Safra maior derruba preços da laranja no País

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O setor citricultor deve fechar a safra atual com produção de mais de 400 milhões de caixas de laranja, o que representa a segunda melhor marca em 15 anos. Tal volume traz alguma preocupação, pois o consumo de suco de laranja se estabilizou nos últimos anos na Europa e registrou queda de 25% nos EUA. Com o consumo em baixa e volume alto de produção, os preços pagos aos produtores estão quase 50% menores do que em 2010.

Valores hoje são quase 50% dos de período igual de 2010 e estariam mais baixos ainda se o governo não tivesse criado uma política de preço mínimo no setor - São Paulo

O setor citricultor brasileiro deve fechar a safra atual com uma produção de mais de 400 milhões de caixas, o que representa a segunda melhor marca dos últimos 15 anos. Este volume traz alguma preocupação, pois o consumo de suco de laranja se estabilizou nos últimos anos na Europa e registrou queda de aproximadamente 25% nos EUA. Com o consumo em baixa e volume alto de produção, os preços pagos aos produtores estão quase 50% menores do que em 2010.

Este ano, a indústria de suco brasileira recebeu ajuda do governo para garantir preços melhores aos produtores e ampliar o estoque no País. Além disso, o setor espera criar o Consecitrus até abril do próximo ano.

Tradicionalmente os produtores de laranja do País sofrem com preços baixos depois da colheita de uma safra tão grande como a atual, dado que a demanda pelo suco da fruta cai 1,6% ao ano no mundo. Entretanto, o Brasil, que atualmente possui o menor estoque do produto em 10 anos, recebeu uma intervenção do governo federal, com uma Linha Especial de Crédito (LEC) com a qual as indústrias garantiriam o preço mínimo de R$ 10 por caixa.

"O governo fez essa intervenção no mercado, no qual a empresa interessada teria que pagar pelo menos R$ 10 a caixa, para que o governo controlasse o estoque de suco excedente gerado. Sendo assim, em torno de 200 mil toneladas de suco serão estocadas pelo governo e não poderão ser vendidas", contou o presidente da Associação Nacional dos Exportadores de Sucos Cítricos (CitrusBR), Christian Lohbauer. O executivo afirmou que essa iniciativa evitará uma grande oferta ao exterior, garantindo bons preços na exportação.

Segundo o executivo, as 13 indústrias do estado mais duas arrendadas aceitaram o acordo governamental, e irão estender suas atividades até fevereiro do ano que vem para dar conta de processar uma das maiores safras da história. "Esse é um ano de supersafra, o numero oficial anterior foi de 387 milhões de caixas, contra os 377 milhões de caixas anunciados pela Conab. Mas aposto em uma safra com mais de 400 milhões de caixas. Essa é uma das maiores safras dos últimos 15 anos", relembrou.

O mecanismo usado pelo governo para equalizar a relação entre oferta e demanda, garantindo melhores preços aos produtores e a indústria, é considerado pelo setor o primeiro passo para a criação de uma instituição a exemplo do Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool (Consecana), que é uma associação formada por representantes das indústrias e dos produtores e que tem como principal responsabilidade zelar pelo relacionamento entre ambas as partes.

Lohbauer contou que essa medida inédita do governo trouxe ao setor um otimismo maior em relação a um consenso entre as partes na citricultura. "Esse é o modelo de transição para criarmos o Consecitrus. Esse modelo que o governo adotou tem dado certo, pois remunerou mais os agricultores, mesmo com uma produção grandiosa, e a indústria está conseguindo vender a bons preços no exterior", disse ele.

A expectativa é de que o modelo público de equalização dos valores da laranja, seja seguido pelo poder privado a partir de abril, data esperada para o nascimento do Consecitrus. O presidente da CitrusBR afirmou que o processo de criação da instituição está em fase final. "A partir do ano que vem queremos manter esse entendimento entre produtores e indústria de forma privada, com o Consecitrus. Agora estamos na última fase de troca de planilhas de custo; nas próximas semanas vamos marcar reuniões com produtores para discutir o assunto, e dessas reuniões sairá o consenso sobre os custos médios de um pomar competitivo, que servirá como base para definirmos os preços", garantiu.

Enquanto o setor tenta criar um consenso a respeito dos preços da laranja, o consumo mundial de suco ainda é preocupante. Segundo dados da CitrusBR, enquanto o consumo europeu está estagnado há mais de uma década, os Estados Unidos diminuíram seu consumo de suco de laranja 25% no mesmo período, e o Brasil passou de um consumo de 41 mil toneladas em 2003 para pouco mais de 45 mil neste ano. "O mercado brasileiro é importante, mas pequeno para nosso setor, e representa apenas 2% do nosso faturamento. Dos 12 litros consumidos por pessoa no Brasil ao ano, 11 são oriundos de frutas frescas. Por isso a atenção maior é no exterior", disse Lohbauer.

Para tentar retomar o crescimento do consumo no exterior, a CitrusBR lançou a campanha "I Feel Orange", ação que custou 80 mil euros (R$ 192 mil), de um total de R$ 1,5 milhão que o projeto terá até abril de 2012.


Veículo: DCI


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