Vídeo, uma opção diferenciada de currículo

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Em 2006, após perder seu emprego de analista de sistema da Faculdade de Ibirama, Alvino Klose resolveu gravar um videocurrículo. Especialista em internet, ele era o responsável pelo portal da instituição, que foi fechada e teve sua estrutura incorporada pela Universidade de Santa Catarina. A iniciativa de Klose chamou a atenção do mercado e, segundo ele, rendeu até uma entrevista na alemã Deutsche Telekom, uma vez que seu videocurrículo tem versões em inglês e alemão.

 

A professora titular do mestrado em Administração da Universidade Ibirapuera Teresinha Covas Lisboa diz que o videocurrículo é uma tendência. Para ela, a ferramenta é uma forma de minimizar de custos envolvidos na seleção e, assim, agilizar o recrutamento. "Ele funciona como se fosse uma pré-entrevista."

 

Para Klose, o videocurrículo possibilita a triagem antecipada dos candidatos, o que poupa tempo dos envolvidos. "Se o entrevistador vê que o candidato não possui o perfil desejado, sequer o chama para entrevista. Mas, se gostar do vídeo, as chances de contratação serão maiores", garante.

 

Para o analista de sistemas, de 55 anos, a iniciativa foi uma maneira de evitar a repetição do mesmo discurso a cada nova entrevista, além de escapar da disputa com recém-formados e ultrapassar as fronteiras da pequena Ibirama - cidade próxima a Blumenau, em Santa Catarina -, onde mora. Quanto teve a idéia, Klose pesquisou como os videocurrículos são feitos fora do Brasil, até porque no País eles praticamente não existiam. Quando pronta, a peça foi divulgada em seu site pessoal, no YouTube e em portais de emprego e de RH. E gerou muitas entrevistas de emprego para ele.

 

De olho no futuro

 

Mas, apesar de adotar um modelo de currículo considerado até como inovador, Klose não conseguiu transpor uma barreira imposta pelo mercado: a idade. Mesmo com o contato com várias empresas, ele não garantiu uma colocação efetiva. "No Brasil se dá preferências a pessoas abaixo dos 50", lamenta. Por outro lado, graças ao videocurrículo, obteve alguns trabalhos como consultor.

 

O CanalRH hospeda videocurrículos desde 2007. A gerente de conteúdo do portal, Marisa Torres, diz que a iniciativa é uma aposta de que a proliferação dos vídeos na internet (fenômeno que cresce a cada dia, desde o surgimento do YouTube) chegue ao mercado de seleção de profissionais. "Adotamos a ferramenta de olho no futuro. Não esperamos um retorno imediato", observa. "Apostamos em uma tendência que já é forte no segmento de lazer e nas comunidades virtuais", adiciona. Para ela, o videocurrículo é uma boa alternativa para quem precisa se apresentar de modo diferenciado. "Ele chama a atenção para o candidato. E, do lado das empresas, facilita nas seleções que envolvem um volume grande de contratação, como ocorrem, por exemplo, em determinadas ações de promoção de vendas."

 

Mas, se para os profissionais o videocurrículo é uma opção diferenciada, não tem se mostrado tão atraente para as empresas que hospedam currículos. Pelo menos, por enquanto. Foi esse motivo que levou a Curriculum.com.br a suspender a oferta para os seus usuários dessa ferramenta, que estava disponível no seu site desde 2003.

 

Segundo o presidente da empresa, Marcelo Abrileri, a intenção com o lançamento do videocurrículo era permitir ao candidato fazer uma gravação na qual ele pudesse falar sobre formação, experiência profissional, objetivos, características pessoais, viagens realizadas e participação em ONGs, por exemplo. Aparentemente simples, na prática a produção se mostrava bem mais complexa. "Nossos usuários tinham que ler um manual de nove páginas para entender quais problemas poderiam surgir na hora da gravação. Precisávamos orientá-los até sobre qual roupa usar. Era um trabalho enorme. Tivemos bons resultados. Mas o retorno, em termos de negócio, ficou muito aquém do que esperávamos", lamenta, revelando, porém, que o produto pode voltar ao portal. "Estamos pensando em hospedar videocurrículos, sem produzi-los. O problema é que, quando ele [videocurrículo] é feito em casa, pode mais atrapalhar do que ajudar. Seria necessário criar um padrão de qualidade", antecipa.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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