Conhecida pelo tradicional pão de queijo, a mineira Forno de Minas aposta em parcerias com empresas globais para diversificar sua linha de produtos.
A receita de pão de queijo da mineira Maria Dalva Couto Mendonça, mais conhecida como dona Dalva, sempre foi muito elogiada pelos filhos. A tal ponto que eles decidiram transformar a habilidade da matriarca em um negócio. Foi assim que, em 1990, nasceu a Forno de Minas, resultado de um investimento de R$ 100 mil. A empresa cresceu e acabou despertando o apetite da americana General Mills, que pagou cerca de US$ 80 milhões por seu controle em 1999. Nas mãos dos estrangeiros, a receita “desandou”. Conclusão: a Forno de Minas acabou sendo revendida justamente aos antigos donos, em 2009. Nesse período, o mercado mudou. Mais brasileiros começaram a gastar uma fatia cada vez maior de sua renda com alimentação fora do lar. Com isso, o chamado food service, que movimentou R$ 75 bilhões em 2010, entrou em um ritmo frenético de crescimento, acima de 10% ao ano.
Para tirar um maior proveito dessa tendência, o clã Mendonça resolveu investir na diversificação, incluindo também empanados e massas prontas em seu cardápio. Mas sua mais nova aposta não sairá do tradicional forno a lenha mineiro, mas sim da geladeira. Trata-se do frozen yogurt, que virou uma verdadeira febre entre os brasileiros. Para se impor nesse mercado, a Forno de Minas fez parceria com a Kemps, maior fabricante do setor nos EUA. Na primeira fase, o iogurte com a marca Vivo&Ativo será integralmente feito nas fábricas da companhia, em Minnesota, e exportado para o Brasil. “Queremos otimizar nossa estrutura de distribuição, adicionando produtos competitivos e com maior valor unitário”, diz Hélder Mendonça, filho de dona Dalva e CEO da Forno de Minas. A política de diversificação da Forno de Minas, cujo faturamento deve chegar a R$ 100 milhões em 2011, tem o objetivo de reduzir a dependência da tradicional iguaria mineira. Em 1999, o pão de queijo respondia por 95% das vendas.
Hoje, colabora com 80%. O restante é obtido com a comercialização das linhas de empadas, waffles, empanados e folheados. A meta é chegar ao final de 2012 com metade das receitas oriundas de novos produtos. Para isso, Mendonça dispõe de R$ 40 milhões. Mais que recursos, a estratégia está centrada no estabelecimento de parcerias com fabricantes europeus e americanos para a elaboração de novas receitas. Um desses acordos deu origem à linha da torta recheada da Forno de Minas, desenvolvida por uma companhia de alimentos holandesa. A estratégia de estender a marca para uma ampla linha de produtos é considerada acertada por especialistas. “É essencial que o fabricante tenha capacidade de produção e distribuição compatíveis com o ritmo de crescimento”, afirma o consultor Ricardo Daumas, diretor de desenvolvimento de negócios em food service da GS&MD e Technomic.
Atento a essa questão, Mendonça está aumentando, em 50%, a capacidade da fábrica situada em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte. Serão mais 4,5 mil m² de área produtiva. Além disso, foi ampliada de 150 mil litros para 250 mil litros diários a capacidade de processamento do laticínio da família. Ele fornece todo o leite utilizado pela Forno de Minas. O restante é vendido para terceiros. Uma parte expressiva da capacidade fabril adicional será usada para a produção de massas frescas e pratos prontos. “O mercado mudou e temos de evoluir com ele para poder crescer”, diz Mendonça. “Sem, no entanto, deixarmos de lado o tradicional pão de queijo.” Afinal, trata-se de um nicho que não para de crescer e movimentou R$ 45,5 milhões em julho deste ano, último dado disponível, 25% a mais que o mesmo período de 2010.
Veículo: Revista Isto É Dinheiro