Otimismo anda por ferrovias e hidrovias

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Mesmo tímido, o avanço da movimentação de carga pelas ferrovias e pelas alternativas aquaviárias, como a navegação de Interior e a cabotagem, indica que a modificação da matriz de transporte já está em curso. 

 

É cedo para se comprometer com as metas previstas para 2025 pelo Ministério dos Transportes, com base no PNLT - Plano Nacional de Logística e Transporte, que estimam a redução da participação das rodovias dos atuais 58% para 33%, o aumento das ferrovias de 25% para 32%, e o crescimento das aquavias dos 13% atuais para 29%. Mas, o ânimo dos concessionários dos serviços de transporte sinalizam positivamente. 

 
Desde que foram arrendadas à iniciativa privada, as ferrovias têm mostrado performance reconhecidamente importante na logística. Aplicando recursos que beiram os R$ 20 bilhões, em 11 anos, as empresas responsáveis pelas 11 concessões ferroviárias conseguiram passar de 137,2 bilhões de TKU (tonelada por quilômetro útil transportada) movimentados em 1997 para 280,6 bilhões de TKU estimados para 2008, uma média anual de 5,8% de crescimento. O transporte de contêineres também demonstrou significativo aumento, saindo de 3,45 mil unidades (TEUs) em 1997 para estimados 235,45 mil TEUs em 2008. 

 

Na cabotagem, as estatísticas da Agência Nacional dos Transportes Aquaviários, Antaq, também mostram variação positiva da carga transportada, com crescimento de 12% entre 2005 e 2007. A movimentação de contêineres segue a mesma curva ascendente, com estatísticas indicando crescimento de volume de quase 200% : em 2002, foram transportados 165 mil TEUs e, em 2007, registraram a movimentação de 520 mil TEUs. 

 

Na navegação de interior, a variação foi pequena, com registro de aumento de volume de 3% , para uma tonelagem que varia na faixa de 45 milhões de t/ano. Apesar da pequena variação, o entusiasmo pelo modal é grande. "O transporte hidroviário pode crescer muito. Temos o 2º maior potencial de rios navegáveis do mundo, com 60 mil quilômetros, atrás apenas da Rússia", afirma Murillo Barbosa, diretor da agência. Atualmente, apenas 13 mil quilômetros são aproveitados para transporte de carga. Segundo a Antaq, se toda a extensão navegável estivesse em operação, o volume poderia subir para 160 milhões de toneladas/ano. 

 

"Ao contrário do que tradicionalmente se diz, investir em hidrovia é investir no meio ambiente", diz, garantindo já ter conseguido o aval do ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente. 

 

José de Freitas Mascarenhas, presidente da Comissão de Infra-estrutura da CNI, percebe os avanços da ferrovia e da hidrovia, mas lembra que ainda há muito a percorrer para que os embarcadores possam, efetivamente, contar com essa oferta para reduzir custos com a movimentação de sua produção. 

 

O sistema ferroviário brasileiro é, por tradição, voltado para as commodities. O complexo ferro-siderúrgico mais os grãos e os minerais representam quase 87% do total das mercadorias transportadas, em 2007. Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários, ANTF, reconhece as atuais limitações técnicas e comerciais, mas acredita que esse perfil poderá ser alterado. 

 

A ALL - América Latina Logística pode ser considerada um exemplo de ampliação da oferta de serviço para a área de industrializados. Segundo Bruno Lino, gerente de Industrializados da unidade São Paulo, o segmento tem crescido ao ritmo de 20% a 25% nos últimos anos, ante a média de 18% da carga total. Quando iniciou a operação, em 1997, o mix era 90% carga agrícola e 10% industrial. Em 2006, a participação do industrial já era 45%. Com a compra da Brasil Ferrovias, a carga agrícola voltou a crescer no total da carga transportada pela empresa e hoje participa com 75% do total, ficando 25% com produtos industriais. 

 

Veículo: Valor Econômico


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