Trigo importado mais barato atrai os moinhos brasileiros

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Enquanto isso, os produtores do cereal continuam com grande dificuldade de vender sua safra. No Paraná, apenas 15% da colheita foram vendidos.



A comercialização de trigo segue travada no mercado brasileiro: os moinhos do País estão comprando o cereal da Rússia, do Cazaquistão e da Ucrânia, que entram com preço e qualidade mais atrativos. Já os produtores brasileiros, que não conseguem vender sua safra, aguardam o apoio do governo para conseguir colocar o produto no mercado.

Mesmo com a estimativa de uma safra brasileira de trigo 13% menor este ano, que deve fechar com 5,13 milhões de toneladas, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o produto está encalhado nos armazéns. Para piorar a situação do agricultor, a redução da oferta não tem sido suficiente para dar sustentação aos preços no mercado interno.

Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a receita da safra que está sendo colhida deve ficar bem abaixo do necessário para cobrir ao menos os gastos com insumos.Com isso, o produtor brasileiro teria que produzir mais por hectare para cobrir os custos, mas o clima não colaborou. "Por causa das geadas, grande parte de nossas produções não renderam o esperado, e devemos fechar essa safra com uma produtividade 15% menor que em 2010", garantiu o engenheiro agrônomo Carlos Alberto Salvador, do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura Abastecimento do Paraná (Seab).

O estado, mais de 70% de cuja sua safra de trigo já forma colhidos, produz em média 35 sacas de 60 quilos por hectare, ante as 50 sacas necessárias para cobrir os custos. Já no Rio Grande do Sul, que começa a colher os primeiros grãos do cereal, a expectativa é pouco melhor, mas a produtividade também deve ficar abaixo de 50 sacas por hectare.

Apesar dos preços baixos, os produtores brasileiros estão se deparando com um cenário ainda mais preocupante, já que as vendas também seguem em baixa. No Paraná menos de 15% desta safra foi comercializada, enquanto no mesmo período do ano passado esse montante superava a casa de 25%.

"Eu vendi só um pouquinho porque não consigo vender mais. Os preços estão baixos, e mesmo assim ninguém compra. Os agricultores terão que criar vergonha na cara e parar de plantar trigo, que só traz prejuízo. Eu mesmo não vou plantar mais, vou tentar colocar milho em toda a minha área", contou Zé Roque, produtor rural da cidade de Santa Mariana no Paraná.

Os responsáveis por essa pequena movimentação na busca por trigo brasileiro "são os mercados internacionais", garantiu ao DCI Lawrence Pih, presidente do Moinho Pacífico. De acordo com ele, com a entrada da safra de Rússia, Ucrânia e Cazaquistão, os preços internacionais do trigo despencaram, afetando também o mercado brasileiro. "De fato os preços internacionais do trigo despencaram, dada a entrada das safras da Ucrânia, Rússia e Cazaquistão, que inundaram o mercado mundial com trigo barato. Os moinhos brasileiros irão comprar esse trigo porque tem melhor qualidade e preço", disse.

Para o executivo, apesar de os valores do cereal brasileiro não cobrirem os custos de produção, ainda assim ficam caros se comparados com os produtos destes países. "Em novembro a Rússia não terá mais o que exportar, e ai entra a safra Argentina. O governo terá que ajudar o produtor brasileiro a exportar esse trigo imediatamente, pois se o dólar voltar a cair, esse trigo do Brasil não terá mais mercado", garantiu Pih.

Com a entrada da safra do Rio Grande do Sul, Michael Prudêncio, analista da Safras & Mercado, acredita que os valores do produto no Brasil recuarão ainda mais, sacrificando a renda do produtor. "Com a entrada do trigo do Rio Grande do Sul, a situação tende a ficar pior, e em conversas com produtores, a única esperança deles é a ajuda do governo com medidas para escoamento."

"A triticultura brasileira precisa criar regras para a entrada destes produtos importados, pois a cada ano menos produtores plantam trigo", finalizou Santo Pulcinelli do Deral.


Veículo: DCI


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