Companhia vai disputar mercado de alimentação fora de casa, que movimenta R$ 60 bilhões, por meio da subsidiária Keystone
Os restaurantes, hotéis, padarias e lanchonetes do país desembolsam cerca de R$ 60 bilhões em compras de alimentos a cada ano. A cifra do segmento, que tem chamado a atenção de companhias do porte de BRF, Unilever e Nestlé pelo avanço crescente, não passou despercebida aos olhos do empresário Marcos Molina, maior acionista e fundador da Marfrig. Nem poderia, ainda mais com um potencial de crescimento estimado em 81% ao longo dos próximos cinco anos, conforme dados elaborados pela própria Marfrig e pela Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação (Abia), divulgados na última sexta-feira. Dona de receita líquida de R$ 15,8 bilhões em 2010, a companhia de Molina, uma das maiores do mundo no ramo de proteína animal, finaliza os preparativos de sua estratégia para avançar no ramo.
A divisão responsável pela tarefa de conquistar espaço no mercado de alimentação fora do lar no Brasil e na América Latina é a Keystone Foods América Latina, que começará a operar de fato a partir de janeiro de 2012. As equipes estão trabalhando na organização do portfólio a ser oferecido, no desenvolvimento de produtos e na distribuição - focos da estratégia nesse momento.Umpequeno exemplo do que já está nos planos para ganhar clientela é o aumento da oferta dos chamados porcionados (cortes de carnes em porções iguais). Hoje, a Marfrig vende, por exemplo, contra-filés de bovinos cortados em tamanho similar e com o mesmo peso para alguns restaurantes. A ideia é ampliar a oferta e por isso está em estudo, a oferta de porcionados de aves.
Molina já havia anunciado, em setembro deste ano, a criação da subsidiária latina da Keystone Foods, companhia americana adquirida por ele em 2010 por US$ 1,2 bilhão. Antes do anúncio da regional, a Marfrig atendia a esse segmento no Brasil por meio da Seara e de sua divisão de bovinos. “O que fizemos foi unificar globalmente a operação de atendimento ao food service sob uma mesma marca, já que a Keystone atendia às demandas desse nicho e tem clientes globais do porte do McDonalds e do Subway”, disse Marcos Molina em entrevista ao BRASIL ECONÔMICO. “O food service é um dos negócios que mais cresce no mundo hoje”.
Mal nasceu, a subsidiária, com potencial inicial de R$ 1 bilhão anual de faturamento, conta com um leque de mil itens a oferecer. Molina lembra, inclusive, que a variedade é um forte trunfo para a companhia. Além de carne bovina, de aves, suína e de peixes, a Marfrig também comercializa outros produtos para restaurantes, como batatas. E a nova organização dará força a essa vantagem. Isso porque, além de um mesmo vendedor chegar ao cliente com uma cartilha mais extensa, se formam equipes de desenvolvimento de produtos, marketing e logística unicamente voltadas para atender a esses clientes, com estratégias mais direcionadas. “Antes da formação da Keystone Foods América Latina, o varejo e o food service eram atendidos por uma mesma equipe de vendas, da Seara e/ou da divisão de bovinos”, explica Rodrigo Vassimon, que veio da Unilever Food Solutions para comandar a divisão.
Marcos Molina não divulga o valor dos investimentos para agregar clientes à carteira atual, que conta com 14 mil estabelecimentos. No entanto, é possível saber que, por enquanto, o foco são as grandes capitais, que concentram 500 mil dos 1 milhão de clientes em potencial que há no Brasil.O maior desafio da expansão está na região Nordeste, onde a companhia ainda tem pouca participação.
Resultados trimestrais
A Marfrig quer avançar rapidamente nos principais alvos de sua estratégia para melhorar resultados. A empresa obteve prejuízo líquido nos dois últimos trimestres sendo que, no terceiro trimestre do ano, contabilizou perdas de R$ 540 milhões. O desempenho é explicado pela valorização do dólar e encarecimento da dívida. A geração de caixa, no entanto, somou R$ 367,5 milhões ante os R$ 236,7 milhões vistos no terceiro trimestre de 2010 . ■
Veículo: Brasil Econômico