A Cia. Hering é pioneira na estratégia de abrir lojas para vender diretamente a seus consumidores finais. Os bons frutos da marca agora também são vividos por outras companhias do setor têxtil, que avançam na expansão de lojas próprias dentro e fora do País. Representante de uma das maiores grifes do vestuário de alto padrão, a Dudalina é uma das adeptas da estratégia e prevê faturamento de até R$ 1 bilhão nos próximos cinco anos, quando deve ter entre 60 e 70 lojas.
Desde o primeiro semestre de 2011, a companhia vem instalando lojas em São Paulo voltadas para o público feminino. O Grupo Coteminas também aposta na manobra e ontem inaugurou mais uma loja da Artex, marca de artigos de cama, mesa e banho. Já no caso da Dudalina, as primeiras lojas da marca deram resultado, e, com investimento de R$ 5 milhões até dezembro, a meta da Dudalina é inaugurar cinco lojas double (para homens e mulheres), com atendimento personalizado para os amantes das camisas de corte de alto padrão. No ano passado, a empresa obteve faturamento de R$ 174 milhões. Este ano, a cifra pulou para os R$ 268 milhões.
Com a nova estratégia, a expectativa do diretor de varejo, Rui Hess de Souza, é que em 2012 o faturamento chegue a R$ 350 milhões. "Este ano abrimos 10 lojas com peças femininas. São espaços menores que a Dudalina Double, ao custo de aproximadamente R$ 800 mil cada", disse Souza se referindo à nova loja inaugurada ontem, no Shopping Ibirapuera, na capital paulista.
Até o encerramento deste ano, a empresa afirma que outras quatro lojas deverão ser inauguradas no Brasil, sendo estar unidades a serem instaladas em empreendimentos como o ParkShopping São Caetano (São Caetano do Sul (SP)); Shopping Beira Mar (Florianópolis (SC)), Aeroporto Governador José Richa (Londrina (PR)); Loja Rua Bem-Te-Vi, no bairro de Moema, na capital. Souza explica que a reputação da marca e a qualidade dos cortes garante um público movido não apenas por essas qualidades. "São pessoas apaixonadas por camiseta. O homem que veste Dudalina veste por prazer e tem um sentimento forte com a marca", ressaltou.
Com um público exigente e a par dos lançamentos, o diretor de Varejo da Dudalina revela uma das dificuldades da companhia: a capacitação de vendedores. "O modelo de venda vigente, o de "empurra", não cabe nas lojas Dudalina. Nossos clientes entram loja sabendo o que querem comprar", esclarece.
Cama, mesa e banho
Ontem, no Shopping Eldorado, localizado na capital paulista, a Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminhas), grupo comandado por Josué Gomes da Silva, filho do ex-presidente José Alencar, abriu uma unidade da Loja Artex.
O empreendimento representa o grupo de 30 outras que serão lançadas até a primeira quinzena de dezembro. Além disso, Silva anunciou a inauguração, em março de 2012, de uma loja própria da Casa Moysés.
Resguardando o valor do investimento nas lojas Artex, Silva ressalta a importância da loja de venda direta. "Não existe nada mais eficaz, pois valoriza a categoria e a marca", disse. A nova loja traz o conceito home lifestyle, com artigos produzidos com até 400 fios. O perfil do público é variado, porém, atrai camadas de classe A e B (a Coteminas também detém a MMartan, com produtos para o público A). A loja não oferece apenas artigos da Artex. Produtos de porcelana e artigos de decoração também fazem parte do sortimento de produtos. "Estamos garantindo o atendimento a todo o público, tanto com as lojas Artex, MMartan e futuramente com a Casa Moysés", ressaltou o presidente da marca.
Crise
Apesar do otimismo das empresas, analistas do setor têxtil apontam que nos último cinco anos os principais players têm enfrentado problemas com a concorrência internacional. Tanto no vestuário quanto em outros artigos do setor disputam clientes com produtos importados, com preços menores e mais acessíveis.
O diretor-superintendente da Associação Brasileira da Industria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, fala sobre os principais percalços. "O setor tem dificuldades por conta de fatores sistêmicos, como câmbio e juros altos", disse. "A concorrência acaba sendo entre empresas brasileiras e países de melhor câmbio e melhores subsídios para exportação", sustentou Pimentel. Nesse cenário, a China se destaca como principal concorrente das companhias têxteis domésticas.
O analista, contudo, faz boas estimativas para o próximo ano. "O setor de varejo fraquejou um pouco nos últimos 60 dias, mas vai andar nos meses seguintes", comentou. Afora esta opinião, o diretor de Varejo da Dudalina acrescenta que a concorrência com os importados é negativa. "Mas nosso produto carrega qualidade, marca e reputação empresarial. Isso faz com que a concorrência não nos afete", diz.
A nova loja da Dudalina representa a segurança garantida por Souza. "Será uma loja voltada para o público apaixonado por camisas. E também estamos investindo em lojas fora do País", revelou. As próximas tacadas da Dudalina serão na Inglaterra, Austrália, Amsterdã, Itália, Miami e Nova York.
Já o presidente do Grupo Coteminas disse que esse tipo de concorrência é sentido em todo o setor industrial. "Tem de existir concorrência, mas com isonomia. Não pode existir concorrência com produtos de lixo hospitalar", acrescentou, lembrando do episódio em que uma loja de Pernambuco foi flagrada pela Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa) vendendo lençóis por quilo.
Os produtos eram importados de lixo hospitalar dos Estados Unidos. A Coteminas é hoje uma das maiores indústrias têxteis, com 15 fábricas no Brasil, cinco nos Estados Unidos, uma na Argentina e no México.
A empresa Artex afirma ter ampliado a sua participação no mercado em 1994, ao adquirir a marca Santista e a operação da Graffa. Quatro anos depois, a Coteminas adquiriu todas as marcas, mantendo-se como um dos maiores players do setor.
Veículo: DCI