Diante da desaceleração da economia no Brasil, a indústria têxtil em Minas Gerais não vê grandes perspectivas para o setor e não sabe sequer se poderá comemorar crescimento em 2011. "Os negócios não estão aquecidos, ainda enfrentamos muita concorrência dos importados e com o dólar no patamar atual as exportações são inviáveis", avalia o presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem de Minas Gerais (Sift-MG), Adelmo Pércope.
Minas é o segundo Estado no ranking da indústria têxtil e de confecção do país, que em 2010 faturou US$ 60,5 bilhões, de acordo com dados da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit). Entretanto, a balança comercial do setor, no ano passado, ficou negativa em US$ 3,53 bilhões. As exportações somaram US$ 1,44 bilhão contra importações de US$ 4,97 bilhões. Os indicadores do setor indicam que a situação vem se agravando, uma vez que em 2009 o saldo da balança comercial da indústria têxtil brasileira ficou negativo em US$ 2,25 bilhões.
"A indústria têxtil mineira hoje não exporta quase nada", garante Pércope Gonçalves. Segundo ele, o que acontece no Estado é o mesmo que se verifica no Brasil. As indústrias de tecidos sobrevivem daquilo o que conseguem vender no mercado interno, o que não lhes dá perspectivas de expansão e crescimento. "O que vemos é a expansão do mercado externo aqui dentro", garante o presidente do Sift-MG. Se o dólar se mantiver baixo, acredita o empresário, o que irá acontecer é o fechamento de muitas indústrias têxteis brasileiras.
O pessimismo, segundo Pércope, foi reforçado neste ano pelo desempenho muito fraco em outubro, que costuma ser o melhor do ano para o setor, antecipando as vendas para o Natal. "A indústria têxtil de Minas não deve registrar crescimento em 2011", prevê. O quadro atual de contenção do consumo, com menos crédito disponível, também teve influência negativa no desempenho das indústrias de tecidos e confecção. Em relação ao Plano Brasil Maior, segundo Pércope, "ainda é cedo para saber se ele terá forças para começar a reverter o quadro".
Empregos - Os números da Abit indicam que estas indústrias são responsáveis por 1,7 milhão de empregos no Brasil, dos quais 75% são de mão de obra feminina. Só em Minas o setor gera 200 mil colocações, sendo 30 mil na indústria têxtil propriamente e o restante na confecção, de acordo com o presidente do Sift-MG.
As fábricas de tecidos são o segundo maior empregador da indústria de transformação no Brasil e também o segundo maior gerador de primeiro empregos. São 30 mil empresas no país, que juntas são responsáveis por 16,4% dos empregos e 5,5% do faturamento da indústria de transformação no Brasil.
As informações do Sift-MG são confirmadas pelos dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que constatou que as maiores quedas com relação à criação de empregos na indústria, em julho, foram detectadas nos setores têxtil (-6,5%) e de vestuário (-7,5%). A importação de tecidos, principalmente da Ásia, é que tem impactado os resultados negativos do setor.
Veículo: Diário do Comércio - MG