Brasil passa a ser quarto maior mercado da Sodexo

Leia em 3min 30s

Com a aquisição da fornecedora de refeições coletivas gaúcha Puras, a operação brasileira da Sodexo passa a ser a quarta maior do grupo francês no mundo, atrás apenas de Estados Unidos, França e Reino Unido. Antes do negócio, a filial ocupava a décima segunda posição, num rol de 80 países. Segundo comunicado divulgado na terça-feira à noite pela matriz em Paris, a multinacional comprou 100% do capital da Puras, que foi avaliada em 525 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão). Os termos da transação não foram divulgados.

 

Costurada em apenas três meses, a negociação muda também o ranking do mercado de refeições coletivas brasileiro, até agora liderado pela GRSA, que registrou receita líquida de R$ 1,6 bilhão no exercício fiscal encerrado em setembro de 2010 e pertence ao grupo inglês Compass - líder global do segmento e principal rival da Sodexo no mundo. A francesa figurava em quarto lugar entre as maiores companhias em funcionamento no país, depois da brasileira Gran Sapore e da vice-líder Puras. Agora, com uma receita anual estimada em R$ 2 bilhões, sobe para a primeira colocação e passa a ter uma participação de mercado de 18,5%, considerando os R$ 10,8 bilhões movimentados pelo setor em 2010, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas.

 

"No fundo era uma vontade tanto da Sodexo quanto minha de sermos líderes e conseguimos isso juntos", disse ao Valor Hermes Gazzola, fundador e presidente da Puras, que continua no negócio como presidente do conselho de administração da Sodexo on-site no país (divisão que engloba refeições coletivas e serviços corporativos como limpeza e manutenção). Ele conta que havia contratado uma empresa para preparar sua sucessão no longo prazo e não via possibilidade de pessoas da família darem continuidade ao negócio, que criou há 31 anos. Paralelamente, vinha conversando com um banco para preparar a abertura de capital. A proposta da Sodexo, segundo o empresário, se mostrou similar à avaliação da companhia feita pela instituição financeira e ele decidiu pela venda à concorrente. Seu papel, agora, será trabalhar na integração das operações.

 

Gazzola, assim como o francês Satya Menard, que comanda a operação "on-site" da Sodexo no Brasil, ressaltam a complementariedade das duas empresas. Enquanto a Puras é forte na região Sul e no promissor segmento de petróleo e gás, atendendo 26 plataformas com "restaurantes flutuantes", a Sodexo tem operação mais concentrada em São Paulo e no Rio e cresce na área de saúde (atendimento a hospitais). Menard descarta a possibilidade de demissões. "Pela característica do nosso negócio, 97% do nosso pessoal trabalha na 'casa' do cliente [nos restaurantes corporativos]. Além disso, somos empresas com crescimento expressivo, é necessário um 'back office' forte", afirma o executivo. No ano passado, a receita da Puras cresceu cerca de 30% e a da Sodexo, 25%. Num primeiro momento, as duas marcas serão mantidas.

 

Além de dar mais musculatura à companhia no Brasil, a expectativa do grupo francês é que o negócio proporcione elevação da rentabilidade. A multinacional espera aumentar sua margem Ebit (lucro operacional dividido pela receita líquida) na região que engloba Brasil e América Latina de 3% para 5% nos próximos três a cinco anos - percentual médio de suas operações globais. A margem atual está bem abaixo da obtida por concorrentes como a GRSA, cujo indicador chegou perto de 6% no ano passado, segundo seu balanço financeiro.

 

Esta não é a primeira grande aquisição do grupo francês no país. Em 2007, comprou a VR, por R$ 1 bilhão, fortalecendo seu outro braço de negócios, de gestão de cartões de benefícios como vale-refeição. Em 2010, essa divisão, chamada de Motivation Solution, obteve receita líquida de R$ 606,6 milhões no país, a maior do segmento, à frente da Ticket (da também francesa Edenred) e da Visa Vale. O desempenho foi 15% superior ao do ano anterior. No mundo, a Sodexo tem um faturamento global de € 15,3 bilhões.

 

Veículo: Valor Econômico


Veja também

Varejo deve manter ritmo do ano passado no Natal de 2011

Baixos níveis de endividamento e inadimplência, altos índices de emprego e renda, corte na taxa b&aa...

Veja mais
Philip Morris investe R$ 11 milhões para construir laboratório no RS

A multinacional fumageira Philip Morris, com sede na Suíça, comunicou ontem ao governo do Rio Grande do Su...

Veja mais
Dicico desacelera em lojas próprias e abre franquias

Enquanto reduz o plano de abertura de lojas próprias, a rede de materiais de construção Dicico pers...

Veja mais
Coop eleva produção de panetone em 28%

Embalada pelo aumento do consumo de produtos típicos de final do ano, a Cooperativa de Consumo, (Coop) com sede e...

Veja mais
Termômetro do setor, Dia da Criança deve seguir alta recorrente

Especializada em brinquedos, a rede PBKids prevê crescimento de 15% das vendas referentes ao próximo Dia da...

Veja mais
Venda de Natal segue firme nas fábricas

Fábricas da Selmi, Ramarim, Samsung e LG já trabalham para atender aos pedidos do varejo e projetam cresci...

Veja mais
Aumento de imposto cobrado sobre cigarro é adiado para 2012

O governo adiou para o início de 2012 o aumento do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) do cigarro. Aind...

Veja mais
Norte de Minas diversifica a produção agrícola

Investimentos feitos pelo governo de Minas nos últimos anos, com o objetivo de identificar alternativas para a di...

Veja mais
Atacadistas já preveem desaceleração nas receitas

A expectativa de um crescimento "robusto" do setor atacadista e distribuidor mineiro neste ano não deverá ...

Veja mais