A indústria de medicamentos Aché quer aproveitar o relacionamento construído com profissionais da saúde para vender protetores solares, hidratantes, cremes anti-idade e sabonetes via prescrição. A meta é transformar a marca própria Profuse, criada em março, em uma das cinco maiores do mercado brasileiro de dermocosméticos até 2016, com faturamento bruto de R$ 73 milhões. A marca deve fechar o ano na 19ª posição, com R$ 10 milhões em vendas.
"Com o lançamento de vários medicamentos genéricos, as margens do mercado farma são cada vez menores. Os dermocosméticos são uma alternativa bastante interessante porque permitem construir uma marca em um mercado em que há certa proteção e que cresce a taxas mais expressivas", afirma Marcelo Neri, diretor da unidade de prescrição do Aché.
Nos 12 meses anteriores a setembro, o mercado brasileiro de dermocosméticos somou R$ 976,4 milhões, um avanço de 18,5% em relação ao mesmo período de 2010, segundo a IMS Health, que audita o mercado farmacêutico.
O Aché já atua no mercado de dermocosméticos brasileiro em parceria com a alemã Beiersdorf. A fabricante de cosméticos, proprietária também da marca Nivea, recorreu ao Aché em 2007 para disseminar a linha Eucerin, 11ª em vendas no país. As duas empresas têm a opção de renovar a parceria em 2017. Segundo Neri, a intenção é ficar com as duas marcas no portfólio.
Para ganhar espaço no mercado brasileiro, entretanto, o Aché terá de enfrentar empresas de grande porte. A francesa La Roche Posay, a americana Stiefel e a suíça Galderma são hoje as maiores em vendas, com 49% do mercado, segundo a IMS. "Decidimos preencher uma lacuna de produtos específicos para a pele da mulher brasileira, que é mais oleosa", afirma Neri. O Aché investiu R$ 10 milhões em pesquisas para entrar nesse mercado, que estuda desde 2004.
O desenvolvimento dos produtos e o controle de qualidade da linha Profuse são feitos pela Aché, mas a fabricação é terceirizada com a K&G, em Louveira (SP). "Futuramente pretendemos internalizar a produção ou fazer alguma parceria que nos permita ter mais domínio sobre a cadeia", conta ele.
Antes disso, a empresa quer ganhar escala. Vendida em grandes redes de farmácias, a linha Profuse foi lançada com seis itens e fecha o ano com 14. A meta é chegar a 36 nos próximos cinco anos. Em paralelo aos lançamentos, a empresa trabalha para fixar a marca no mercado. O investimento em marketing somou R$ 11 milhões neste ano. A empresa treinou 20 consultoras para apresentar os produtos aos consumidores nas lojas. O preço médio dos produtos, em R$ 50, está abaixo da média das principais marcas de dermocosméticos, diz a empresa, e isso é uma forma de atrair a clientela.
Veículo: Valor Econômico