Embarque de algodão do país deve somar 840 mil toneladas

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A Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea) revisou novamente sua estimativa de embarques da pluma do país. A previsão agora é a de que o Brasil vai exportar no atual ano-safra, que termina em junho de 2012, um volume de 840 mil toneladas. Há dois meses, a associação previu embarques da ordem de 785 mil toneladas. Se for confirmada, a alta será de 44% em relação às 580 mil toneladas embarcadas no ciclo passado.

A indústria têxtil doméstica desaquecida e o consumo externo em alta justificam a revisão, diz Marcelo Escorel, presidente da Anea. O diferencial deste ano, afirma ele, será o volume de vendas para a China, que deve se destacar entre os outros destinos asiáticos.

Nos meses de agosto e setembro, os primeiros de exportação da nova safra, colhida a partir de junho, os embarques já foram recordes. Segundo levantamento da consultoria Safras & Mercado com base nos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex/MDIC), foram embarcadas em agosto deste ano 117 mil toneladas, ante as 72 mil toneladas de igual mês de 2010. Em setembro, o volume foi de 140 mil toneladas, ante as 90 mil toneladas embarcadas no mesmo mês de 2010.

Ainda de acordo com a consultoria - que considera que o ano safra começa em março -, o Brasil embarcou entre março e setembro deste ano 304 mil toneladas da pluma. A maior parte desse volume - 257 mil toneladas - foi embarcada entre os meses de agosto e setembro. Do total exportado na safra, 103 mil toneladas - ou 33% - foram para o mercado chinês, segundo levantamento da consultoria.

Em 2010, o maior comprador de algodão brasileiro foi a Indonésia, seguida da Coreia do Sul. A China foi o terceiro maior. No acumulado de 2011, os chineses assumiram a dianteira.

"É possível que essa proporção para a China se mantenha até o fim da temporada, no ano que vem", diz Escorel. Somente em setembro, os chineses compraram 39% do algodão exportado pelo Brasil. Das 140 mil toneladas embarcadas no mês, 55 mil toneladas foram para o país asiático.

A Ásia vem se consolidando como principal cliente da pluma brasileira há cerca de cinco anos. Em 2010, o bloco representou em torno de 90% do que Brasil embarcou no ano. Neste momento, conforme publicou o Valor, as indústrias compradoras de algodão de alguns países asiáticos estão com dificuldades de obter recursos para pagar pelo algodão adquirido do Brasil.

Internamente, a indústria têxtil brasileira também padece de dificuldades, ocasionadas pela forte oscilação do algodão neste ano. Em entrevista ao Valor em setembro durante o Congresso Brasileiro do Algodão, em São Paulo, o diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit), Fernando Pimentel, explicou que a produção da indústria de janeiro a agosto caiu 11% na comparação com o mesmo período de 2010.

Por causa disso, o setor têxtil reduziu sua estimativa de consumo de algodão em 2011 para 900 mil toneladas, ante as 1,065 milhão de toneladas consumidas em 2010.

Em decorrência das exportações mais aquecidas, os preços no mercado interno permanecem sustentados, mesmo diante do início da colheita no Hemisfério Norte, diz Élcio Bento, analista da Safras & Mercado. "Em torno de 70% da safra mundial está sendo colhida agora", completa Bento.

Apesar da queda de 3,41% no mercado interno no mês de outubro, as cotações do algodão acumulam alta de mais de 4% nos últimos 30 dias, segundo a Safras. Na sexta-feira, o indicador Cepea/Esalq para a pluma fechou em queda de 1%, a R$ 1,7752 a libra-peso. Na bolsa de Nova York, o contrato para dezembro encerrou a sexta-feira a US$ 1,0198 a libra-peso, queda de 75 pontos.

Para a próxima temporada, as previsões de exportação são ainda maiores. O Instituto Brasileiro do Algodão (IBA) prevê que os embarques da pluma vão crescer para 1 milhão de toneladas.


Veículo: Valor Econômico


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