Classes D e E aumentam gastos com chuteiras

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As vendas de chuteiras de futebol caíram 30,2% no Brasil no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado, mostra um levantamento da consultoria Kantar Worldpanel. Esse mercado tinha crescido 14% na comparação entre 2010 e 2009, no mesmo intervalo. Como 2010 foi ano de Copa do Mundo - quando as vendas de produtos ligados ao esporte crescem consideravelmente -, a queda já era esperada pelo setor. Além disso, o período mostra uma nova tendência: o investimento das classes D e E nesse item. Em 2009, o grupo gastava R$ 54 em um par de chuteiras; no ano passado, a média foi de R$ 59 e em 2011, R$ 90.

Por outro lado, os outros grupos estão estabilizando o consumo. As classes A e B desembolsaram mais com o produto em ano de Copa: de R$ 80 em 2009 passaram para R$ 92 em 2010 e voltaram a R$ 83 este ano. A classe C, maior consumidora de chuteiras, gastou R$ 74 em 2009, R$ 69 no ano passado, e voltou a pagar, em média, R$ 71 por par no primeiro semestre. Por ano, são vendidos 12 milhões de pares de chuteira no Brasil.

O aumento da renda familiar e a facilidade em dividir o pagamento em pequenas parcelas permitiram que as classes D e E adquirissem uma chuteira mais cara. "Esse grupo passou a ter acesso a crédito e ao mercado formal de trabalho. O calçado começa então a ser um item que influencia muito no status", diz Everton Santos, gerente comercial da Dalponte.

A empresa, quarta colocada em vendas nesse segmento, aumentou sua participação de mercado de 6,9% em 2010 para 9,2% em 2011 (segundo dados apurados pelo Valor). O crescimento, de acordo com Santos, foi obtido com o lançamento de modelos com tecnologia e preço baixo. Os calçados custam de R$ 49 a R$ 139, mas o mais vendido sai por R$ 79.

"O público está disposto a desembolsar mais para ter outro produto. Se o consumidor sai da faixa de R$ 70 e vai para a de R$ 90, entra em outra proposta de consumo", diz Sylvio Teixeira, diretor da Umbro. As chuteiras da marca custam de R$ 94 a R$ 700, mas 50% das vendas se concentram nos modelos de até R$ 120.

A Umbro foi comprada pela Nike há quatro anos e em 2011 conquistou a liderança desse mercado - sua participação nas vendas saltou de 6,7% em 2010 para 19,3%. "Fizemos uma mudança profunda no mix", afirma Teixeira, acrescentando que as linhas ganharam novas cores e mais tecnologia. Além disso, a distribuição, antes concentrada nos grandes centros, foi ampliada para pequenos varejistas espalhados pelo país.

A Nike, que liderava o mercado no primeiro semestre do ano passado (com fatia de 17,4%), caiu para a terceira posição até junho de 2011 (13,5%), atrás da Topper (que manteve o segundo lugar, com 15,4%). Mário Andrada, diretor de comunicação da Nike para a América Latina, diz que "perder a liderança para Umbro [que pertence ao grupo] não tem problema, ruim seria perder para a Topper."

Segundo ele, a empresa perdeu espaço porque a marca não fazia um lançamento desde maio de 2010, "mas isso vai mudar até o fim do ano". Os jogadores Alexandre Pato e Wayne Rooney, garotos-propaganda da Nike, vão passar boa parte da Liga dos Campeões da Europa calçando a nova aposta da companhia: a chuteira Total 90.

O executivo diz que em ano de Copa as vendas do produto no Brasil chegam a crescer até 30%. Em anos típicos, a expansão fica por volta de 10% - exatamente o que a Nike espera crescer em 2011. As chuteiras de Pato e Rooney vão chegar às prateleiras no Brasil até o fim do ano e, antes de maio de 2012, a Nike vai colocar no varejo um novo modelo que será usado por Neymar e Cristiano Ronaldo, as outras estrelas da empresa. "Chuteira tem um 'quê' de carro novo: todo o mundo quer o modelo da vez", diz Andrada.

A Topper, por sua vez, vai quase dobrar o número de lançamentos no país em 2011. Serão 27 tipos, ante 15 no ano passado, afirma Germán Pipet, gerente da Topper no Brasil.


Veículo: Valor Econômico


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