Baixos níveis de endividamento e inadimplência, altos índices de emprego e renda, corte na taxa básica de juros (Selic) e outros fatores econômicos, tudo isso leva a crer que a atividade varejista seguirá estável (em cima da alta obtida em 2010) até o fim do ano, quando as festas impulsionam ainda mais as vendas. Representantes do setor acreditam na manutenção dos resultados obtidos no ano passado, quando houve "o melhor Natal da década"; em contra partida, as redes varejistas se mostraram preparadas para as festividades, com estoque e pedidos engatilhados.
"O faturamento da data deve ser similar ao de 2010, sem apresentar crescimento, mas, sim, estabilidade", analisou a economista Fernanda Della Rosa, da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado de São Paulo (Fecomércio-SP). "É ótimo, pois partimos de uma base consistente e estamos falando de uma economia forte", observou.
As informações que dão suporte a análise de Fernanda são as seguintes: os consumidores estão no menor nível de endividamento (45,1%) desde junho de 2010; a inadimplência está num nível (12%) que não se vê desde fevereiro daquele ano; e o índice oficial de desemprego é baixo: 6,6%. Além disso, há dados que comprovam o maior uso de cartão de crédito (71,2%) e mostram que a relação temporal do consumidor com as dívidas gira em torno de seis meses.
"Apesar dos indícios da crise mundial, das ameaças que podem impactar o Brasil, o consumidor está indo para o Natal com uma confiança inabalada", disse a economista, "com as dívidas já quitadas".
Importação e estoque
Do outro lado do balcão, os estoques de produtos estão normalizados e prontos para receber a demanda natalina, na avaliação do presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Rogério Amato. "Teremos crescimento, mas muito menor do que o do ano passado", afirmou. Em 2010, as empresas sofreram de insuficiência na estocagem. "Não estavam preparadas para algo tão grande", afirmou o representante.
A rede Armarinhos Fernando, cuja matriz fica nas cercanias da Rua 25 de Março, no centro de São Paulo, passa a receber as encomendas de Natal depois do dia 12 de outubro, Dia da Criança. "A preparação começa no dia 13. Esperamos alta para a data, vamos trabalhar para superar o ano passado. Se as coisas fluírem, acho que vai ser fácil", declarou o gerente da loja principal, Ondamar Ferreira.
Quando é Natal, cerca de 40% dos produtos da Armarinhos Fernando vêm da China, o que ajuda a explicar a expectativa positiva do setor de comércio, em paralelo ao fato de que entidades industriais projetam baixa para a data."A indústria vem sofrendo pelo câmbio, que favorece a importação, enquanto o varejo é beneficiado pelo acesso a importados", afirmou a economista Mariane Henson, da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
A CNC estipula crescimento de 5,6% (sobre 10% averiguados em 2010) para a atividade comercial no último trimestre do ano, cujo resultado é influenciado principalmente pela comemoração natalina, a época de vendas mais forte para o varejo. "O Natal é uma sazonalidade para diversos segmentos, como móveis e eletrodomésticos, que devem vender 10% mais, e tecidos e vestuário, 5,2%", detalhou Mariane.
Produtos tecnológicos
Outra categoria para a qual se imagina sucesso na data é a de tecnologias como tablets, notebooks e televisões moderníssimas. "Esses produtos tiveram alta de 9% no último trimestre, portanto, não há muito otimismo para o fim do ano. As pessoas estão antecipando suas compras", disse Mariane, contradizendo a análise de mercado recorrente.
Para Rogério Amato, da ACSP, há uma "renovação tecnológica" no mercado de consumo. "O televisor passou a ser acessível e se tornou uma fonte de satisfação pessoal das famílias", caracterizou o representante. Dessa forma, em sua visão, produtos de tecnologia devem liderar as vendas de Natal, refletindo o bom momento da economia.
"Não há crise", enfatizou Amato. "Mesmo com o que está acontecendo na Europa e nos Estados Unidos, teremos crescimento no Brasil", previu.
Veículo: DCI