Indústria citrícola acende sinal vermelho no País

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A industria citrícola brasileira, que está em um período de estagnação, precisa se reestruturar para não encolher, afirmou ao DCI Christian Lohbauer, presidente da Associação Nacional de Exportadores de Sucos Cítricos (Citrus-BR). A causa para o alarme é a queda no consumo mundial de suco de laranja, a falta de investimentos no campo e os altos custos de produção.

"A conclusão é que a industria citrícola do Brasil precisa se reinventar, e se reestruturar para não perder aos poucos o seu tamanho e importância", disse ele.

Já o setor produtivo, que historicamente ocupava as regiões norte e central do Estado de São Paulo, está migrando para a região sul, conhecida por "Castelo", em busca de terras mais baratas, e menor incidência de pragas.

Com um volume de vendas externas estagnado na casa de 1,3 milhão de toneladas de suco de laranja por ano, um consumo em queda e os custos de produção em alta, Lohbauer garante que a industria precisa de uma transformação obrigatória para não agravar ainda mais a situação. "Não acredito que o setor está fadado a desaparecer, mas ele entrou em um período de estagnação que pode ser crônico".

Há dez anos o volume de exportação do setor era de 1,34 milhão de toneladas, neste ano a previsão é atingir a mesma marca. Para o executivo, a melhor saída para o setor é ampliar o consumo do produto, com ações efetivas nos países compradores, melhorando o marketing e os preços. "Precisamos de ajuda, pois fazer o americano e o europeu voltarem a tomar suco é algo complicado. Para essa redução de preços precisamos melhorar os custos e reestruturar a cadeia produtiva. Precisamos reduzir os custos de produção da laranja, do suco e de exportação, e isso é um trabalho que temos que fazer aqui", disse.

Apesar da crescente produção de laranjas no País, que segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), deve atingir na safra 2011/2012, 377 milhões de caixas de 40 quilos, 18% superior a colheita anterior que foi de 322 milhões de caixas, a área plantada no maior estado produtor da fruta, São Paulo, segue em queda.

Neste segundo levantamento, á área ocupada com laranja no Estado de São Paulo é de 580 mil hectares, queda de 6,38% se comparado aos 620 mil hectares da safra anterior. Segundo Christian Lohbauer, as principais razões para essa redução é a erradicação de pomares improdutivos, a falta de competitividade da laranja frente a outras culturas, e o baixo rendimento do negócio.

Para ele, a cana-de-açúcar, que no ano passado tomou 25 mil hectares da laranja, não é a razão principal para essa perda, e sim a falta de viabilidade da cultura. "Hoje o produtor está repensando a viabilidade de se plantar laranja. Principalmente aqueles pomares mais antigos, que possuíam árvores mais espaçadas, mais velhas e a produtividade mais baixa. Esses pomares não são rentáveis, e isso é uma realidade", garantiu Lohbauer.

Entretanto, o setor produtivo já encontrou uma saída para minimizar essa perda de competitividade da cultura, que sofre também com a alta incidência de pragas e problemas climáticos. Trata-se de uma migração para a região sul do estado.

A região central do estado que detém a maior parte da produção paulista com 134 milhões de caixas, registrou uma queda de 0,4% no número de árvores produtivas desde 2005 até o ano passado. Na região noroeste a queda foi de 8% e a Norte 16%. Já a região de "Castelo", o incremento nesses cinco anos no número de árvores foi de 89%, passando de 21 milhões em 2005 para pouco mais de 40 milhões no ano passado. "Nessas regiões os preços das terras eram mais baratas, e a incidência de pragas é muito menor, principalmente o greening, que ataca com maior eficácia em regiões menos úmidas", descreveu o diretor da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Gastão Crocco.

Apesar dos benefícios, Flávio Viegas, presidente da Associação Brasileira dos Citricultores (Associtrus), destacou que o alto índice de umidade também atraí outras doenças, como o cancro cítrico. "Existe realmente esse movimento em busca de novas áreas, terras mais baratas, clima um pouco mais favorável, e a fuga de algumas doenças que existem no norte. Entretanto, o sul possui suas próprias pragas", ressaltou.

Outro problema que essa migração pode gerar é o custo da logística, já que a nova região não possui nenhuma industria para o processamento de laranja. Segundo o presidente da CitrusBR, se a produção está se deslocando, as indústrias também precisam seguir esse trajeto. "Essa mudança é necessária para as fabricas, pois senão os custos que ficariam mais baratos na produção, encarecem no transporte. Entretanto, não existe nenhum plano para a criação de fábricas novas, pelo contrário temos plantas fechando como a Citrosuco que fechou uma unidade em 2009", disse.

Crocco, que também possuí uma fazenda de laranja na região central do estado, atestou: "Minha produtividade na unidade da região sul é muito maior que esta".



Veículo: DCI


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