A diferença da Endossa, pioneira no modelo comercial colaborativo, é que os expositores precisam cumprir as metas de vendas
Inaugurada em 2008, a Endossa foi a loja pioneira no modelo de espaço comercial colaborativo. E, hoje, com o sucesso do formato, a empresa já virou franquia, foi além do território paulista e mudou sua matriz para um espaço maior para atender mais microempreendedores.
Para expor na Endossa, que fica na rua Augusta, a primeira e principal loja da marca, há uma fila de espera de 400 nomes. E o aluguel de um box parte de R$ 160 pelo período de quatro semanas de um espaço de 25 centímetros de altura, 60 de largura e 50 de profundidade.
Neste mês, a loja mudou de endereço, permanecendo na rua Augusta, mas em número diferente e com um espaço maior para atender os empreendedores.
A capacidade passou de 145 boxes para 192, sendo que os novos nichos são maiores. "Tivemos que adaptar os espaços conforme a nossa demanda, pois no início fizemos tamanhos para produtos sem nem saber o que seria vendido na loja", diz Carlos Margarido, que, junto com Rafael Pato e Gustavo Ferriolli, fundaram o modelo de comércio.
A diferença da Endossa para outras lojas é que os expositores precisam cumprir as metas de vendas. Para o menor espaço, por exemplo, o empreendedor precisa vender um valor equivalente a uma vez e meia o aluguel em um período de quatro semanas, ou seja, R$ 240, e não pode ficar mais de três períodos sem atingir a meta. "São os consumidores que irão decidir o que fica e o que sai. Isso gerou uma autossegmentação e, hoje, o que mais vende é roupa e acessórios para um público muito específico que freqüenta a região", comenta Margarido.
O expositor também tem horário fixo para abastecer a loja e cuidar de seu nicho: de segunda-feira a sábado, das 10 horas ao meio-dia, antes do estabelecimento abrir as portas para o público. E como em todas as lojas colaborativas, o empreendedor não precisa ter CNPJ.
A ideia da pequena empresa Endossa de atender pequenos empreendedores deu certo virou franquia. A segunda unidade foi aberta já por franqueados no Centro Cultura São Paulo e um segunda foi para Curitiba. "Acreditamos que seja um negócio de potencial, que deve crescer dentro e fora de São Paulo, ir para outras cidades. Por isso fomos para a franquia", diz o sócio. O próximo endereço, que ainda está em negociação, será Brasília.
Opção de baixo custo - A partir de R$ 90 mensais, o microempreendedor pode ter um ponto de venda, funcionários, arcar com os custos para manter uma loja e um sistema de informatizado de controle de estoque, além de estar nos bairros e ruas mais movimentados e valorizados. Esse é o aluguel mínimo, em São Paulo, para quem quer colocar seu produto à venda em uma loja colaborativa ou coletiva, formato de comércio que abriga diversos pequenos comerciantes divididos por nichos, prateleiras e araras.
Com pelo menos cinco lojas espalhadas pela capital paulista, o modelo de comércio que aluga espaço para quem quer expor seus produtos caiu no gosto do consumidor pela variedade de artigos e marcas em um mesmo local. E se tornou alternativa para quem quer ter um ponto físico de vendas.
A proprietária da marca de acessório Miniminou, Isis Matsusaki, de 25 anos, é um desses pequenos empreendedores que preferiram colocar seus produtos em lojas colaborativas do que ter o próprio ponto. "Abrir uma loja própria é caro e burocrático. Não tenho condições de manter uma estrutura dessa. E como só tinha a loja virtual, senti a necessidade de um espaço físico para que os clientes pudessem ver as peças", afirma ela, que tem seus produtos em lojas desse formato há um ano.
Marli Tatemoto, de 34 anos, dona da marca Marmi, é outra empreendedora que aderiu ao formato. Ela lançou sua marca de roupa para o público feminino após conhecer uma loja colaborativa. "Quando conheci o formato, percebi a oportunidade de lançar a minha marca, pois sempre quis atuar nessa área. Como trabalho como tradutora, não teria tempo nem dinheiro para tomar conta de uma loja. E nesse modelo de comércio consigo ter meu trabalho paralelo e ainda me dedicar à produção das peças de roupa", comenta.
A variedade de empreendedores é grande, assim como a de produtos. "Tem de tudo, bolsa, bijuteria, papelaria, confecção, decoração. E os empreendedores são desde os que estão iniciando uma marca até gente que trabalha com feiras há 30 anos e quer um ponto físico em um local diferente", diz Aline Aleixo Quintão, sócia da loja coletiva Cada Qual, que fica no bairro de Pinheiros.
As lojas colaborativas oferecem um espaço a partir de 10 cabides em uma arara ou um nicho de tamanho 30 centímetros de altura por 40 centímetros de largura. O aluguel é mensal e pode ser renovado por tempo indeterminado por quem ocupa o espaço. Apenas um desses estabelecimentos coloca metas como exigência para que os expositores permaneçam no local.
Além do custo do aluguel, ainda há incidência de tributação - basicamente Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) - e da taxa de cartão de crédito sobre a venda. Já o custo da loja, embalagem, funcionários e divulgação está incluído no aluguel.
O expositor é responsável por abastecer e arrumar seu espaço e pode acompanhar as vendas pelo sistema online que a loja coloca à disposição.
Para o consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), Gustavo Carrer, as lojas colaborativas oferecem a oportunidade para que os microempreendedores construam sua marca e ganhem público. "Ele pode até testar sua marca, usar o espaço como laboratório, mas tem que estudar também quem é o público da loja. Para estar em um local como esse é preciso ter um produto diferenciado", explica.
Carrer aconselha que o pequeno empreendedor deve ficar de olho em sua capacidade de abastecer a loja. "Ele precisa estar seguro quanto à qualidade do produto e capacidade de atender", diz.
Para a empreendedora Isis Matsusaki, a desvantagem do modelo é a falta de proximidade com o cliente. "O único ponto negativo é não saber quem está comprando o seu produto, que é o público." (AE)
Veículo: Diário do Comércio - MG