Fusões de redes de farmácias dão mais trabalho ao governo

Leia em 3min 40s

Cade está com 'água pelo pescoço' com recente onda de negócios, diz presidente



O presidente do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), Fernando Furlan, afirmou que cada fusão do setor farmacêutico será avaliada com o objetivo de apurar ganhos à sociedade.

A preocupação dos especialistas com relação à possibilidade de preços mais atrativos aos consumidores divide-se entre o poder de fiscalização da instituição e a concentração de mercado.

O próprio presidente do Cade, em entrevista à Folha antes da aprovação da reestruturação do órgão no Congresso, afirmou que estava com a "água pelo pescoço" diante de tantos negócios.
"Não acredito em formação de cartel ou concentração, mas, se não houver controle efetivo, poderá haver problemas, sim", afirmou o advogado José Del Chiaro, que foi secretário de Direito Econômico do Ministério da Justiça.

O presidente da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), Sérgio Mena Barreto, afirmou que a tendência do setor é cada vez mais as empresas buscarem as fusões.
"Há uma tendência de concentração de mercado, mas o efeito é positivo ao consumidor porque vai oferecer concorrência de preços entre as redes varejistas", disse.
Para o diretor do CRF (Conselho Regional de Farmácia) de São Paulo, Pedro Menegasso, a falta de fiscalização poderá apresentar problemas, principalmente, sobre os preços dos remédios.

O presidente do Cade disse que a ação de combate à formação de cartel das farmácias em Brasília (DF), em 2009, exigiu grande esforço da instituição.
Em São Paulo também é possível ver farmácias muito próximas umas das outras -ponto a ser combatido pelo Cade. Em um dos casos flagrados pela Folha, somente um prédio separava uma loja da outra. A fusão mais recente, ocorrida no fim de agosto, alterou a liderança do setor. Juntas, a Drogaria São Paulo e a rede Pacheco passaram a ter faturamento anual de R$ 4,4 bilhões e 691 lojas.

Antes, a liderança pertencia às redes Drogasil e Droga Raia, que se uniram e tiraram a liderança da rede Pague Menos, que registrou em 2010 faturamento de R$ 2,25 bilhões e 464 lojas no país.

 
Pague Menos pretende abrir mais 300 lojas


De um estreito prédio de três andares no centro de Fortaleza, onde fica sediada a Pague Menos, o empresário Francisco Deusmar de Queirós planeja como enfrentar a consolidação do setor de farmácias brasileiro.

Líder de mercado até julho, a Pague Menos, com faturamento de R$ 2,25 bilhões em 2010, ficou para trás da drogarias DPSP (fusão da carioca Pacheco e da São Paulo) e da Raia e Drogasil em receitas e em pontos de venda. As rivais faturam, respectivamente, R$ 4,4 bilhões e R$ 4 bilhões e têm 700 lojas. A expansão do número de lojas é importante devido à pulverização do setor. Estima-se que existam 62 mil drogarias formais no país. A DPSP, no entanto, hoje a maior rede, tem apenas 12% de "market share".

Para não perder mais terreno, Queirós elaborou uma estratégia que inclui, além de uma oferta inicial de ações (IPO), inaugurar 300 lojas até 2015, ao custo de R$ 1 milhão por unidade. Ao fim do plano de expansão, a Pague Menos atingirá 764 lojas.

A estratégia também prevê a construção de um centro de distribuição em São Paulo e o aumento do número de lojas nas regiões Sudeste e Sul, onde a venda por metro quadrado é maior. Nesses locais, a presença da Pague Menos não é tão forte quanto no Nordeste. tando com 70 lojas.
"O Brasil ainda tem muito espaço para expandir em pontos de venda", diz ele. Segundo Queirós, os recursos para a abertura de novas unidades virão do IPO. Queirós não quis fazer uma previsão de quanto o IPO da Pague menos pode arrecadar.

Mas, de acordo com estimativas do mercado, a captação deve ficar por volta de R$ 800 milhões. Assim, Queirós também prevê aumento de receitas.
"Vamos crescer 28% em 2011, para R$ 2,8 bilhões. Em 2012, atingiremos receita de R$ 3,5 bilhões", diz ele. Segundo Queirós, a intenção é abrir 25% do capital da Pague Menos na oferta inicial pública de ações. A previsão é que o IPO ocorra no terceiro semestre de 2012. "Acredito que até lá o mercado de ações vai estar mais calmo."
Para Celso Ienaga, sócio-diretor da Dextron Management, a entrada da Pague Menos na Bolsa vai fortalecer seu poder de barganha com os fornecedores e evitar que a rede seja absorvida por grupos maiores.

 
Veículo: Folha de S.Paulo


Veja também

Havan chega a São Paulo

Conhecida pelo estilo arquitetônico peculiar, com lojas recheadas de colunas jônicas e dóricas, nas q...

Veja mais
Varejo e indústria se preparam para um Natal mais magro

O Natal de 2011 deve ser bom, mas estará longe de ser ótimo. Essa é a opinião de varejistas ...

Veja mais
Indústria têxtil nacional migra para loja própria

A Cia. Hering é pioneira na estratégia de abrir lojas para vender diretamente a seus consumidores finais. ...

Veja mais
Lucro da Redecard sobe mesmo com taxa menor para lojistas

A Redecard finalizou o terceiro trimestre de 2011 com lucro líquido de R$ 343,6 milhões, com alta de 6% em...

Veja mais
Comprar frutas e verduras da época gera economia de 30%

Comprar frutas, legumes e verduras da época garante economia média de 30% ao consumidor. O motivo é...

Veja mais
Leite, tomate e cebola estão mais caros

Apesar de o preço da cesta básica vendida nos supermercados da região não ter sofrido grande...

Veja mais
Shoppings de SP abrem amanhã temporada de compras de Natal

Número de vagas temporárias deve crescer 7%, prevê associação Começa neste s&a...

Veja mais
Inmetro não cede a setor de material escolar

O setor esperava mudanças, mas o Inmetro diz que não publicará outra portaria sobre regras para mat...

Veja mais
Abilio sinaliza entendimento com Casino

Presidente do conselho do Pão de Açúcar diz que conversou com a rede francesa na semana passada em ...

Veja mais