A produção de café em Minas Gerais será mapeada por meio de uma parceria entre governo do Estado, o Polo de Excelência do Café e a Universidade Federal de Lavras (Ufla). O objetivo é reunir os dados concretos sobre a produção cafeeira para auxiliar na formulação de políticas públicas para o setor. Além disso, com o levantamento, os produtores poderão planejar com maior precisão sobre os investimentos futuros na cultura. O mapeamento abrangerá cerca de 600 municípios produtores.
De acordo com o gerente executivo do Polo de Excelência do Café, Edinaldo José Abrahão, o objetivo é dimensionar quantos são os produtores, o tamanho real do parque cafeeiro e a qualidade do café produzido nas diferentes microrregiões do Estado.
O inventário quantitativo e qualitativo da cafeicultura mineira será coordenado pela equipe do Laboratório de Estudos e Projetos em Manejo Florestal (Lemaf) da Ufla, com a parceria de órgãos e instituições de referência no Estado.
"Hoje a formulação de políticas para o setor cafeeiro é feita sobre dados estimados da produção. Precisamos conhecer detalhadamente a produção do Estado e as variações de qualidade de cada região. Com esses dados, além de políticas mais eficientes, os produtores e indústrias compradoras do grão terão um mapeamento da qualidade e característica de cada região produtora, podendo atender individualmente a demanda do mercado", disse.
Geoportal - Além do georreferenciamento, outro projeto coordenado pelo Instituto de Geociências Aplicadas (IGA) será o de elaborar o Geoportal do Café, que reunirá informações cartográficas, socioeconômicas e geohistóricas para agregar valor ao café produzido em Minas Gerais, incluindo a indicação de rotas turísticas e as estruturas de produção de cada município.
"Nossa ideia é manter a base de dados sempre atualizada, o que será possibilitado pela criação de um site, onde pretendemos disponibilizar diversas informações sobre a produção do café em Minas Gerais", disse Abrahão.
Os projetos do Polo de Excelência do Café fazem parte das prioridades levantadas pelo Fórum da Cadeia Produtiva do Café e que vão integrar as ações a serem financiadas pelo Fundo Estadual do Café.
O início do projeto depende apenas da autorização do governo do Estado e da disponibilização de recursos financeiros. O valor a ser aplicado nas pesquisas não foi divulgado. A expectativa dos coordenadores do projeto é que após liberado pelo governo, em cerca de 18 meses o estudo já esteja pronto.
"Precisamos conhecer bem a produção, isto por Minas Gerais ser o maior produtor de café do país e também conhecido pela qualidade superior do grão. A cultura cafeeira possui grande importância social na geração de empregos e econômica, já que é o segundo produto na pauta exportadora do Estado, atrás apenas do minério de ferro", argumenta o gerente.
Segundo Abrahão, o banco de dados criado a partir dos projetos servirá de apoio à tomada de decisões mais acertadas por parte dos produtores. "Os estudos irão favorecer tanto o setor produtivo, que enfim conhecerá sua força, quanto o governo, no direcionamento de políticas mais eficazes para o setor e a indústria, que ainda terá outros incentivos para a valorização do café torrado e moído no Estado", explica.
Exportações - De acordo com os dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), o café é o principal produto que vem contribuindo para a evolução da receita com os embarques do agronegócio.
Em setembro foram exportadas 111,7 mil toneladas do grão, com alta de 9,3% se comparado com agosto. No mês passado, o valor pago pela tonelada aumentou 1,74% chegando a US$ 5,2 mil. A receita total gerada no mês foi de US$ 581,7 milhões, evolução de 11,21% sobre agosto.
Faturamento - No acumulado do ano até setembro, o faturamento gerado com os embarques do café chegou a US$ 3,9 bilhões, valor 50,24% superior ao praticado no mesmo período do ano passado. O montante representa 57,7% do volume total das exportações do agronegócio do Estado. A cotação média da tonelada ficou 68,11% mais cara encerrando o período em torno de US$ 4,6 mil.
De acordo com o terceiro levantamento da safra de café, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção do grão em Minas foi estimada em 21,67 milhões de sacas de 60 quilos na safra 2011. A produtividade média no Estado atingiu 21,68 sacas do produto por hectare. Em comparação com a safra anterior, a estimativa sinaliza redução da produção cafeeira em 13,82%.
O recuo na produção se deve basicamente à bianualidade negativa da cultura, observada principalmente na Zona da Mata, Centro-Sul e Serra da Mantiqueira. A queda no volume também é reflexo da frustração da produção na safra 2010, em razão das adversidades climáticas ocorridas ao longo da fase produtiva das lavouras.
Veículo: Diário do Comércio - MG