Com aquisição da empresa de Goiás, multinacional reforça sua aposta em alimentos no Brasil
Após três meses de negociações, a PepsiCo confirmou ontem a aquisição de 100% da Biscoitos Mabel, por valor estimado entre R$ 800 milhões e R$ 900 milhões - as empresas não revelaram o valor do negócio, que já havia sido assinado na semana passada. A Mabel era disputada também pela Bunge e pela mexicana Bimbo.
A PepsiCo, que em outubro vendeu a linha de pescados Coqueiro para a Camil Alimentos (por valor também não revelado), está reformulando seu portfólio de produtos no País e pretende focar seus negócios nos segmentos de salgadinhos e de biscoitos, diz Olivier Weber, presidente da divisão de alimentos para América do Sul, Caribe e América Central. A divisão é a mais significativa para a empresa no Brasil, quarta operação mundial da companhia. A área de bebidas, com as marcas Pepsi e H2OH!, soma 40% das vendas.
"Com a compra, vamos crescer de forma significativa no segmento de biscoitos no Brasil, aumentando em mais de um milhão os pontos de vendas somados", disse Weber, durante entrevista em Aparecida de Goiânia (GO), a 22 quilômetros de Goiânia. A estratégia agora será investir mais na produção e distribuição, de forma robusta, com foco na classe C, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Rosquinhas. "Minha vida é fazer biscoito e a rosquinha é o nosso símbolo maior", disse Sandro Mabel Scodro, deputado federal e filho do fundador do grupo, cujas rosquinhas começaram a ser fabricadas, por acaso, em 1959 em Mococa, no interior de São Paulo, pelos imigrantes italianos Nestore e Udélio Scodro.Sandro Mabel explicou que, do grupo de empresas, a PepsiCo adquiriu apenas as cinco fábricas de biscoitos.
Os direitos da marca Mabel também foram adquiridos pela multinacional americana. Segundo dados da Nielsen, fornecidos pela empresa, a Mabel tem participação de 7% no mercado nacional de biscoitos, que, em 2010, movimentou R$ 6,6 bilhões - 5,4% a mais que em 2009.
A família Mabel continuará dando sequência a outras atividades industriais, na área de alimentos, que incluem a operação de um moinho de trigo, ao lado da fábrica vendida. O Grupo Icatu, que tinha participação de 40% na Mabel, deixa o negócio.
Para a família, a venda vai gerar investimentos em outras empresas do grupo. Entre elas, a Gama Sucos e Alimentos (GSA), que produz refrescos em pó das marcas Refreskant e Icebel, além de incrementar as linhas de produção de macarrão instantâneo e de fomentar aquisições de outras companhias. As empresas da família (excluindo a Mabel) tiveram, em 2010, vendas líquidas de R$ 308 milhões.
Mabel também disse que uma cláusula de barreira o impedirá, nos próximos cinco anos, que venha a produzir biscoitos no País. Mas, após esse período, sua família poderá, além de produzir biscoitos, até mesmo readquirir a fábrica de Goiás, que tem 3,4 mil funcionários e, no ano passado, teve um lucro operacional líquido de R$ 462 milhões.
A PepsiCo faz planos para aumentar o número de funcionários e a produção das cinco fábricas de biscoito, enquanto expande o portfólio para 19 produtos. Além de Goiás, a Biscoitos Mabel tem fábricas nos Estados do Rio, Alagoas, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. / COLABOROU LÍLIAN CUNHA
Veículo: O Estado de S.Paulo