que os 22% registrados no ano passado. A empresa, que faturou R$ 700 milhões em 2010, é a quarta maior do setor, depois de Leroy Merlin, Telhanorte e C&C.

 

O plano inicial, de abrir 14 lojas próprias neste ano, foi reduzido para 11, em junho, e deve ficar em oito. A sexta será inaugurada neste mês. "Até o final do ano gostaríamos de abrir mais uma ou duas, mas vai depender da situação", diz o copresidente da Dicico, Jorge Letra. O investimento em reformas e novas lojas deve somar R$ 28 milhões neste ano.

 

A ideia de trabalhar com franquias, incomum no varejo de material de construção, estava nos planos da Dicico antes mesmo do movimento de desaceleração das vendas começar, segundo Letra. "Já havia alguns indícios de que seria cada vez mais difícil abrir lojas", diz o executivo, que aponta entre esses sinais a saturação de empresas do ramo em algumas regiões e a valorização imobiliária.

 

A redução no ritmo econômico favorece o crescimento por franquias, de acordo com Letra. Isso porque o modelo da Dicico consiste em transformar pequenos empresários do setor em franqueados. "Essas empresas estão com dificuldade porque a economia também desacelerou para elas".

 

Muitas pequenas empresas têm fechado as portas, diz Cláudio Conz, presidente da Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção (Anamaco). De acordo com a entidade, 58% das 138 mil empresas do setor têm até dez funcionários e 79% têm apenas uma loja.

 

O sistema de substituição tributária, segundo Conz, prejudica o varejo de pequeno porte. O número de lojas de material de construção que fecham ou mudam de segmento econômico em São Paulo já chega a quatro por mês, informou o Acomac, a associação paulista do setor.

 

Transformar-se em franquia é uma boa saída para essas empresas, na opinião do diretor de canais da Dicico, Cláudio Fortuna, já que elas passam a contar com ferramentas de gestão, compras centralizadas e um estoque maior, além da força da marca. A Dicico investe tem investido até 4% da receita em publicidade.

 

Além de não ter que imobilizar capital, a Dicico se beneficia ria do toque regional da franquia. "Em algumas ocasiões, já pagamos o preço por chegar com cara de estrangeiro na região", diz Fortuna. O franqueado poderá adaptar o mix de produtos e trabalhar com fornecedores locais.

 

É também atenta ao apelo regional do setor que a Dicico busca um modelo para chegar a outros Estados com lojas próprias. Hoje as 54 unidades da rede ficam em São Paulo. A intenção é fazer parcerias com pequenas redes locais. "Nós esperamos fazer uma associação ou fusão ainda em 2012", diz o copresidente. Se esse plano não der certo, a ideia é usar o modelo de franquias para chegar a outras regiões em 2013.

 

O centro de distribuição em Guarulhos (SP), com área de 200 mil m2, ainda tem folga para atender à expansão, mas a empresa já se prepara para uma logística menos centralizada. O primeiro entreposto será aberto na semana que vem em Limeira (SP). "É um teste para uma operação com vários centros, o que será inevitável se formos para outros Estados", diz Letra.

 

O plano de abrir capital, que no passado chegou a ser marcado para 2011, não tem mais previsão para sair do papel. "Não chegou a hora ainda", afirma categórico o copresidente.

 

Veículo: Valor Econômico


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