Mais de 50 supermercados e sacolões da RMBH irão comercializar variedades de acordo com o uso culinário.
Uma nova maneira de comercializar batatas para consumidor, oferecendo o produto de acordo com o uso culinário desejado: assar, fritar ou cozinhar, será lançada pela Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), a CeasaMinas e mais de 50 supermercados e sacolões da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), na próxima terça-feira.
O Projeto de Segmentação do Mercado de Batatas será apresentado aos lojistas durante em uma reunião na CeasaMinas, em Contagem, às 10 horas, onde também haverá um momento de degustação de diferentes variedades de batata.
Minas Gerais é o maior produtor de batatas no Brasil. Em 2010, o Estado colheu 1,2 milhão de toneladas - o equivalente a 48% da safra nacional. Apesar dessa situação, Minas Gerais concentra sua produção em apenas uma variedade, a Ágata, que é adequada apenas para o preparo na forma assada e cozida a vapor. Por isso, a CeasaMinas e Secretaria de Agricultura de Minas Gerais criaram o Projeto de Segmentação do Mercado de Batatas. Atualmente aplicado em dois sacolões, o projeto será ampliado para mais 58 estabelecimentos.
O Projeto de Segmentação do Mercado de Batatas prevê a introdução, no varejo, de variedades já produzidas em Minas Gerais: Asterix e Cupido. Nas lojas participantes, o consumidor será orientado e terá acesso a informações sobre cada uma dessas variedades.
A Asterix, por exemplo, possui alto teor de material seco, o que favorece a fritura. Assim, ela fica crocante e seca, ao contrário da Ágata, que fica encharcada e murcha quando é frita. "A Ágata é ideal para fazer salada, pois ela tem muita água. Depois de cozida, ela não quebra quando é cortada. Ela continua firme", explica Joaquim Alvarenga, engenheiro agrônomo da CeasaMinas e coordenador do Setor de Agroqualidade da estatal.
A falta de segmentação, acrescida do fato de que o consumidor está cada vez mais exigente, faz com que a batata in natura venha perdendo espaço na mesa dos mineiros, acarretando redução do volume de produção. "A solução que o consumidor encontrou foi comprar a batata industrializada congelada e pré-frita no supermercado. A indústria já usa a variedade própria para fritar", explica Alvarenga.
A ideia do projeto é reverter essa situação, aumentando a procura e, conseqüentemente, a produção. "Segmentar o mercado é garantir maior competitividade e satisfação dos clientes, oferecendo diversas variedades de batata, de acordo com o uso culinário que o consumidor desejar", observa.
Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira da Batata, em supermercados e sacolões, 96% dos entrevistados gostariam que as informações sobre o uso culinário estivessem disponíveis nos pontos de venda. De acordo com o secretário de Estado de Agricultura, Elmiro Nascimento, está previsto o treinamento dos lojistas e funcionários em seus pontos de venda pelos técnicos da Seapa e da CeasaMinas.
Histórico - O projeto teve início com o Programa de Cooperação Técnica Brasil/França, que introduziu 19 variedades de batata importadas da França. Plantios experimentais foram realizados, em 2009, em Iraí de Minas, no Triângulo Mineiro. As que mais se adaptaram às condições naturais de Minas Gerais são Emeraude, Colorado e Opaline. Na França, são cultivadas cerca de 200 variedades. O projeto da CeasaMinas e da Seapa pretende incentivar o cultivo de novas variedades em Minas Gerais.
Apesar de os plantios experimentais terem sido realizados em 2009, os técnicos da CeasaMinas estudam a comercialização das novas variedades de batatas francesas desde o início da década de 1990. Ao longo do desenvolvimento do projeto, a estatal coordenou junto com a Seapa a realização de missões de técnicos e de bataticultores mineiros à França para conhecer a segmentação do mercado francês.
Veículo: Diário do Comércio - MG