Produtores de tomate de Minas Gerais colheram 441,8 mil toneladas da hortaliça neste ano, volume 8,7% superior ao do exercício passado, informa a Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa) com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Boa parte deles faz uma rotação da cultura com o milho e a soja, que estão em fase inicial de plantio.
Para quem cultiva tomate, é tempo de avaliar o mercado, sobretudo o comportamento da demanda, para programar o reinício do plantio da hortaliça em janeiro ou fevereiro.
Um novo aumento da produção de tomate poderá ocorrer no próximo ano, principalmente nas propriedades onde o cultivo da hortaliça segue alternado com a produção de grãos, o que pode resultar em equilíbrio na administração das contas da propriedade. "Atualmente, a receita gerada pelas lavouras de tomate em Minas Gerais é da ordem de R$ 7 mil por hectare", avalia o coordenador estadual de Olericultura da Emater-MG, vinculada à Seapa, Georgeton Silveira.
Em Lagoa Formosa, no Alto Paranaíba, a produção alternada é utilizada em grande escala. A safra de tomate do município neste ano alcançou 28 mil toneladas (40,7% da produção regional). Agora o milho e feijão podem ser cultivados até a definição de outros espaços para a hortaliça.
"Uma das vantagens da rotação de culturas é que os resíduos orgânicos mantidos no solo depois da colheita do tomate substituem parte da adubação para o novo plantio", explica o produtor Marcos Nascimento. Ele ainda fará uma colheita da hortaliça neste ano para completar a safra estimada de 4,2 mil toneladas e em seguida vai ocupar o espaço com milho ou soja.
Alternativa - Integrante de um grupo de cinco produtores que se dedicavam exclusivamente ao cultivo de grãos no município, Nascimento enfatiza que o rodízio das lavouras é uma boa alternativa.
"Inclusive porque existe um limite para a utilização das áreas de tomate. Elas não devem atender ao cultivo da hortaliça em safras seguidas", ressalta. O produtor diz que vem obtendo resultados satisfatórios com a produção de tomate iniciada em 2010 e acrescenta que está animado com a possibilidade de aumento da receita para compensar os investimentos em tecnologia, sobretudo irrigação e adubação.
"O clima da região é um dos fatores que ajudam na produção de tomate", observa o agricultor. Neste ano, segundo Nascimento, o cultivo foi de 70 hectares. Para a próxima safra a programação é de uma área 50% maior. Ele estima que a produção deva alcançar 6,3 mil toneladas.
Além de ser destinado ao atacado e varejo de diversas regiões de Minas Gerais, o tomate também reforça a participação de Lagoa Formosa no entreposto da CeasaMinas, localizado na Região Metropolitana de Belo Horizonte. "Uma parte do produto é enviada para outros Estados, como Goiás, São Paulo e Distrito Federal", enfatiza Nascimento.
No Sul de Minas, agricultores familiares participam da produção de hortaliças com assistência da Emater-MG. Eles trabalham em terras cedidas sem custo, com o compromisso de, depois de cada safra, devolver aos proprietários as áreas enriquecidas com os resíduos orgânicos do tomate. Essas áreas serão utilizadas no período das águas para a produção de milho e outros grãos, e após a safra os pequenos produtores vão reiniciar mais um período com as hortaliças.
Positivo - José Nelson Martins é um dos 12 agricultores que se beneficiam há quatro anos do cultivo de lavouras de tomate no Sítio São João, localizado em Turvolândia e está entusiasmado com as perspectivas do produto para 2012. "Os resultados obtidos até agora são animadores", diz.
"Neste ano, colhemos em cinco hectares. Até o final de dezembro ou início de janeiro vamos fazer o primeiro plantio para a safra de 2012 e em junho o segundo, completando a ocupação de 10 hectares", prevê o agricultor.
A produção será destinada principalmente a atacadistas e varejistas de São Paulo, que parecem dispostos a adquirir até um volume maior que o previsto atualmente, acrescenta José Nelson. Ele ainda explica que, neste ano, a cotação do tomate produzido no Sítio São João variou de R$ 17 a R$ 33 a caixa de 23 quilos.
Segundo o agricultor, o grupo de produtores do Sítio São João consegue administrar os negócios sem dificuldade porque está bem organizado. "Os equipamentos de irrigação que utilizamos nas lavouras e também os insumos foram comprados em conjunto, com orientação da Emater, que ajuda também a organizar a comercialização do tomate", ressalta.
Veículo: Diário do Comércio - MG