O comércio de bens e serviços de Porto Alegre quer contratar 4 mil trabalhadores temporários para atender ao intenso movimento do Natal. Segundo as estimativas da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), a oferta de vagas temporárias cresceu 15% nesse ano, mas as dificuldades para preenchê-las também.
A consultora de gestão de pessoas da entidade, Scheila Penna, diz que o baixo índice de desemprego (6%, segundo dados de setembro do IBGE) explica por que menos gente se interessa por um trabalho temporário, assim como as mudanças feitas pelas empresas no que é exigido para preencher as vagas. "Antigamente, experiência era fundamental. Agora, com essa escassez de candidatos, passou a ser um diferencial importante, mas sem o mesmo peso. As empresas se preparam para receber os temporários e qualificá-los. Hoje pesa mais a disponibilidade de horário", disse ela, ao observar que também os trabalhadores selecionam onde irão atuar.
Além do salário, os candidatos têm procurado empresas que ofereçam bons pacotes de benefícios, que incluam plano de saúde e vale alimentação. Segundo Scheila, a perspectiva de efetivação também é fator considerado na escolha. A coordenadora de seleção da Decisão RH, em Novo Hamburgo, Daniane Farias, estima que em 2011 a procura dos trabalhadores por vagas temporárias caiu 30%. "Está muito difícil encontrar pessoas tanto para preencher as vagas relacionadas ao Natal quanto àquelas funções temporárias que são abertas o ano inteiro.
Temos, por exemplo, 40 vagas para operadores de armazéns disponíveis em uma única empresa", conta. Ainda assim, a coordenadora observa que a falta de trabalhadores não teve reflexo nos salários oferecidos. As empresas mantêm o piso da categoria como referência e poucas estendem aos temporários todos os benefícios dados aos efetivos.
Uma diferença que, de acordo com a gerente de projeto da Advis Consultoria, Lourdes Lovison, tampouco torna fácil a tarefa de encontrar funcionários para vagas permanentes. Segundo ela, o mais complicado é fazer o casamento entre o perfil pedido pela empresa e a qualificação dos trabalhadores. "Falta qualificação em coisas mínimas, como apresentação e abordagem de clientes", lamentou.
Lourdes afirma que as dificuldades são grandes, sobretudo, porque as empresas procuram muitos trabalhadores de um mesmo perfil ao mesmo tempo. "Recentemente recusamos a tarefa de fazer uma seleção porque a empresa buscava dezenas de temporários de uma vez só. É um desafio muito grande e é um erro o empresário querer selecionar e treinar 30 temporários em novembro para que eles já estejam prontos para atender ao público em dezembro", disse ela.
O presidente do Sindilojas Porto Alegre, Ronaldo Sielichow, destaca que é justamente pela qualificação que a entidade procura suprir às carências de trabalhadores temporários do comércio. O programa Geração Varejo, que tem inscrições por telefone e pela internet avalia o perfil dos candidatos, oferece treinamento gratuito e encaminhamento para as empresas. "As vagas temporárias são uma porta importante para aqueles que querem fazer carreira no comércio. Nesse período, a pessoa tem chance de mostrar seu comprometimento e sua competência, assim como a empresa tem a possibilidade de observar o trabalho. As chances de efetivação são grandes e, mesmo que a pessoa não permaneça na empresa, a qualificação que ela adquire não se perde", disse ele. Segundo Sielichow, as dificuldades de contratação sentidas nos primeiros meses deste ano fizeram com que muitas lojas que contrataram temporários em outubro para atender a movimentação do Dia das Crianças, mantivessem os funcionários até o Natal.
Para suprir a necessidade por temporários, a CDL-POA está cadastrando até amanhã currículos de interessados em trabalhar no comércio gaúcho, através do programa Talentos do Varejo. A ação encaminha os melhores candidatos para as oportunidades de emprego nas associadas da entidade.
Veículo: Jornal do Comércio - RS