Vendas do 3º trimestre acendem luz amarela

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Os números de Lojas Renner e Hering indicam que o inverno confuso castigou as empresas que atuam no varejo têxtil. Na sexta-feira, pegando carona na realização de algumas ações mais valorizadas na bolsa, a Renner perdeu mais de R$ 500 milhões em valor de mercado, passando a R$ 6,5 bilhões. A queda de 7,5% foi a maior do Índice Bovespa e a ação foi a quinta mais negociada, movimentando mais de R$ 200 milhões.

Chamou atenção em ambas as companhias o desempenho das vendas mesmas lojas, que comparam o que ocorreu no trimestre em bases absolutamente iguais, excluindo o crescimento gerado pelas novas unidades. No caso da Renner, a empresa teve crescimento de 3,8% na comparação entre o terceiro trimestre deste ano e o do ano passado. Em 2010, o avanço desse indicador foi de 10,5%. Com as novas lojas a receita de venda de mercadorias avançou 9,6%, para R$ 623,4 milhões.

No caso da Hering, a queda foi ainda mais abrupta: as vendas mesmas lojas tiveram alta de apenas 9%, contra um crescimento de 33,6% do terceiro trimestre de 2010 e um aumento de 16,3% no segundo trimestre.

A questão chamou mais atenção porque, em ambos os casos, considerando os aumentos no gasto médio por compra, o resultado é de queda no fluxo de vendas.

A explicação principal das empresas foi o inverno atípico e prolongado, que afetou a combinação entre demanda e coleções. Mas parte dos investidores está preocupada, pois avalia que as mudanças foram muito significativas em relação a desempenhos anteriores.

Tanto José Galló, presidente da Renner, quanto Fabio Hering, presidente da Hering, negam qualquer preocupação mais profunda com o cenário econômico doméstico. Por isso, as empresas mantiveram os planos de expansão para este ano - nenhum dos dois comedidos. A Hering abrirá um total de 86 novas unidades e a Renner, 30 de sua principal bandeira.

Em teleconferência com analistas, Galló afirmou que continua otimista com a economia, pois o crédito permanece em alta e o desemprego em baixa. Contudo, ele entende que o sentimento dos consumidores pode ter sido afetado, especialmente pela forte variação cambial provocada pelas preocupações com o cenário internacional. "O ambiente competitivo ficou mais desafiador e mais incerto", disse o presidente da Renner.

No caso da Hering, a divulgação do balanço, no lugar de preocupar, aliviou o mercado. A rentabilidade aumentou, tanto na última linha quanto na parte operacional. A despeito do desempenho das vendas de mesmas lojas, o balanço da empresa foi positivo. A companhia listada na BM&FBovespa é que abastece as franquias, responsáveis junto com as lojas próprias por cerca de metade da receita. Contudo, as franquias não estão consolidadas no balanço. Já a Renner é uma varejista pura. A preocupação, contudo, é que um eventual nível elevado de estoque dos franqueados possa afetar a demanda para o quarto trimestre. Mas a empresa mostrou-se otimista.

Também a Renner espera que o fim do ano apague o sentimento deixado pelo terceiro trimestre. Segundo Galló, outubro está se mostrando bem melhor do que agosto e setembro.


Veículo: Valor Econômico


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